Os craques também sofrem. Maior nome do futebol mundial e da conquista do tetracampeonato pelo Brasil na Copa de 1994, Romário, como qualquer torcedor, ficou decepcionado pela derrota da seleção para a Holanda nesta sexta-feira, nas quartas de final do Mundial. Para ex-craque, um fator determinante para a derrota verde e amarela foi o fato de a Laranja ter-se mostrado mais ofensiva no segundo tempo.
- O time do Brasil mudou a postura 100% do primeiro para o segundo tempo - observa. - No primeiro tempo, a Holanda não jogou como Holanda. No segundo, sim, a Holanda jogou como Holanda. Atuou no ataque, o que dificultou para a nossa seleção. Nosso time não está pronto para ser atacado a toda hora.
Segundo Romário, o Brasil se viu diante de uma equipe muito forte fisicamente e muito técnica:
- Os caras são muito técnicos, muito velozes. Tocavam a bola com muita velocidade. Foi o que aconteceu. O Brasil está a acostumado a enfrentar times que jogam para trás. Toda a vez que joga com um time que vai para o ataque, a gente se complica. E com um a menos, se é dificil em pelada, imagine numa Copa...
Adepto do Twitter, pelo qual publicava vários comentários ao longo da partida, o eterno camisa 11 acha que a seleção fez seu melhor primeiro tempo na Copa. O que ele não deseja é ver a seleção envolvida numa caça às bruxas.
- O mais importante é que não adianta agora arrumar culpados - enfatiza Romário. - É normal que se ponha a culpa no Dunga como treinador e no Felipe Mello. Longe de pôr a culpa neles, mas sei que na cultura do futebol é assim, e sempre se buscam culpados.
Sobre o apoiador Felipe Mello, Romário lembra que seu estilo já é conhecido no futebol brasileiro:
- A gente já não sabia que ele é assim? Com a bola nos pés ele é bom, tanto que fez o lançamento para o nosso gol. Infelizmente, o destempero dele nos prejudicou.
Amigo de Dunga desde os tempos em que atuaram juntos no Vasco, em 1987, Romário conhece bem o ex-apoiador e agora técnico.
- Dunga, quando assumiu há quatro anos, ele, mais do que ninguém, sabia da responsabilidade que teria. Se ele tivesse ganho a Copa, eu lhe daria nota 11. Mas como não ganhou, dou 8 - ressalta o ex-atacante, que chegou aos mil gols em 2007, pelo Vasco.
Se fosse o treinador ou estivesse na comissão técnica, Romário teria chamado um jogador que Dunga preferiu deixar no Brasil:
- Eu teria convocado o Ganso. É o único dos que ficaram de fora que eu teria levado, porque o Kaká não estava bem fisicamente, e o Ganso poderia substitui-lo. No meu entender, a única falha na convocação foi não terem chamado o Ganso.
Nas quartas de final deste sábado, se enfrentam Alemanha x Argentina; e Espanha x Paraguai. Com as seleções de Holanda e de Uruguai classificadas, Romário considera possível que haja alguma surpresa na final.
- Paraguai e Uruguai podem ser essa surpresa. Holanda, Espanha e Paraguai são seleções que ainda não foram campeãs. Acredito que haja a chance de um campeão ou pelo menos de um finalista inédito - prevê.