O Fluminense perdeu por 2 a 0 o clássico com o Vasco na noite deste sábado, no Estádio Nilton Santos, e a arbitragem foi o tema principal da entrevista coletiva de Mano Menezes. O treinador reclamou muito da validação do gol de Vegetti, lance polêmico em que os tricolores pediram toque de mão do argentino. Minutos antes de o gaúcho começar a falar, o presidente Mário Bittencourt já havia protestado.
- Clássicos são jogos de poucos erros e poucas oportunidades. Quando algo acontece para A ou B é determinante quase sempre para estabelecer um resultado ou pelo menos uma estratégia favorável para um lado ou outro. A equipe vinha trabalhando bem, estava bem postada. Acho que as coisas se encaminhavam para a gente seguir a nossa série de bons resultados. E o lance foi muito marcante porque tirou a tranquilidade da equipe. Foi tão absurdo - disse o treinador.
- Às vezes existe diferença na interpretação, a gente tende a interpretar a favor da gente, mas foram todos os jogadores que reclamaram do lance. O lance parou praticamente na hora em que a bola bate duas vezes. Primeiro do Léo Pelé, depois do Vegetti. Isso é muito marcante na medida em que você está acostumado porque a regra diz outra coisa. Você foi preparado para saber que a regra diz outra coisa. Quando é a favor da gente, a regra é aplicada dessa maneira. Quando é contra, você quer o mesmo, quer justiça. Não foi o que aconteceu aqui hoje.
Mano ainda afirmou que os jogadores do Fluminense escutaram o árbitro Anderson Daronco tentar convencer o VAR de que não havia existido qualquer irregularidade no lance.
- É uma coisa que não pode acontecer nesse nível de jogo que a gente tem, nessa grandeza de jogo que a gente tem e do nível da arbitragem que a gente tem. Estamos falando de um árbitro Fifa, não de um árbitro que está começando. Ele sabe. Ele foi chamado ao VAR, ele relutou muito para ir ao VAR. Nosso jogadores o escutaram tentando convencer o VAR de que não tinha acontecido nada. Achei muito forte para um lance só.
Mano afirma não ter concordado com a marcação da falta que originou o gol - de Diogo Barbosa em Paulo Henrique - e elencou uma série de irregularidades que enxergou no lance .
- Ficamos procurando até agora a falta que foi marcada contra a gente. Não achamos a falta, não existiu a falta. Diogo sai limpo com a bola. Segundo lance: tivemos uma falta no nosso zagueiro, não foi um bloqueio, foi um empurrão. Terceiro: a bola bate no primeiro jogador do Vasco. Quarto: a bola bate no jogador que faz o gol. Aí já não temos mais interpretação, em todos os outros lances podemos falar de interpretação. A lei é clara: o jogador que faz o gol não pode se utilizar do braço em circunstância nenhuma. Nem proposital e nem não proposital.
- Você é chamado pelo VAR porque ele está tentando consertar uma coisa que está errada. Você fica três minutos tentando achar um motivo para dar o gol, porque é dessa maneira que a gente vê. Tínhamos certeza absoluta que ele iria anular o gol quando ele voltou para o meio-campo. A reação dos nossos atletas deixa bem claro que eles esperavam a anulação.
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Problemas com Daronco
- A gente tem bastante tempo de futebol, já foi favorecido e prejudicado por erros de arbitragem, mas esse não tem cabimento nenhum. E diria que as coisas já vêm acontecendo assim. Nos últimos seis jogos nossos, o Daronco apitou três. Empatamos o jogo em Criciúma, e pode olhar as imagens: pegamos uma bola e íamos em direção ao gol, e ele matou o nosso ataque para dar um cartão amarelo para o jogador do Criciúma. Era uma chance de virarmos o jogo.
