Às vésperas de reassumir a vice-presidência de Esportes Náuticos do Vasco, Antônio Lopes Campos Lourenço, que já esteve no cargo em períodos diferentes nas décadas de 80 e 90, sabe que terá de trabalhar muito para reconstruir, na sede da Lagoa, o esporte que deu origem ao clube, o remo. Ciente de que as verbas andam reduzidas e de que, num primeiro momento, a nova diretoria do presidente Eurico Miranda deverá priorizar o futebol, Antônio Lopes Lourenço quer promover a busca por novos talentos, de preferência nas vilas olímpicas das comunidades carentes do Rio.
— Penso em tentar trazer os jovens e os negros das comunidades carentes do Rio. Acho que ainda há certo preconceito com remadores negros, mas nosso clube, historciamente, não tem nem pode ter preconceitos. Se conseguirmos revelar talentos nessas comunidades carentes, poderemos conseguir transporte para que venham treinar na Lagoa.Isso teria um fundo social enorme — declarou ele, lembrando as origens miscigenadas do povo brasileiro. — A ideia é que estas crianças estudem no Colégio Vasco da Gama, em São Januário, e que lá se formem como atletas e cidadãos. Eles poderão também passar a residir no alojamento da Sede Náutica da Lagoa.
No entender do dirigente, a prioridade do remo no momento será a de saldar dívidas (que chegariam a sete meses de atraso com atletas) e investir forte nas divisões de base.
— Pretendemos ir às vilas olímpicas fazer palestras sobre o remo. Nossos técnicos (Marcos Neves e Alexandre Lavadeira) são bem capacitados paa isso. Seria algo inovador — disse. — Al´pem disso, também queremos buscar talentos catarinenses e gaúchos (nesses estados nasceram vários remadores de destaque no país). Poderíamos, noutro momento, buscar atletas também em cidades como Belém e Manaus mas devemos cuidar da questão da distância, porque sempre é bom que os remadores recebam visitas das famílias. Nossa ideia é que, em sendo as Olimpíadas em 2016, o nosso remo esteja forte até lá.
Segundo o técnico Marcelo Neves, a busca por talentos terá início em Pavão e Pavãozinho, Rocinha, Vidigal e Dona Marta, indo depois a Zona Norte e Baixada.
— A comissão técnica vai às comunidades levando remoergômetros, aparelhos que simulam a remada, para os jovens tomarem conhecimento. Estes jovens virão à nossa sede náutica para testes, e mesmo antes disso, basta que alguém me procure na garagem de barcos do nosso clube. A intenção é incluirmos 100 crianças, sendo 40 meninas — afirmou Neves, esperançoso em captar patrocínios para projetos de lei de incentivo já aprovados.
Além de investir na base, o clube terá de buscar atletas mais amadurecidos e também comprar barcos. Assim como remadores de seleção custam caro, Antônio Lopes Lourenço está a par das dificuldades que no momento atual ele teria para importar uma flotilha alemã da marca Impacher, a melhor do mundo.
— Nós precisaríamos, atualmente, de 13 novos barcos, o que custaria cerca de 1 milhão de euros, ou R$ 3,4 milhões. Poderíamos tentar adquirir embarcações italianas ou canadenses, mas quando um atleta brasileiro vai competir no exterior com um barco alemão, isso é algo que lhe dá outra força — explicou Lopes Lourenço.
O dirigente também espera captar recursos por meio de projetos de leis de incentivo, desde que o clube consiga manter suas Certidões Negativas de Débito, e estuda a possibilidade de uma campanha de crowdfunding (financiamento coletivo ou vaquinha), por meio da internet, para auxiliar em outras necessidades do remo. Ele acha pouco provável conseguir patrocínio específico para essa modalidade. Espera, porém, que se o Vasco obtiver um patrocínio master (o atual é a Caixa Econômica Federal) para o futebol, um percentual deste apoio se destine também ao remo.
— O remo do Vasco tem 47 títulos estaduais e alguns brasileiros, e por isso, tem de voltar a ser forte — enfatizou Lopes Lourenço, que lamenta até hoje a saída de sua ex-atleta Fabiana Beltrame. — Ela deixou o Vasco quando eu saí do cargo, em 2008. Sempre tive grande carinho por ela e pelo Gibran Vieira (marido de Fabiana e também remador). Ela já foi campeã mundial, e seria um sonho trazê-los de volta para o Vasco.
No basquete, Fernando Lima, novo vice de Quadra e Salão, reiterou que o clube vai buscar recuperar-se nesta modalidade e fazer uma equipe de alto nível. Antes, porém, vai lançar dentro de duas semanas uma campanha de crowdfunding (financiamento coletivo) pela internet, no sentido de levantar junto à torcida R$ 120 mil para reformar o ginásio principal de São Januário, cujo piso atualmente é de cimento, totalmente inadequado a jogos de basquete, vôlei e futsal. Na reinauguração, serão convidados ex-astros como Charles Byrd e Vargas, para uma partida de veteranos. Uma ideia é a de divulgar videos em que atletas e ex-atletas irão pedir o apoio aos torcedores. Segundo o conselheiro Bernardo Egas, a campanha deverá se chamar “DNA Vasco”, lembrando que o estádio de futebol foi edificado também por meio de uma campanha popular junto aos torcedores, entre 1926 e 1927. As cotas da campanha pelo ginásio deverão variar, a partir de R$ 50, e é possível que algo semelhante seja feito para reformar o Parque Aquático.