O retorno que têm recebido de governos estaduais faz com que CBF e clubes adotem agora pessimismo quanto à volta de público aos estádios a curto prazo. Havia articulação, iniciada em agosto, para uma reabertura de portões na Série do Brasileiro que viesse a minimizar o prejuízo na organização dos jogos — há partida em que o gasto de um clube chega a quase R$ 200 mil, com zero de receita sem venda de ingresso ou sócio-torcedor.
Mesmo estados que estão em processo de reabertura da economia que levava a crer que poderia haver uma negociação mais tranquila para facilitar a liberação de pelo menos 30% dos assentos dos estádios, como o Ceará e a Bahia, agora sinalizam que não devem permitir acesso até o fim de 2020.
Em agosto, a ideia da confederação brasileira e dos participantes da Série A era tentar viabilizar o retorno para o começo de novembro, coincidindo com o início do segundo turno da competição.
Aconteceu que o Rio de Janeiro antecipou isso e em setembro governo e prefeitura liberaram a reabertura dos portões para outubro. Isso gerou reação de clubes de outros estados, que pediram isonomia, ou seja, que a torcidas voltassem aos jogos ao mesmo tempo em todos os lugares.
A CBF reagiu e, após votação entre os participantes, vetou a presença de público em suas partidas. A liberação no Rio e todo o desgaste gerado com clubes foi avaliado internamente na confederação como fator que complicou a negociação com alguns estados, preocupados com a repercussão negativa gerada pela decisão fluminense.
Hoje CBF e clubes não trabalham mais com datas, mesmo que nos bastidores se avalie que dificilmente teremos públicos no estádios em 2020 e, numa previsão mais pessimista, até o campeonato acabar, no fim de fevereiro.
Governantes avisaram que o início da vacinação pode ser ponto fundamental para liberar eventos que aglomerem muitas pessoas — 30% de capacidade de um estádio com 60 mil lugares, por exemplo, permite cerca de 20 mil torcedores.
O problema aí é que a CBF esbarrará novamente na isonomia, já que cada estado terá períodos diferentes de vacinação mesmo se a medicação estiver pronta até janeiro, como indicam algumas pesquisas. A confederação continuará se reunindo quinzenalmente com os clubes para tratar do assunto.
Já a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) acompanha de perto todas essas negociações porque gostaria de ter em sua final única da Libertadores, provavelmente em 23 de janeiro, parte do Maracanã ocupado por torcedores ou ao menos camarotes com convidados VIPs e patrocinadores.