Movimento que deseja convocar Assembleia Geral Extraordinária espera ter número mínimo de apoio até janeiro.
A cobrança ao presidente Jorge Salgado pelo mau desempenho do futebol tem dois vieses no Vasco. Se a coleta de assinaturas de sócios para levar à votação a destituição do dirigente avançou, a convocação do mesmo para dar explicações no Conselho Deliberativo parou por falta de apoio.
No começo de novembro, grupos políticos de oposição distribuíram um abaixo-assinado defendendo a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para o associado decidir pela deposição de toda a Diretoria Administrativa comandada por Salgado - o pedido também abrange as saídas do presidente e do vice do Conselho Deliberativo. À época, o número de sócios estatutários adimplentes que concordaram com a ideia era de 300. Agora, subiu para 700, segundo os organizadores, o que beira os 30% do necessário.
O grupo político ArquibaVasco, recentemente, passou a apoiar o movimento, iniciado por Identidade Vasco, Fuzarca, Time da Virada e Imortal. Nos últimos dois sábados, os líderes da ação fizeram plantão em São Januário para conseguir mais assinaturas. Além da coleta física, quem tiver interesse pode fazê-lo de maneira online.
- Estamos trabalhando de maneira híbrida. Devemos manter a mobilização aos sábados em São Januário, com possibilidade de avançar para cidades próximas ao Rio. Além disso, temos um formulário online. Nos dois casos, pegamos os dados e os documentos (RG, CPF, matrícula do clube...) do sócio para atender ao requisitos legais e impedir contestações futuras - explicou Mauricio Cardoso, do Imortal.
Os motivos elencados para defender a destituição de Salgado vão desde o mau desempenho do futebol a questões administrativas. A estimativa é de que o número mínimo de assinaturas seja alcançado em janeiro.
No Conselho Deliberativo, a situação é diferente. A Sempre Vasco, grupo político de Julio Brant, também no começo do mês, iniciou uma mobilização para convocar o presidente Salgado a dar explicações sobre o trabalho do futebol, que culminou com a manutenção do time na Série B. Só que ela não avançou até o momento por falta de apoio político.
- Somente um conselheiro da maioria (situação) da topou participar. A carta é simples e só cobra esclarecimentos sobre os resultados em campo, o pior capítulo esportivo da história do Vasco. A base política está blindando o Salgado para evitar que ele preste esclarecimento. Ele tem que esclarecer o que aconteceu para torcida vascaína. A torcida merece essa resposta. Tem que saber porque um clube com a folha de aproximadamente R$ 4 milhões tem esse resultado pífio (a folha do Vasco é de R$ 2,5 milhões, com mais R$ 1 milhão para pagamento de acordos, segundo estimativas do departamento de futebol). Não temos muito o que fazer. Dependemos da boa vontade dos conselheiros do grupo do Salgado para aderir ao movimento. - disse o conselheiro Eduardo Cassiano, membro da Sempre Vasco.
Até o momento, 31 conselheiros assinaram o pedido de convocação - o número de 41, divulgado anteriormente, continha conselheiros e sócios. Pelo desempenho na última eleição, a Sempre Vasco conquistou 30 cadeiras. O restante é da Mais Vasco, o grupo que elegeu Salgado. Conforme o artigo 76 do estatuto, o mínimo necessário para convocar uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo é de 60 assinaturas. Só assim Carlos Fonseca, presidente do Conselho Deliberativo, convocaria a sessão.
Grupos visa assinatura de 20% de associados adimplentes
Os defensores da convocação da AGE objetivam recolher de 2,5 mil a 3 mil assinaturas. Isso porque é necessária a adesão de pelo menos 20% de associados com direito a promovê-la, segundo o que determina o Código Civil nos artigos 59 (I) e 60. Caso o número seja alcançado, o presidente da Assembleia, Otto Carvalho, teria de convocá-la.
Atualmente, na seção "Transparência" do site Sócio Gigante, o clube informa que dispõe de 13.078 sócios estatuários. Desta forma, os 20% correspondem a 2,6 mil associados. Na última eleição, pouco mais de oito mil estavam aptos a voto.