O reencontro de Ricardo Gomes com os jogadores do Vasco foi surpresa para o elenco. A visita foi confirmada somente na noite de terçafeira pelo próprio técnico, mas o elenco não foi avisado. Apenas Cristovão Borges e o diretor executivo Rodrigo Caetano sabiam.
Ricardo chegou ao hotel Bourbon Barra Premium por volta das 11h30, acompanhado do filho mais velho, Diego. Visivelmente mais magro, com passadas firmes, apesar de lentas, subiu ao segundo andar onde fica o restaurante. Não encontrou torcedores ou curiosos. O hotel usado como concentração em dia de jogos fica em um condomínio fechado na Avenida das Américas, longe de badalações. No restaurante, logo abraçou Cristovão e integrantes da comissão técnica.
Aos poucos, os jogadores começaram a descer dos quartos. Maior parte deles não havia visto o treinador desde o dia do Acidente Vascular Cerebral (AVC), em 28 de agosto, na partida contra o Flamengo.
Uma roda se formou em volta do chefe, um misto de curiosidade, emoção, alegria e espanto pela rápida recuperação do treinador. Em clima de descontração, veio a sequência de perguntas, muitas descontraídas: Quando volta? Estamos esperando você voltar, professor.
Que está achando do time? Poxa, você está bem, hein, professor. Pode até voltar a jogar bola com a gente.
Ricardo almoçou com o grupo. Depois, falou particularmente com alguns jogadores e destacou a confiança. Não falou de técnicas nem esquema tático. Agradeceu a corrente positiva dos atletas e disse que acompanha os jogos desde que voltou para casa. Falou ainda que acredita no título brasileiro.
Almoço encerrado, por volta das 13h30, os jogadores começaram a subir para os quartos, antes, claro, de novo abraço no chefe. Ricardo ainda ficou mais meia hora conversando com Cristovão e Caetano.
O encontro partiu dele. É o treinador do Vasco e poderá vir na concentração sempre que quiser. Não pedimos nada para ele, mas será muito importante para nós observou Caetano.
Ricardo pretende ir a São Januário até o fim do Brasileirão, mas ainda não definiu quando.
Torcedor queria pegar autógrafo
Agarrado a uma camiseta branca do Vasco, o estudante Luiz Antunes Junior, 15 anos, passou a tarde de ontem em frente ao hotel onde o time estava concentrado. Ele ficou sabendo pela internet que Ricardo Gomes havia saído do local minutos antes dele chegar.
Eu estava programado para ficar aqui na frente para pegar autógrafo dos jogadores. Se eu soubesse que ele vinha, teria vindo mais cedo. Nosso time deve muito a ele. Confesso que na época da contratação não gostei da notícia, mas depois virei fã do Ricardo contou o estudante.
Funcionários do hotel ficaram felizes em reencontrar o treinador vascaíno, mesmo que ninguém tenha relação mais próxima com ele. Ricardo sempre foi admirado por recepcionistas e garçons pela educação com que trata a todos.
Quando ele chegou, até fiquei em dúvida se realmente era ele porque está mais magro. Mas ele segue com a mesma simpatia de sempre comentou um funcionário.
Bate-bola com Ricado Gomes:
Todos ficaram bastante emocionados ao saber dessa sua visita ao time, na concentração. Como foi esse encontro?
Foi muito emocionante para mim também. Todos me abraçaram, me receberam muito bem no hotel. Estou muito feliz. Espero repetir outras vezes. Alguns não sabiam que eu iria lá.
Então imagino como eles ficaram surpresos...
Sim, poucos sabiam. Mas foi muito legal, reencontrar um por um.
Muito se fala em uma ida sua a algum jogo do time nesta reta final de Campeonato Brasileiro. Tem algo planejado?
Acho difícil. Estou me recuperando bem, melhorando bem, mas não posso prometer nada ainda. Prefiro não prometer.
Mas se o Vasco ganhar o título, você vai lá ajudar a erguer a taça...
(risos) Vamos ver. O time está muito bem, estou gostando, vamos com calma. Tem de continuar assim para ganhar os títulos.
E o Cristovão tem dado continuidade ao trabalho. O que tem achado? Afinal, vocês são amigos...
Com certeza, o Cristovão é um grande amigo e está fazendo um ótimo trabalho. Falo isso para ele. O time está bem por mérito dele.
Tem assistido aos jogos de casa?
Sim, assisto sempre. Fico na torcida pelo time.
E como está o tratamento?
Tenho feito todo tratamento. Algumas palavras ainda saem com certa dificuldade, mas estou me recuperando muito bem. Em pouco tempo estarei com o time. Espero voltar já no início do ano.
(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal Lance)