A desconfiança que pairou sobre Edmílson até o fim do ano passado acabou faz tempo. Ainda não chega a ser um ídolo da torcida, mas pelo menos selou de vez sua sintonia com as arquibancadas nesse domingo, ao ser o herói do triunfo sobre o Fluminense que deu ao Vasco a classificação para a final do Campeonato Carioca, contra o Flamengo. Há dez anos fora do país, o próprio atacante não sabia como seria sua readaptação. Hoje, já são 21 gols em 47 partidas - em várias delas saindo do banco de reservas. E de todos os jeitos, com apenas um regra: ser de dentro da área. A versatilidade se alia à regularidade em números que, se olhados a fundo, impressionam.
O artilheiro cruz-maltino balançou a rede cinco vezes com o pé direito, três com o esquerdo e outras três de cabeça - que nunca foi sua especialidade. Edmílson não era centroavante até os últimos anos de Japão, quando, segundo ele, com a experiência dos atalhos no ataque, passou a fazer mais gols. À exceção do jejum de cinco jogos no meio da Taça Guanabara, não passou mais de uma rodada sem deixar sua marca desde janeiro. E conteve o ímpeto de Thalles, garoto que fez quatro na competição e tem a efetivação pedida pela torcida a Adilson Batista.
Se confirmar o título de principal goleador do Rio - ainda em disputa direta com Alecsandro, do Flamengo, que tem um a menos -, Edmílson será o terceiro do Vasco no século e se unirá a Valdir (fez 14, em 2004, ano da última final do clube no Carioca) e ao próprio rival na corrida, que em 2012 anotou 12 com a camisa cruz-maltina. Só que Alecsandro é reserva de Hernane.
No gramado, diante do Fluminense, Edmílson não poupou esforços. Foi, com Everton Costa, um incômodo constante para a zaga tricolor e ajudou na marcação da saída de bola tricolor. Acabou premiado com o gol de cabeça no fim do primeiro tempo. Antes de sair, reclamou de dores musculares logo após um carrinho que evitou um lançamento e foi ovacionado.
Aliás, o gol que marcou neste domingo selou a eliminação de um amigo, Diego Cavalieri, que conhece desde os tempos da base no Palmeiras. Ele também marcou contra o amigo no clássico há duas semanas, pela fase de classificação. A amizade começou há 17 anos, quando Edmílson deixou a Bahia para jogar na base do Palmeiras e foi acolhido pela família Cavalieri.
Ao deixar o gramado do Maracanã neste domingo, Edmílson procurou dividir os méritos de um início de temporada acima da média. Especialmente com a torcida, que não compareceu em grande número (foram menos de 20 mil presentes na semifinal), mas apoiou.
- A vitória é do grupo, não fiz sozinho. Todos foram bem hoje. Agradecemos à torcida por acreditar na gente mesmo com tudo o que aconteceu no ano passado. Tem que descansar, não tem nada decidido. Mas falta pouco. O mais importante é que é uma decisão em que estamos e tudo pode acontecer - disse o camisa 7.
Em entrevista coletiva depois da partida, o técnico Adilson Batista elogiou a movimentação do atacante, algo corriqueiro no dia a dia de São Januário.
- É um jogador importante, hoje teve uma participação efetiva, tentou fazer o trabalho de pivô e foi decisivo.