Roberto Monteiro quebrou o silêncio a respeito da crise política do Vasco, que ocasionou a saída em massa de 13 vice-presidentes da atual gestão. Um dos principais cabeças da Identidade Vasco, o presidente do Conselho Deliberativo do clube rechaçou a hipótese de ser aberto um processo de impeachment contra o presidente Alexandre Campello. A respeito do ex-aliado, Monteiro o classificou de traidor reincidente. Com ar de mistério, disse haver novas denúncias contra o dirigente a caminho.
Como você viu a ruptura com o Campello?
Os vice-presidentes estavam insatisfeitos e tomaram uma medida. Quando o grupo político perde a confiança no seu presidente, temos de respeitar. Entender que houve uma incompatibilidade, como eles falaram na coletiva. E tem muito mais coisa para vir à tona. Não havia outra alternativa. Fui a favor da saída da gestão.
Depois de anos tentando chegar ao poder do clube, vocês romperam com o presidente que elegeram. Como se sente?
Eu tive a decepção com a pessoa. Apesar de que milito na política há muito tempo, estou acostumado com essas deslealdades. Uma pessoa como ele, que traiu uma vez, trai duas vezes. Ele que responda pelo que fez, com o Julio, com o Eurico, e agora com nosso grupo. O povo gosta do traidor, mas ninguém quer conviver com ele.
Como isso afeta seu papel como presidente do Conselho Deliberativo?
É preciso ficar bem claro que eu sempre soube diferenciar bem as coisas, existe o lado integrante de um grupo político e o lado presidente do Conselho Deliberativo. Tudo que for importante para o Vasco, terá o meu apoio. Não importa o que seja, de quem venha.
Você disse antes que vai ter mais coisas vindo à tona. O que é?
Tem vice-presidente que quer falar a respeito do Campello. Ouvi falar de outras denúncias. Tudo tem de ser apurado. Mas já posso dizer para você, não existe a menor hipótese de um processo de impeachment acontecer. Não é assim, temos de obedecer a ordem legal das coisas, seguir o estatuto. Ninguém do nosso grupo levantou essa ideia. Estou aguardando o que esses vice-presidentes vão falar. Queremos que seja apurado o que foi de irregularidade. Quanto à desavença política, é vida que segue.
Em que momento você viu que as partes não estavam falando mais a mesma língua?
Em uma reunião de diretoria da qual participei, quando o presidente Campello afirmou que queria fazer mais antecipações de cotas de TV, a respeito de uma exclusividade, eu fui contra. Acho que ele não gostou de ser cobrado. Depois disso, as coisas mudaram. Não sei se ele usou esse episódio para tratar como tratou da negociação do Paulinho, sem falar com o vice-presidente de futebol.
Você diz que ele traiu o Brant, mas você não participou disso?
Sim, fui o fiador do Eurico nessa história, mas isso é passado. Quem fez acordo com o Carlos Leite foi ele, sozinho. E tem mais, meu problema é zero com o balanço financeiro do clube. Zero. Não sei de onde isso veio. Quem fez acordo com o Eurico foi ele. Quem fez acordo com o Julio Brant foi ele. Não tenho nada a ver com isso. Desde o início estava acordado que eu seria o candidato para a presidência do Conselho Deliberativo. Eu me mantive assim. Quem desistiu do que estava combinado e veio como presidente foi o Campello.