Papo com Rafael Marques
Hoje dou início a uma série de três entrevistas com grandes comunicadores do rádio brasileiro: Rafael Marques, Áureo Ameno e Washington Rodrigues (Apolinho).
Começo com Rafael Marques, jovem e excelente repórter da Rádio Globo e, por vezes, comentarista do \"Mesa Redonda\". Rafael, que foi bastante atencioso, conta um pouco de sua experiência no Rádio e fala sobre situações curiosas. Confira a entrevista!
Em que momento da sua vida você decidiu que seria jornalista esportivo?
Com 12 anos, ou talvez menos. A paixão pelo futebol e pelo rádio aflorava, e eu não me enxergava fazendo outra coisa na vida. Tive um pouco de resistência em casa, porque meu avô não gostava da imprensa. Mas depois ele me apoiou e já em 1992, com 13 anos, eu entrava na ETEC para fazer segundo grau técnico em publicidade e dar início efetivamente à minha carreira.
Qual foi sua primeira grande decepção na carreira? E a primeira grande emoção?
Na verdade, eu não tive grandes decepções na carreira, aquelas capazes de nos fazer pensar em desistir da profissão, por exemplo. Eu tive, talvez, decepções como torcedor. Uma delas foi no Mundial de Clubes em 2000. Eu trabalhava na Rádio Brasil e fui escalado para cobrir a decisão Vasco x Corinthians nas arquibancadas, entrevistando torcedores. Ter sido testemunha ocular daquele pênalti que o Edmundo perdeu foi muito frustrante. E a primeira grande emoção também foi no ano 2000. Eu fiz a cobertura dos 50 anos do Maracanã, e o Pelé chegou ao estádio de helicóptero na hora que o \"Momento Esportivo\", da Rádio Brasil, estava no ar. Ao vivo, descrevi todos os passos do Pelé, cercado de uma multidão de seguranças, e no final consegui coloca-lo ao vivo no programa e registrar as poucas palavras que ele deu após ter cortado o bolo do aniversário do estádio. Nenhuma outra rádio colheu esse depoimento, todos os repórteres foram desistindo mediante as dificuldades. Mas eu persisti e fui recompensado. Jornalismo é isso
É, realmente, muito \"complicado\" cobrir o Vasco da Gama? Relembre algum fato interessante...
Não tem nada de complicado, o que existe de fato é uma série de restrições com as quais o profissional tem que saber conviver. Eu costumo dizer que o Vasco é um clube que exige criatividade do repórter que o cobre. Você corre o risco de chegar no treino e ninguém dar entrevista. Daí a necessidade de desenvolver pautas alternativas, preparar matérias personalizadas que independam da demanda do clube. Como nas três semanas da lei da mordaça, em 2005. Entrevistei o patrocinador do Vasco sobre a falta de exposição da marca na mídia, ouvi ex-jogadores revoltados com o momento do time, torcedores ilustres, parentes de jogadores, esportistas de outros clubes e modalidades, sempre com a preocupação de elaborar um material alternativo.
Você acha que o Eurico Miranda acredita em todas as polêmicas que ele provoca, ou às vezes é pura provocação mesmo?
Não, não acho, penso que ele próprio sabe quando passa dos limites racionais. Muitas vezes ele provoca para vender o jogo, principalmente em semana de clássico, mas ultimamente ele anda mais light em relação à esse comportamento também.
Quem é o seu grande ídolo na profissão?
Como ouvinte, eu tive vários ídolos, profissionais que contribuíram para o amadurecimento do meu desejo de ser repórter esportivo. Mas é difícil, pelo menos pra mim, citar nominalmente, até porque não houve um grande nome de referência. Agora, profissionalmente, quatro pessoas foram e são determinantes na minha escalada: Felippe Cardoso, Eraldo Leite, Wagner Menezes e Francisco Aiello. Além de mestres, foram meus padrinhos de casamento e contribuíram, cada um com o seu percentual específico, para o meu crescimento profissional.
Quem é o seu grande ídolo na profissão?
Como ouvinte, eu tive vários ídolos, profissionais que contribuíram para o amadurecimento do meu desejo de ser repórter esportivo. Mas é difícil, pelo menos pra mim, citar nominalmente, até porque não houve um grande nome de referência. Agora, profissionalmente, quatro pessoas foram e são determinantes na minha escalada: Felippe Cardoso, Eraldo Leite, Wagner Menezes e Francisco Aiello. Além de mestres, foram meus padrinhos de casamento e contribuíram, cada um com o seu percentual específico, para o meu crescimento profissional.
Como vocês conseguem compensar a falta de imagem no rádio, transmitindo a mesma, ou até maior, emoção nas transmissões esportivas?
Isso é uma das tarefas mais simples, mesmo porque nós temos o rádio \"na veia\", fomos ouvintes qualificados, recebemos o bom rádio e assumimos a tarefa de propaga-lo. Digamos que é um dom natural, que se lapida e amadurece com a prática bem repetida.
Às vezes, o imediatismo do rádio atrapalha?
Não, muito pelo contrário. O profissional só não pode confundir imediatismo com afobação. É imprudente jogar uma notícia no ar sem a devida checagem, a apuração minuciosa daquela informação. A partir do momento em que você atestadamente sabe o que vai dizer, essa característica radiofônica só é salutar, até no sentido de qualificar o improviso, o \"jogo de cintura\", a agilidade, elementos de suma importância para a fluência da carreira do repórter.
Você já cometeu alguma gafe engraçada na Rádio? Conta pra gente...
Já, algumas, sendo que a mais engraçada ocorreu no carnaval de 2004. Eu cobri, na terça-feira, meio de ressaca, os blocos carnavalescos da zona sul do Rio de Janeiro desde as 14 horas. No último flash, perto de 20h50, na CBN em Rede Nacional, me pediram para fazer um resumo de tudo que eu havia acompanhado. Cansado e desconcentrado, entrei no ar e comecei a falar. Num dado momento, ao listar os carnavalescos ilustres que fizeram parte da festa, inclui o nome do Cartola. Só que ele já morreu há algum tempo... até hoje não sei de onde tirei que ele estava no tal bloco.