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Ricardo Gomes lamenta trocas de técnicos e vê Sub 20 como base para 2014

Ricardo Gomes aceitou o desafio de voltar ao Vasco no fim de 2012, um ano e meio após se afastar do futebol por causa de um AVC sofrido durante um clássico contra o Flamengo - e do qual ainda se recupera. Passado quase um ano, viu quatro nomes ocupando o cargo de treinador: Gaúcho (quando ainda era diretor técnico), Paulo Autuori, Dorival Júnior e Adilson Batista (esses três, como diretor executivo de futebol).

Para o ex-zagueiro, este é um dos principais motivos para os problemas que o clube enfrentou dentro de campo na temporada.

- Um acúmulo de fatores leva a esse cenário. Mas o principal é que tivemos quatro treinadores. Com isso é difícil de ter um rumo - admitiu Ricardo Gomes, em entrevista nesta quinta-feira ao GloboEsporte.com por telefone.

O planejamento da próxima temporada ainda depende muito do apito final na partida entre Atlético-PR e Vasco, marcada para 17h de domingo, em Joinville. Mas Ricardo adianta que defende a permanência de Adilson ("Ele fez por onde e merece") e que o Vasco vai apostar em jogadores sub-20.

- Estou bastante confiante que em 2014 teremos um bom ano.

Confira abaixo a íntegra da entrevista com o diretor de futebol do Vasco.

GloboEsporte.com: No início do ano, com a perda de muitos jogadores, a avaliação geral era de que o Vasco passaria por muitas dificuldades e brigaria contra o rebaixamento. Quais fatores levaram essa previsão a se confirmar desta forma?

Ricardo Gomes: Nós, até o final do primeiro turno, pensávamos na primeira parte da tabela. Agora estamos nessa luta por um acúmulo de fatores. Não só fatores negativos, mas o principal deles foi a mudança de técnicos. São quatro treinadores num ano. Isso torna difícil um rumo. Não foi um ano fácil. O Vasco conseguiu as famosas certidões, e a crise financeira que, se não está resolvida, hoje está equacionada de certa forma. Só que o lado esportivo é o principal.

O número de contratações elevado também não é um sintoma de que o clube iria passar por problemas?

Quando se há a necessidade de fazer isso, que foi o nosso caso, já saímos com grande margem de erro. Quando você contrata porque quer e com investimento, você tem escolha. Nós precisávamos contratar, e não havia muito investimento. O que vai acontecer no ano que vem é que a nossa base vai ser de jogadores sub-20. É isso que vai sustentar esse trabalho de 2014. Hoje, ainda bem, o Vasco tem um bom trabalho com o CT de Itaguaí, e é o início do novo processo do Vasco diferente e mais forte. Se chegamos em uma situação crítica, estou bastante confiante que o Vasco vai ter em 2014 um bom ano. O de 2013 foi na luta, foi negativo, mas há um reconhecimento daqueles que trabalharam muito para o Vasco sair dessa situação.

Depois do título da Copa do Brasil, o clube parecia fortalecido e em ascensão. Você ficou um tempo fora, mas é possível entender essa queda?

Fiquei um bom tempo fora. Em 2012 eu estava na cama, mas vi o Vasco muito bem no primeiro semestre e a partir daí foi caindo. Foram 14 meses sem receitas, é difícil para qualquer grande clube passar por isso. Mas temos uma decisão no domingo. Não tem nada ganho, nada perdido.

Algumas das contratações de 2013, como o Rafael Vaz e o Montoya, eram apostas e esperanças ao mesmo tempo. Houve algum problema para eles não jogarem tanto?

Não, são escolhas do Dorival e do Adilson, não há qualquer interferência. Na época da contratação do Vaz, o treinador era o Paulo Autuori. Depois chegaram outros, e cada um tem a sua filosofia. Todos são grandes treinadores e têm suas maneiras de montar um time. É aquilo, foram quatro treinadores, todos muito bons, mas cada um com sua filosofia, não tem jeito. Mas o Montoya está passando por um período de adaptação, não é o primeiro que passa por isso. E vai dar fruto ainda, assim como o Rafael.

