Futebol

Renato Gaúcho: Eurico é odiado e isso prejudica quem está no Vasco

Os livros nunca foram os melhores amigos de Renato Gaúcho, que desistiu da escola antes de completar o segundo grau. Aprendeu tudo o que sabe nas páginas da vida. Não fez curso para técnico, não usa recursos tecnológicos nem se inspira em livros de auto-ajuda para motivar os jogadores. É seu carisma pessoal e o passado de conquistas que fazem a cabeça de todos.

Ex-padeiro nascido em Guaporé (RS), em janeiro de 1962, apesar de comemorar aniversário somente no dia 9 de setembro, data em que foi registrado pelo pai, Renato foi à luta para vencer na vida e ajudar seus 12 irmãos. Simpático, bonitão e falante, o craque revelado pelo Grêmio foi se destacando também fora de campo.

“Meu carisma é minha inspiração. Não sou uma pessoa fabricada. Minha verdade e história de vida fazem a diferença na hora de motivar os jogadores. Não precisei ler nos livros o que aprendi na profissão”.

Esse conhecimento de vida foi fundamental para trabalhar a recuperação do goleiro Fernando Henrique, do volante Fabinho e do atacante Adriano Magrão, trio perseguido pela torcida. Em apenas 45 dias, transformou um grupo desacreditado em vencedor, com muito trabalho em campo e falação fora das quatro linhas. “Mas não adianta só falar, porque palavras voam com o vento. Tem de fazer a coisa entrar na cabeça do jogador”, ensina.

Quando colecionava títulos como jogador, tentava resolver tudo sozinho. Com a barriga, deu um título para o Fluminense. Como técnico, aprendeu a trabalhar com a cabeça e o coração. E a administrar os problemas e vaidades pessoais de cada jogador, num grupo de 36.

“Converso com todos juntos e depois com cada um em particular. É impossível agradar a todos, mas sou muito sincero, não gosto de trairagem e todos acreditam quando falo que nome não ganha vaga no meu time”.

Além do trabalho árduo, Renato acredita na força da fé e do pensamento negativo. Em quase dois anos de Vasco, perdeu a Copa do Brasil para o arqui-rival Flamengo e a vaga na Libertadores na última rodada do Brasileirão de 2006. Hoje, acredita que a força negativa dos antivascaínos atrapalhou a sua vida.

“Eu gosto do Eurico Miranda, mas reconheço que ele é odiado por muita gente, que torce contra o Vasco. Isso é muito ruim e prejudica quem está lá”, acredita.


Aliás, ao perder o título no ano passado, economizou R$ 3 mil. Este seria o ‘bicho’ que havia prometido à filha, Carolina, de 13 anos.
Quando foi para o Fluminense, teve de refazer a promessa. A partir daí, foi sufocado pela filhota, que dava palpite na escalação e até conselhos para armar o time. Tudo de olho em sua premiação.

“Ela é fogo. Mandava eu recuar para garantir a vitória, rezava, torcia. E me lembrava da grana sem parar”, diverte-se. “Depois do título, ela me telefonou para dar os parabéns e lembrar que iria ao shopping gastar o dinheiro”.

Seu contrato, que termina somente no fim do ano que vem, deve ser prolongado, nos próximos dias. Sua próxima meta é elaborar o planejamento para ganhar a Copa Libertadores. Depois, pretende lutar pela vaga de técnico da seleção brasileira. Para quem, ainda pequeno, botava a mão na massa para fazer pães, e ganhou fama e fortuna no futebol, não deverá ser tarefa impossível. “Eu vou chegar lá”, avisa.

Fonte: O Dia Online
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