- Depois no jogo de Cuiabá os acréscimos foram se estendendo e cada vez mais aumentavam mais. E hoje acontece isso. A gente sai bastante insatisfeito, acho que fomos muito prejudicados. Fomos prejudicados num lance capital num clássico onde as coisas tendem a ser parelhas. E um lance desse pode definir a partida ou dar a condição para uma das equipes traçar uma estratégia bem mais favorável. Vamos continuar trabalhando com a seriedade de sempre, é o que a gente pode fazer. Esperamos que essas coisas não se repitam contra a gente.
Análise sobre Ignácio e Alexsander
- Sobre Ignácio, primeiro tínhamos uma situação: eu gosto muito de cuidar das contratações que a gente faz para que elas tenham exatamente o desempenho que ele teve no jogo. Segundo: fizemos hoje porque ele não pode jogar o jogo da Libertadores, ele está suspenso ainda (por cartões recebidos) do seu clube anterior (Sporting Cristal). Nós não vamos tê-lo na terça, a intenção era tê-lo hoje numa condição boa. E fiquei muito feliz com a estreia dele. Confirma o acréscimo que esperávamos dele.
- Alexsander a gente vem cuidando também de outros aspectos, acho que ele estava muito bem no jogo. Até o tirei um pouquinho antes porque achei que estava muito bem (risos). Temos que cuidar um pouquinho de coisas que temos para frente, o jogo já estava em 2 a 0, mas muito feliz com as atuações dele.
Pouca produção ofensiva
- A cobrança no intervalo foi exatamente em cima disso. Acho que produzimos pouco ofensivamente com a bola que tivemos à disposição. A gente está encontrando alguns ajustes, acho que temos que ter mais chegada de área, não para cruzar na área, mas para dificultar a marcação dos dois centrais do adversário. A gente já conhece um pouco das características dos jogadores que temos. Keno é um jogador de jogada individual, mas não é de chegar na área para se juntar ao centroavante principal.
- Ganso às vezes baixa para construir. Então temos que encontrar maneiras para fazer isso melhor sem dúvida nenhuma, é uma das questões em que vamos trabalhar para que a equipe melhore. Acho que tivemos oportunidades de fazer, desde o primeiro lance, quando Kauã tentou rolar para Keno. Mas já era uma bola de conclusão, já era uma bola limpa. Acho que tem ter um pouquinho mais de ambição para transformar em chances de gols mais clara naquilo que a gente pode.
Bolas paradas
- (Se refere ao gol de Vegetti) Aí não dá para ser justo. Se falamos que houve três infrações, não posso cobrar da minha defesa uma coisa que não foi correta.
- Acho que hoje melhoramos em alguns aspectos na bola parada. Acho que precisamos melhorar na bola parada ofensiva. Tivemos duas ou três oportunidades e precisamos encontrar um caminho para as coisas estarem melhores. Trabalhar e repetir um pouquinho mais. É muito difícil você treinar quando você tem dois dias entre um jogo e o outro jogo. Ontem os jogadores que estavam vindo do jogo estavam com 48 horas. O treinador não fica saltando, saltando e saltando. E bola parada você precisa saltar e repetir. Acho que logo teremos essa condição.
Muitos cruzamentos
- Não achei que houve um exagero hoje, acho que houve exagero diante do Juventude. Hoje a equipe fez o que tinha de fazer. Geralmente quando você busca simplificar alguma jogada é porque você não está encontrando a solução mais correta de se fazer. Falei isso no meio de semana e falo hoje de novo.
- Nem é a nossa característica tanto de ficar erguendo bola na área, Kauã tem mais essa característica de atacar a bola mais do que Cano e John Kennedy, mas não é o suficiente para a gente resolver. Temos que encontrar caminhos melhores.
Projeção para o jogo contra o Grêmio, pela Libertadores, e situação de Diogo Barbosa, que saiu preocupado
- Não temos a informação sobre o Diogo, vamos esperar amanhã com uma avaliação um pouco mais criteriosa. Depois tomaremos a decisão. Acredito que ele terá condição na terça-feira, é um pressentimento.