Chamado de \"rei\" pela torcida do Vasco, clube que defendeu de 1995 a 2000 e pelo qual foi campeão brasileiro (97 e 2000), Carioca (98), da Libertadores (98), Rio-São Paulo (99) e da Mercosul (2000), Juninho Pernambucano acaba de completar a sua sétima temporada no futebol da França. E de conquistar seu sétimo título francês consecutivo. Respeitado e admirado, Juninho conta, nesta entrevista exclusiva, que já admite a possibilidade de encerrar a carreira na França e até seguir morando lá após a aposentadoria.
O Vasco ainda está no seu coração, mas o clube do qual ele um dia já quis até ser presidente parece agora mais distante. Os motivos: a "violência dentro e fora de campo no futebol brasileiro" e a "vaidade entre os jogadores". Aos 33 anos, Juninho, com a boa forma técnica e física de sempre, reitera que a seleção brasileira não faz mais parte dos seus planos.
O GLOBO ONLINE: Dos sete títulos na França, qual foi mais especial?"
Todos foram especiais. O primeiro pelo ineditismo. Este último foi complicado por que perdemos muitos jogadores importantes e passamos por fases mais difíceis. Tem seu valor, igual a qualquer um dos outros.
Quais são seus planos a partir de agora? Pretende ficar no Lyon até quando?
Tenho contrato aqui até 2010 e quero cumpri-lo. O Lyon me dá boas condições e agora quero é vencer a Copa da França no sábado, para fecharmos com chave de ouro a temporada.
Você tem vontade de continuar morando na França depois de se aposentar do futebol?
É uma situação que ainda não sei. Claro que sinto falta do Brasil, da minha terra e de minha família, mas já recebi convites para ficar aqui e fazer parte do clube em algum tipo de atividade. Adoro a área de administração esportiva e acho que posso ser uma pessoa útil ao futebol. Mas vocês querem me aposentar já? (risos) Quero jogar ainda por algum tempo. Tenho prazer e alegria, além de boa saúde.
Você admite voltar ao futebol brasileiro um dia? E ao Vasco?
Já pensei mais. Acho que o Brasil precisava melhorar muito para que eu retornasse. Vejo que as coisas evoluem com um campeonato repetido em sua fórmula por alguns anos, o que mostra mais organização e investimentos em equipes de ponta. Mas vejo as mesmas situações de violência dentro e fora do estádio, clubes que não pagam em dia, vaidades... Tudo isso me faz pensar demais. Aqui não temos nada disso.
Quanto ao Vasco, é o meu clube de referência. Fiz minha carreira lá e gostaria de dar um dia uma contribuição e retribuição a todo o carinho desse povo. Mas precisamos ver qual caminho a seguir. Hoje tenho contrato aqui, estou feliz, sou campeão e pensar nesta possibilidade hoje é estar enganando as pessoas, principalmente a grande torcida do Vasco, com quem tenho uma relação de amor e carinho recíproco.
Sport e Vasco, os dois clubes que você defendeu no Brasil, fazem a semifinal da Copa do Brasil. Por quem você vai torcer?
Quer me complicar? Torço por um grande jogo (risos).
Faltam pouco mais de dois anos para a Copa do Mundo de 2010. Você já deu adeus à seleção, mas admitiria voltar atrás e lutar por uma vaga?
Acho que a hora agora é dos mais jovens. Não acho que posso voltar à seleção com esta facilidade. O Dunga e o Jorginho vêm fazendo um grande trabalho e se me chamassem, teria que conversar com eles. Mas acho que agora a chance é nula. A seleção me deixou um pouco frustrado pelo que houve em 2006.
Qual é o título que você mais sente falta: da Copa do Mundo ou da Liga dos Campeões?
Esta é uma boa pergunta. A Copa do Mundo talvez seja a mais sentida porque acho que não vou ter nova chance. Já a Liga dos Campeões é diferente, pois ano que vem vamos chegar com muita força e posso ainda conquistá-la.