O árbitro Bruno Mota Correia citou, na súmula do clássico entre Flamengo e Botafogo, a confusão generalizada entre os jogadores no Maracanã após a vitória rubro-negra por 1 a 0 na noite de quarta-feira. No documento, ele justificou a expulsão de Gerson, Cleiton e Barboza:
Cleiton: "Após o término da partida, expulsei o sr. Cleiton Santana dos Santos, camisa nº 33 da equipe do C.R. Flamengo, por desferir um soco no rosto do sr. Alexander Nahuel Barboza Ullua, camisa nº 20 da equipe do SAF Botafogo".
Gerson: "Após o término da partida, expulsei o sr. Gerson Santos da Silva, camisa nº 08 da equipe do C.R. Flamengo, por trocar empurrões, persistentemente, de maneira provocativa com o sr. Alexander Nahuel Barboza Ullua, camisa nº 20 da equipe do SAF Botafogo, e assim incitando e inflamando, ainda mais, a confusão generalizada".
Barboza: "Após o término da partida, expulsei o sr. Alexander Nahuel Barboza Ullua, camisa nº 20 da equipe SAF Botafogo, por iniciar uma confusão generalizada, peitando e praticando atos provocativos contra o sr. Bruno Henrique Pinto, camisa nº 27 do C.R. Flamengo, e logo em seguida, trocando empurrões de forma acintosa contra o sr. Gerson Santos da Silva, camisa nº 08 da equipe do C.R. Flamengo. Após a aplicação do cartão vermelho para o sr. Alexander Nahuel Barboza Ullua, camisa n° 20 da equipe SAF Botafogo, narrado anteriormente no tópico de "expulsões", o mesmo tentou aplicar um soco contra o sr. Bruno Henrique Pinto, camisa n° 27 da equipe C.R. Flamengo.
Depois do clássico, o árbitro analisou as imagens das câmeras de transissão para saber se aplicaria o cartão vermelho a outros jogadores. Mas optou por manter a expulsão só ao trio, apontando para a falta de câmeras dentro da zona mista, onde ocorreu a segunda parte da confusão:
"Finda a confusão dentro do campo de jogo, ocorrida após o término da partida, os atletas e a comissão técnica da equipe da SAF Botafogo se dirigiram até a zona mista e lá ficaram aguardando os atletas e a comissão técnica da equipe do C.R. Flamengo. Assim que os atletas e a comissão técnica da equipe do C.R. Flamengo se dirigiram até a zona mista, iniciou-se uma nova confusão generalizada com os atletas e comissão técnica da equipe da SAF Botafogo. Não sendo possível identificar com precisão os fatos ocorridos na zona mista, pois neste momento a equipe de arbitragem se encontrava dentro do campo de jogo, por orientação dos oficiais de segurança. ressalto que não haviam câmeras dentro da zona mista disponíveis para a cabine do VAR".
Delegado do jogo, Marcos Vinicio de Abreu Trindade também escreveu um relatório e citou o lateral-esquerdo Alex Telles, do Botafogo, na segunda parte da confusão. O relatório dele diz ainda que a segurança privada foi solicitada em meio à decisão do elenco alvinegro de permanecer no túnel. Com a chegada do Flamengo, "os atletas da SAF Botafogo tentaram furar o cordão de isolamento, agindo com muita violência e chegando a agredir os seguranças privados no local".
"Os jogadores da SAF Botafogo não queriam ir para o vestiário e sim queriam continuar a briga, sendo capitaneado pelo jogador da SAF Botafogo, sr. Alex Nicolao Telles, que falava para os seus companheiros: 'Vamos ficar aqui, vamos esperar eles.' Esse jogador citado estava muito transtornado e tentei convencê-lo para que ele fosse para o seu vestiário e chamasse os seus companheiros, mas não tive sucesso. O sr. Alex Nicolao Telles disse para mim 'não vamos sair daqui, vamos esperar eles. Vai se f*der, você não viu o que o jogador deles fez? Aí você não faz nada'."
Barboza foi o único atleta expulso do lado do Botafogo. Em sua justificativa, o árbitro do clássico responsabilizou o zagueiro por "iniciar uma confusão generalizada, peitando e praticando atos provocativos" contra Bruno Henrique. A súmula também cita "empurrões de forma acintosa" contra Gerson.
O zagueiro do Botafogo acabou perdendo um dente na confusão após a derrota. Barboza discutiu com os dois rubro-negros já citados, tentou socar Bruno Henrique e acabou atingido por Cleiton na sequência.
Nenhum jogador do Botafogo falou com a imprensa na zona mista do Maracanã. Até o momento, também Barboza não se manifestou em suas redes sociais. O zagueiro foi criticado por Léo Ortiz, que mandou uma indireta para o rival. Sem citar o nome de Barboza, o jogador do Flamengo deu a entender que o defensor alvinegro é quem sempre começa as brigas no clássico.
No Flamengo, o clima nos bastidores foi de revolta pelo cartão vermelho de Gerson. O entendimento do clube é que o meia apenas atuou para separar a briga entre Barboza e Bruno Henrique e teria sido expulso injustamente.
A confusão começou segundos depois do apito final. Bruno Henrique, que já havia se estranhado com Barboza durante a partida, provocou o zagueiro do Botafogo, que empurrou o atacante rubro-negro e partiu para cima dele. Gerson se meteu para defender o companheiro. Houve empurrões de parte a parte. Foi neste momento que Gerson e Barboza receberam o cartão vermelho.
O tumulto foi encampado pelos demais jogadores. Novamente, Barboza partiu para cima e tentou desferir um soco no rosto de Bruno Henrique. Não acertou. Na sequência, o zagueiro Cleiton, reserva do Flamengo que não havia entrado na partida, atingiu o rosto do argentino, que teve um sangramento na boca e perdeu um dente. Ele também foi expulso.
Coube aos seguranças e comissões técnicas das duas equipes entrar em campo para tentar apartar a briga. Agentes da Polícia Militar também foram acionados.
Com a confusão inicialmente apartada, os jogadores do Botafogo ficaram aguardando os rubro-negros no túnel que dá acesso ao vestiário. Barboza, nervoso com o sangramento em sua boca, esperava Cleiton.
Assim, houve nova confusão quando o Rubro-Negro saiu do gramado. Seguranças particulares e policiais tiveram que conter o tumulto novamente.