O Vasco precisará da ajuda do seu caldeirão para passar pelo Sport na semifinal da Copa do Brasil, nesta quarta-feira, às 21h50m. A missão é difícil: precisa vencer por três gols de diferença ou por 2 a 0 para levar a decisão para os pênaltis. A equipe rubro-negra teve atuação bem superior na partida de ida, na Ilha do Retiro, e poderia ter até vencido por uma diferença maior.
Na comparação feita pelo GLOBOESPORTE.COM entre as duas equipes, posição por posição, levando em consideração o momento vivido pelos jogadores, o Sport leva a melhor. Ganha por um placar de 4 a 3, com quatro empates. Também ganha no duelo de treinadores. Confira abaixo a comparação e a análise tática de cada setor.
Goleiro:
Tiago: Sua maior qualidade é a saída do gol quando fica cara a cara com um adversário, como demonstrou no jogo de ida. Ainda apresenta dificuldade nas bolas aéreas e nos chutes de longe, mas vem tendo atuações seguras. No caso de disputa por pênaltis: era conhecido como pegador de pênaltis na Portuguesa, mas ainda não confirmou a fama no Vasco. Já mostrou que sabe cobrar e deverá ser um dos batedores.
Magrão: Coincidência ou não, evoluiu após sofrer o milésimo gol de Romário, em 2007. É um goleiro frio, tranqüilo e seguro. No entanto, as bolas aéreas são um problema. No caso de disputa por pênaltis: a defesa na cobrança de Dodô pode fazer parecer que é um especialista, mas essa foi apenas a segunda vez em que defendeu um pênalti desde que chegou ao Sport, em 2005. A outra havia sido de Rogério Ceni - por ironia, um batedor assim como Tiago.
Quem leva vantagem: empate
Lateral-direito:
Wagner Diniz: Tem velocidade e arranque impressionantes e sabe usá-los para cavar pênaltis, tirando a bola do desarme do adversário no momento certo. É uma das melhores armas ofensivas do time, graças também ao fôlego e ousadia. No entanto, precisa aprender a cruzar.
Luisinho Netto: Tem o estilo oposto ao de Wagner Diniz. É preciso nos cruzamentos e nas cobranças de faltas, resultando em boa parte dos gols do time, mas tem o condicionamento físico limitado. Por vezes mostra insegurança ao atacar e arriscar uma jogada.
Quem leva vantagem: Vasco
Zagueiro central:
Vilson: Tem vigor e disposição, mas, com seu jeito estabanado, às vezes exagera nos combates, cometendo faltas duras e desnecessárias. Precisa melhorar no posicionamento.
Igor: Constante nas bolas aéreas e bem entrosado com seu companheiro de zaga, Durval. Mas é lento.
Quem leva vantagem: Sport
Quarto zagueiro:
Jorge Luiz: Tem velocidade e alguma técnica. Porém, precisa saber usar seu porte físico (1,85m) nas bolas aéreas sobre a área vascaína, como já faz no ataque. Demonstra às vezes auto-suficiência excessiva, exagerando nas subidas ao ataque.
Durval: É seguro, regular e tem boa saída de bola. Está muito à vontade no clube e tem o carinho da torcida.
Quem leva vantagem: Sport
Lateral-esquerdo:
Rodrigo Antônio: Está se tornando um curinga, sendo deslocado por várias partes do campo. E, como parte dos curingas, corre o risco de não corresponder totalmente em qualquer das posições. Tem técnica, mas é inexperiente.
Dutra: Tem um vigor físico invejável. Consegue correr os 90 minutos sem cansar. Porém, quando sobe ao ataque, se descuida da marcação e deixa espaços para o adversário atacar pelo seu setor.
Quem leva vantagem: Sport
Análise tática da defesa:
Vasco: É o setor mais fraco do time e, para piorar, começa a sofrer com as mudanças constantes. Eduardo Luiz, suspenso do jogo em São Januário, e Jorge Luiz já tiveram diferentes companheiros. E a defesa - o que inclui os laterais - precisará estar bem treinada caso seja mesmo adotado o esquema 4-4-2. O torcedor ainda sofrerá muito devido à falta de um zagueiro mais experiente para comandar o setor.
Sport: É o setor mais constante do time. Igor e Durval estão entrosados, e os laterais sabem apoiar. Luisinho Netto é especialista nas jogadas de bola parada, e Dutra é o pulmão do time. Tanto jogando dentro de casa, quanto fora, o posicionamento da retaguarda do Leão não muda. Igor e Durval ficam plantados, dando liberdade para os laterais.
Primeiro volante:
Jonílson: Corre o tempo todo e se desloca constantemente, sofrendo por ter de cobrir os espaços deixados por Leandro Bomfim e Morais. No entanto, tem o passe ruim, prejudicando a ligação entre defesa e meio-campo.
