A nova polêmica no Vasco se dá em função da lista de sócios aptos a voto para a próxima eleição à presidência. A Junta Deliberativa do clube tem cobrado que o atual mandatário Alexandre Campello forneça o documento com as informações completas dos associados e o caso foi parar na Justiça e também em forma de inquérito no Conselho Deliberativo, onde o mandatário pode ser punido com uma suspensão ou até mesmo a exclusão do quadro associativo se for comprovada a transgressão estatutária.
Ao UOL Esporte, o presidente do Conselho Deliberativo, Roberto Monteiro — que ingressou com a ação juntamente com o presidente do Conselho Fiscal, Edmilson Valentim — deixou claro que não irá mais permitir atrasos no processo.
"Não há segredo entre os presidentes de poderes do clube. O clube não é propriedade de ninguém. Deve ser entregue aquilo que é pedido na forma estatutária. Quem não deve, não teme. Se ele [Campello] vai entregar na Justiça, ótimo. Infelizmente, tivemos que judicializar para conseguir o óbvio, pois estranhamente outros que também teriam legitimidade se omitiram e retardaram também o processo", declarou Monteiro.
"Não vamos mais retardar. O objetivo de ganhar tempo deve ser perguntado a quem interessa e por que interessa. Mas aqui analisaremos com o rigor necessário as listagens para não beneficiar a 'esperteza' do retardo da entrega das listagens. O Vasco precisa de eleições limpas. Há uma vontade grande, que são as eleições diretas na reforma [do estatuto], mas não podemos subordinar isso a qualquer transgressão da base de eleitores. Eleições limpas estarão acima de qualquer interesse", acrescentou.
A Junta Deliberativa, que é composta pelos presidentes dos poderes do clube, alega que a lista fornecida por Campello não consta dados como CPF's, fichas financeiras, entre outros. O presidente vascaíno, porém, se defende e diz que não entregou o documento com os CPF's para resguardar os associados, pois muitos teriam pedido a ele que não expusesse esta informação.
Sobre a cobrança da Justiça para que entregue as exigências, o mandatário disse que irá cumprir o quanto antes.
"O último movimento foi do Monteiro e do Valentim, que entraram com uma ação e conseguiram, com a desembargadora, que esse cadastro fosse entregue por meio eletrônico. Esse cadastro vai ser entregue amanhã [ontem, dia 24], o que me livra dessa responsabilidade. Recebi diversas cartas de sócios que não queriam ter seus dados expostos, mas como se costuma dizer, decisão judicial se cumpre, não se questiona. Então. esse pen drive será entregue amanhã ou depois e, então, essa responsabilidade passa a ser da Justiça. Estou absolutamente tranquilo porque não tenho nada a esconder. Fiz o recadastramento às claras, convocando os sócios, fiz o processo de anistia há mais de dois anos para que não fosse vinculado a questões eleitorais. Estou absolutamente tranquilo, mas, infelizmente, aqueles sócios que não gostariam de ter seus dados entregues a terceiros, vão ter que reclamar na Justiça. É isso", disse Campello à Rádio Globo.
Até o fechamento desta reportagem, o UOL Esporte não tomou conhecimento da entrega da lista de sócios à Justiça por parte do presidente vascaíno.
Atrito também com presidente da Assembleia Geral
Outro atrito que Campello vem tendo é com o presidente da Assembleia Geral, Faues Jassus, o Mussa, que também é integrante da Junta Deliberativa e responsável por convocar as votações das eleições direitas, da reforma do estatuto e também do pleito presidencial.
Há meses, Mussa reclama de dificuldade no acesso a informações dos sócios, algo que o mandatário refuta.
"Quando o Mussa começou a questionar dizendo que queria a lista, o que eu fiz? Disponibilizei uma sala dentro da secretaria com um funcionário exclusivamente para atendê-lo para que ele pudesse ter acesso não só a lista, mas a todos os documentos que fossem necessários, só que ele não queria ir a São Januário. Ele queria ficar da casa dele fazendo isso. Ele é um presidente de poder e precisa exercer esse poder dentro do clube, não fora dele", argumentou Campello à Rádio Globo.
Mussa, por sua vez, rebateu as declarações ao UOL Esporte:
"Tinham nos reservado um computador nos fundos na secretaria. Começamos a trabalhar, eu queria uma gaveta com chave e não tinha, porta não tinha, o computador tinha tudo preso para ele... Trabalhamos dois dias, pedimos alguns documentos, e os documentos que foram pedidos ele ficou de entregar e, no dia seguinte, fechou o clube por conta da pandemia. Essa desculpa dele não funciona."
Em 18 de março, de fato, o UOL Esporte trouxe um documento protocolado com a assinatura de Alexandre Campello solicitando que Mussa paralisasse a análise da lista de sócios, pois o clube havia tomado medidas de combate ao coronavírus, limitando a circulação de pessoas e de serviços em São Januário.
Em um trecho do documento, o mandatário ressalta: "...diante da delicadíssima circunstância e da razoabilidade do pedido, tenho convicção de que o Ilmo Sr. Faues Cherene Jassus, presidente da Assembleia Geral, analisará o pleito com o bom senso e a compreensão que o momento pede".