Rio de Janeiro Ídolo do Vasco nos últimos dois anos, principalmente na campanha vitoriosa na Série B de 2009, Carlos Alberto deixou o clube, ontem, com uma nova briga no currículo. O jogador garante que as portas de São Januário seguem abertas e minimiza a discussão com o presidente Roberto Dinamite, mas o mandatário não consegue disfarçar a decepção com o antigo capitão cruzmaltino. Mesmo medindo as palavras e destacando o talento do camisa 19, Dinamite fez críticas ao comportamento fora de campo do atleta, que foi indicado pelo técnico Renato Gaúcho e emprestado ao Grêmio até o fim deste ano.
\"Acima do Roberto e acima do Carlos vem sempre a instituição, que deve ser preservada. Faltou diálogo. Depois da terceira derrota seguida, sentei com todos os jogadores para buscar uma solução, até porque isso não é normal. Ele achou minha atitude desnecessária. Eu achava importante. Depois disso, não nos falamos mais. A solução foi a proposta do Grêmio\", resumiu o presidente, que confirmou a busca por reforços. O meia-atacante Leandro, encostado no Olímpico, está perto de um acordo.
Dinamite deu a entender ainda que o apoiador não mostrou interesse em continuar no Vasco. \"Falei com Felipe, mas Carlos Alberto achou que não teria motivo para uma conversa (depois da briga). Ninguém pode ficar em um lugar que não queira. Ele é muito talentoso e poderia ter ajudado ainda mais. Foi muito importante na Série B, mas jogou pouco no ano passado. Sempre falei para ele de sua importância no Vasco, que deveria se doar ao máximo e pensar na Seleção. Temos o exemplo do Conca, que jogou todas as partidas (do Brasileirão)\", comparou.
O mandatário evitou falar sobre uma possível volta do meia após o fim do empréstimo, até porque o ano é de eleição no Vasco e pode ocorrer troca de diretoria. Já Carlos Alberto garantiu que esse é apenas \"um até logo\" e não o \"fim do casamento\" com o clube. \"As pessoas interpretam muito mal quando surge a palavra discussão. Não é nada de absurdo, são coisas que fazem parte do futebol. Mas quero dizer que minha imagem em relação ao presidente (Dinamite) continua a mesma. Ele é um homem de caráter, de respeito, como jogador foi um ídolo e eu vou sempre admirar\", assegurou o ex-capitão vascaíno.
Currículo cheio de confusões
Aos 26 anos, Carlos Alberto acumula grandes momentos em campo, títulos importantes e algumas brigas na carreira. Após conquistar o Mundial com o Porto, ele voltou ao Brasil para defender o Corinthians, onde foi campeão brasileiro e bateu boca com o técnico Emerson Leão. A briga provocou a saída do jogador. De volta ao Fluminense, clube que o revelou, o armador conquistou outros dois títulos: Carioca e Copa do Brasil. O bom rendimento rendeu nova transferência para a Europa, para o Werder Bremen. Na ocasião, o clube alemão fez a maior negociação de sua história.
Mas Carlos Alberto não conseguiu se adaptar ao país e foi emprestado ao São Paulo, onde se desentendeu com o companheiro Fábio Santos briga provocada pelo volante e chegou a receber multa da diretoria. Com apenas um gol marcado e confusões de sobra, ele trocou o tricolor paulista pelo Botafogo.
A passagem por General Severiano durou apenas seis meses. Irritado com os atrasos de pagamento, o meia recorreu à Justiça e deixou o clube. No Vasco, onde viveu grande momento em 2009 e brigou com o presidente neste ano, o meia disputou 70 jogos e marcou 19 gols. O contrato com o cruzmalltino termina no meio de 2013.
Indicado e defendido por Renato Gaúcho, com quem teve a primeira chance nos profissionais do Fluminense, aos 17 anos, Carlos Alberto tenta recomeçar no Olímpico. \"Não tem nada de jogador problema. Ele foi meu atleta e nunca me deu problema algum. Ele vai se enquadrar nas regras que temos aqui. É um bom garoto, chama a responsabilidade. Claro que não estamos contratando um santo, mas até prefiro um jogador que me dê algum problema durante a semana e arrebente nos jogos do que santinhos que não resolvem. Certamente, ele dará mais problemas ao adversário\", disse o técnico gremista.