Houve uma situação delicada, em relacionamento, na época do René Simões, na demissão do Gaúcho, e depois na relação entre vocês e o Autuori?

Não, cada um tem seu jeito. Se tivéssemos combinado (no trabalho), estaríamos ainda juntos. São profissionais com qualidade, que se respeitam uns aos outros, mas aconteceu de um sair, depois outro. O Gaúcho poderia ter ficado mais tempo. O Paulo também. Mas aconteceu de, um mês depois da saída do Paulo, dar uma clareada. Foram situações diferentes: um quis sair, outro foi tirado. Quando coisas não batem, não tem jeito. Dorival, quando chegou, colocou muito bem ao dizer que estava trocando o pneu do carro com ele andando.

O Dorival, pelos últimos resultados, não poderia ter saído antes? Foi pela multa ou por esperança de reverter a situação?

Nada de multa. Era um bom trabalho, só que não estava dando frutos. Se essa espera foi certa ou errada, se discute, mas houve algumas dúvidas.

A chegada do Adilson parece ter mudado bastante o ambiente, mas também pelo trabalho em campo que ele vem fazendo, na parte tática, em detalhes de bolas paradas.

Ele trabalha bastante a parte tática. Se não estou enganado, ele só deu coletivo contra juniores e jogadores que não atuaram. Mas usa muito auxílio de vídeos, faz um trabalho bem interessante. Acho que foi a escolha correta, independentemente do que acontecer no domingo.

Você já conhecia o trabalho dele?

Eu o conhecia como adversário em vários confrontos. Mas ele chegou muito bem, muito determinado, mostrando conhecimento do clube.

Ele fica para 2014?

A minha opinião - e não depende só de mim, porque tem outras pessoas que também decidem - é que ele fez por onde e merece continuar.

Já houve então as primeiras conversas?

Lógico, mas isso foi conversado lá na contratação. Nada escrito, no preto e no branco, mas há intenção de que ele fique.

A situação do Marlone é irreversível realmente? Ele está de saída do Vasco?

É muito difícil a permanência, mas isso só vai ser anunciado depois do último jogo. Tem a multa, não há nada concretizado, mas os rumores, a comunicação, dizem que vai para outro clube.

Você foi diretor na França e no Brasil. A diferença é muito grande?

A vida do diretor é de dificuldades como a do treinador. Depende muito da situação do clube, mas às vezes você entra em situação difícil e sai com ela boa. O trabalho do treinador e do diretor requer conhecimento, mas tem que ter sorte também. É o esporte.

Você ouviu críticas pelo modo de administrar o grupo. No Brasil ainda há a imagem de que o diretor precisa ser um gerente do vestiário e que deve se meter no trabalho do treinador. Como vê essa questão?

Como ex-treinador, posso dizer o seguinte: uma coisa é estar de olho, mas interferir nem pensar. Esquece, nenhuma chance. Nunca houve intervenção no meu trabalho em 17 anos como treinador. Agora, como diretor, tem o vestiário e nesse cargo tem que estar mais presente e ajudar ainda mais o treinador. Porque tem jogadores que não estão no lugar certo, tem que ter rigor, tem que ter disciplina.

O caso do André foi um desses que você precisou agir. Acha que ele desperdiça o talento que ele tem?

André é um dos bons centroavantes do nosso futebol. Ele está no momento de descobertas, mas para o bem dele vai ficar na linha e progredir bastante na carreira ainda.

A sua intenção ainda é voltar ao cargo de técnico. Sente muita falta do campo?

Ah, sim. Eu já tenho mais tempo como treinador do que como jogador. Vou fazer de tudo para me recuperar. Não tenho prazo, pode ser em dois, três anos, não sei. Ou posso não voltar, não tem nenhuma ciência que comprove que vou me recuperar completamente. Só volto se estiver 100% recuperado.

Fonte: ge
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