No próximo domingo, Fluminense e Vasco se cruzarão novamente no Campeonato Brasileiro. Não diretamente. Na última rodada do Campeonato Brasileiro, o time cruz-maltino precisará, além de vencer seu próprio jogo, que os tricolores não percam para o Figueirense no Orlando Scarpelli.
Indiretamente, será mais um capítulo de um confronto que cresceu ao longo da temporada. Maracanã, Ronaldinho, provocações, clássicos quentes, jejum, fim de tabu... Foram vários os aspectos que transformaram o duelo na rivalidade mais quente do Rio de Janeiro. Veja abaixo os motivos.
MARACANÃ
A primeira queda de braço entre os dois clubes foi no Carioca e envolveu o Maracanã. Historicamente, a torcida do Vasco sempre ficou à direita das cabines de rádio e TV do estádio. O Fluminense, no entanto, alega ter em seu contrato com o Consórcio Maracanã o direito de escolher o lado onde ficarão seus torcedores - e a parte escolhida foi justamente a mesma do rival cruz-maltino.
No Carioca, o jogo acabou sendo disputado no Engenhão. "Meu amigo, não importa. Vocês voltam sempre nesse assunto. Não importa se é a CBF, se a Federação do Rio ou se é a Liga da Marte. O que importa é que a gente não vai se nossa torcida não ficar no lugar tradicional", disse Eurico no começo de março, dias após a partida pelo Estadual.
No Brasileiro, o Vasco entrou com na Justiça para fazer prevalecer seu direito de ficar do lado direito das cabines de imprensa no jogo pelo primeiro turno. A liminar, que ainda previa a busca e apreensão do contrato entre Flu e o Consórcio gestor do estádio, foi negada.
Em junho deste ano, semanas antes do primeiro clássico pela Série A, o presidente do Flu, Peter Siemsen, afirmou no Twitter que ingressos para visitantes seriam para o lado esquerdo do estádio. Ele ainda disse que o time não aceitaria "intervencionismo, como ocorreu diversas vezes no Campeonato Carioca."
POLÍTICA
Na política, Flu e Vasco também estão em lados opostos. A equipe tricolor, ao lado do Flamengo, rompeu com a Federação de Futebol do Rio de Janeiro e irá disputar a Primeira Liga no ano que vem. O campeonato reúne equipes de Minas Gerais e de estados do Sul do Brasil.
O Vasco, ao lado do Botafogo, se mantém fiel à Ferj e vê como ‘imoral' a realização do torneio também chamado de Sul-Minas-Rio.
RONALDINHO
Os dois clubes também batalharam pela contratação de Ronaldinho Gaúcho. No dia 22 de junho, Eurico chegou a dizer que o Vasco estava 90% certo com meia, que havia rescindido com o Querétaro, do México.
"Estamos elaborando um projeto chamado 'Ronaldinho Gaúcho-Vasco' e está bastante adiantado. Eu diria que em termos de percentual está para 90%, mas isso faz parte de um projeto que estamos fazendo e que depois terá a divulgação necessária. Se querem saber de uma coisa, já falei com o jogador e ele se interessa, ele ficou muito satisfeito com essa possibilidade. Só estamos tratando de elaborar o projeto. Faltam só 10%", disse à época.
Quase três semanas depois, o jogador foi anunciado - mas pelo Fluminense. E o time tricolor não deixou barato e fez uma provocação ao rival. Em vídeo, o clube colocou "90% +10 = 100% Tricolor". A passagem, porém, não foi feliz dentro de campo: foram apenas nove jogos em dois meses e rescisão antecipada do contrato. Oficialmente, o time diz que o jogador cumpriu as expectativas em termos de marketing e na adesão de novos sócios.
CLÁSSICO QUENTE
O primeiro clássico pelo Campeonato Brasileiro foi quente dentro de campo. O Vasco venceu por 2 a 1, naquela que foi apenas sua terceira vitória em 14 jogos pelo torneio nacional. No jogo, o atacante Fred e o zagueiro Rodrigo se desentenderam ao longo de todo duelo e trocaram ofensa após o fim do jogo - uma intervenção precisou ser feita após a partida.
Após o jogo, o técnico Enderson Moreira, então no Flu, criticou o comportamento de Rodrigo. "Às vezes, ele não lembra do passado. E aproveita o momento de vitória para falar alguma coisa que possa atingir outra pessoa".
Já Eurico aproveitou a nova vitória para cutucar. Em comunicado no site do clube, ele afirmou que a "história não se muda com canetadas". "História se constrói com vitórias. Por isso ganhamos de novo. Para lembrar quem é maior e exatamente por isso teve o direito de escolher como iria acomodar o seu torcedor no Maracanã. Que sirva de lição", afirma a nota. Em coletiva no dia seguinte ao jogo, Eurico disse que o Vasco vencia o Fluminense em qualquer lugar, inclusive no asfalto.
Aquele jogo aumentou o tabu dos tricolores: três anos e 10 partidas sem vencer o rival. O jejum acabou no dia 1 de novembro, quando o Flu venceu o rival por 1 a 0 no Engenhão.