Ricardo Gomes avisa: "O Vasco terá em breve dois na Seleção"

Ricardo Gomes raras vezes foi tão falante no celular. Introvertido por natureza, dessa vez ele estava bem mais confortável do outro lado da linha, ao atender a coluna para uma conversinha curta, mas um pouco mais longa do que a distância que separa o Vasco do São Paulo, vice-líder do Campeonato Brasileiro.

O Vasco enfrenta o Bahia somente amanhã, mas, para o treinador e a torcida, é como se o jogo começasse hoje. Afinal, se Flamengo e São Paulo tropeçarem na rodada, o time de Ricardo Gomes entra em campo já com chance de assumir a sonhada vice-liderança da competição.

E isso não basta. O técnico cruzmaltino quer trabalhar forte para que, a exemplo de Dedé, mais um jogador do Vasco possa em breve vestir a camisa da seleção brasileira. Essa não é uma aposta de Ricardo Gomes. É uma certeza.

Mas nem tudo é tão certo para o treinador quanto os dois pontos que separam seu time do São Paulo. Se o assunto é o título brasileiro, Ricardo finalmente hesita, botando um freio na euforia dos mais otimistas. Para ele, escaldado, somente em mais 10 rodadas será possível fazer previsões.

O que não significa que o treinador está pouco se importando com o título. A conquista da Copa do Brasil deu-lhe segurança e, também, a certeza de que é possível continuar indo longe. Ricardo Gomes não mede a distância. Apenas vai seguindo...

MARCA BRASIL: Não é surpreendente que, mesmo com a vaga na Libertadores, o Vasco não tenha relaxado no Brasileirão?

Ricardo Gomes: Não pode haver relaxamento, não. É p... dentro. Não podemos ficar pensando na Libertadores do ano que vem. Temos que pensar no Campeonato Brasileiro de hoje. O problema é que é difícil manter a regularidade nessa competição. E, se o Vasco perder a regularidade, vão dizer que o time relaxou. Mas isso acontece com todos os clubes nessa competição tão longa.

MB: O Vasco tem time para ser campeão brasileiro?

RG: Também não é assim. Não dá pra falar ainda em título. Precisamos esperar mais umas dez rodadas e somente então saberemos quem está de fato nessa briga.

MB: Como você define o Vasco de hoje?

RG: O Vasco está se fortalecendo. Temos dois jogadores que já estão em outro patamar, o Felipe e o Juninho. O Juninho, por sinal, tem sido um exemplo para todos... E os outros estão com fome de títulos, de olho na seleção brasileira e querendo fazer história no clube.

MB: A fase é tão boa que o clube voltou a ceder um jogador, Dedé, para a Seleção. Ele merece?

RG: Merece. E vou cantar a pedra: o Vasco terá um segundo jogador na Seleção. Ainda vou brigar para botar um terceiro lá, mas aí já é outra questão.

MB: Seria o outro zagueiro, Anderson Martins?

RG: Não vou dizer pra você se é o Anderson Martins ou não. Só digo que em breve serão pelo menos dois jogadores do Vasco na seleção brasileira. Pode anotar aí.

MB: É bom ou ruim ter o desfalque de dois jogadores na Seleção?

RG: Você sabe que a gente sempre está reclamando. Aos treinadores só resta reclamar. É o Felipão reclamando com a torcida, o Vanderlei também... E todos esses são vencedores, hein... A cobrança que a torcida e os comentaristas fazem ao treinador está sendo algumas vezes até irracional. É inacreditável.

MB: O Mano Menezes classificou como \"terrorismo\" a crítica aos treinadores. Concorda com ele?

RG: Eu não usaria o termo \"terrorismo\", mas é algo parecido.

MB: Mas a torcida está de bem com você, não?

RG: Por enquanto, está. Mas, se não está acontecendo hoje, vai acontecer amanhã. Escuto dos críticos coisas que não têm o menor sentido. É uma mistura de \"humor sem graça\" com \"análise profunda sem conteúdo\". É difícil...

MB: O Vasco pode terminar a rodada na vice-liderança do Campeonato Brasileiro. E, domingo, o confronto será com o atual segundo colocado, seu ex-clube, o São Paulo...

RG: Não há nada melhor do que brigar pela vice-liderança com o antigo clube. Fico feliz por enfrentar o São Paulo nessa situação.