Sandro Goiano: É o homem de confiança do técnico Nelsinho Baptista e o cão de guarda da defesa. Tem ótimo fôlego e um bom passe. Contudo, o excesso de disposição faz com que cometa faltas muitas vezes desnecessárias.
Quem leva vantagem: empate
Segundo volante:
Pablo: Saiu da ala esquerda, onde vinha funcionando, e passou a entrar no time como volante. Já mostrou ter personalidade, tem bom passe e sabe desarmar, embora não tenha o ímpeto de Jonílson.
Daniel Paulista: Muito bom na marcação, ainda que seja inconstante. Em certos momentos se desliga da partida e passa a errar muitos passes, mas vem tendo boas atuações.
Quem leva vantagem: Sport
Meia:
Leandro Bomfim: Depois de muito tempo, vai jogar em sua posição de origem. Como tem bom passe, terá chance de se redimir das atuações apagadas como volante, posição na qual tem dificuldade de exercer marcação e se sente preso para atacar.
Everton: Corre o tempo todo. Tem fôlego impressionante, sendo sempre o primeiro nos testes físicos do Sport, e é bom na marcação. Por vezes gosta de enfeitar uma jogada e acaba errando passes bobos, prejudicando o time.
Quem leva vantagem: empate
Meia:
Morais: Tem habilidade, muita disposição e ótima visão de jogo. No entanto, às vezes atrapalha a dinâmica do time ao conduzir demais a bola. E terá de superar a fama, entre torcedores, de não ser decisivo em momentos importantes.
Romerito: É o craque do time. Jogador versátil, do meio-campo para o ataque atua em qualquer posição e com qualidade. Chama a responsabilidade.
Quem leva vantagem: empate
Análise do meio-campo:
Vasco: Embora a zaga seja o setor mais crítico, é o meio-campo do time, com suas oscilações, que determina se o time vai bem ou mal. No primeiro jogo contra o Sport, foi muito mal. A equipe tem dificuldade em fazer a ligação da defesa com o meio e depende de Morais para armar as jogadas de ataque. Nas últimas partidas, tem sido um setor estático, obrigando Edmundo e principalmente Leandro Amaral a voltarem muito para buscar jogo.
Sport: Sandro Goiano e Romerito são as peças mais importantes do time. É evidente a queda de rendimento da equipe quando um ou outro não está em campo. O setor mescla marcação e criatividade na mesma proporção, porém o excesso de faltas compromete.
Atacante:
Edmundo: Tem se destacado pela ótima visão de jogo, o que faz com que se torne muito útil quando recua para o meio-campo. Também vem concluindo bem a gol, mas precisa abrir mão das cobranças de falta, que nunca foram o seu forte.
Carlinhos Bala: Tem velocidade e inteligência. Sabe se desmarcar e abrir os espaços na defesa adversária, mas chuta pouco a gol.
Quem leva vantagem: Vasco
Centroavante:
Leandro Amaral: O tempo que ficou sem jogar não alterou seu estilo de muita movimentação. É habilidoso e não tem medo de arriscar um lance ou mesmo recuar para armar uma jogada de ataque.
Leandro Machado: É experiente e tem faro de gol. Entretanto, pela idade, não tem estrutura física para agüentar 90 minutos.
Quem leva vantagem: Vasco
Análise tática do ataque:
Vasco: A vontade de Antônio Lopes de repetir o estilo da dupla campeã brasileira de 1997 parece mais perto agora de ser realizada. Edmundo vem desepenhando o papel que era de Evair naquela época, mas Alan Kardec não tinha como ser o Edmundo de 1997. Leandro Amaral tem habilidade e velocidade para isso e sabe aproveitar a inteligência do companheiro.
Sport: A dupla Bala e Machado se completa. Enquanto um abre os espaços na defesa adversária com a sua velocidade, o outro, mais experiente, conhece os atalhos para se posicionar e marcar os gols. No entanto, Leandro já não tem o preparo físico de seu companheiro e cai de rendimento no segundo tempo.
Treinador:
Antônio Lopes: Seu histórico tem mais conquistas do que o do adversário, mas ainda não chegou à formação ideal do Vasco, tanto é que ainda decide quem escalar na lateral esquerda. Precisa fazer com que o time jogue com personalidade quando atua fora de São Januário, o que até agora não aconteceu.
Nelsinho Baptista: Transformou o Sport em uma das maiores surpresas desse início de temporada. Ganhou o Pernambucano com um pé nas costas e eliminou os favoritos Inter e Palmeiras da Copa do Brasil, com boas atuações fora de casa e sabendo aproveitar o mando de campo. O fator negativo é o excesso de faltas cometidas pela equipe, primeira colocada no Brasileirão nesse ranking.
Quem leva vantagem: Sport