Romário seria convidado a jogar na África do Sul e Estados Unidos

Sobre Romário:

1. Torceu o tornozelo direito hoje, em São Januário... Mas, a princípio, joga domingo, contra os reservas do Fluminense.

2. Recusou mais uma oferta tentadora do Necaxa.

3. Até o fim do mês, deve receber mais uma proposta para jogar ou, como queiram, voltar ao futebol dos Estados Unidos. E o Kaiser Chiefs, clube mais popular da África do Sul, pensa em convidá-lo para jogar uma temporada no país e dar uma força à Copa de 2010. A conferir.

4. Segue o depoimento do amigo Lúcio de Castro, responsável pelo ótimo documentário “Uma história brasileira”, exibido pelo SporTV.

\"Você me pede um breve relato. Resumir a experiência de mergulhar no universo Romariano para contar “Uma História Brasileira”. Missão difícil. Foram três meses muito ricos, convivendo com um grande personagem e outros tantos com histórias de vida incríveis, além de lugares fascinantes. O Jacarezinho, a Vila da Penha... Nesse ofício de contadores de história, nada tão compensador como um grande personagem. Gosto acima de tudo de gente, e a matéria-prima ali era muito rica.

Não existe no atual futebol brasileiro um personagem tão rico quanto Romário. É possível que nem no esporte brasileiro. Dá pra dimensionar o prazer de mergulhar nessa tarefa, mas também do enorme desafio. Acho que construir a memória é um desafio de todos nós, repórteres, cidadãos, blogueiros desse Jogo Aberto (que, sem média, conseguiu juntar um elenco legal, boas discussões, nesses tempos em que a internet virou em alguns momentos um esconderijo de frustrações e onde gente anonimamente agride). Vivemos num país que cuida pouco da memória. Basta ver o que o argentino faz com o Maradona, o respeito pelo ídolo, para ficar só num exemplo. Podíamos ir mais longe, mas o assunto é o Romário e a história.

Toda a negociação, apresentação da idéia/projeto, tudo foi diretamente com ele. Mostrei que precisaria de acesso a algumas coisas, como vestiários nos dias de jogos a caminho do gol mil. E a ajuda dele pra encontrar alguns personagens importantes na trajetória dele. Romário é o que é dentro da área: rápido, objetivo e talentoso: se bater o martelo, a palavra vale mais do que qualquer assinatura. Assim foi feito.

Com o andamento da história, fui vendo que tinha um grande material. Uma vida recontada, pelos protagonistas do enredo. Assim, creio ter sido possível conhecer e levar até as pessoas muito mais desse personagem. Entender ele melhor, conhecer suas referências. Fundamental me parece ter contribuído para que alguns preconceitos fossem eliminados. Afinal, preconceito, como diz o nome, é defeito. Todos temos, mas podemos eliminá-los. Claro que alguns preconceitos irão sobreviver. Sempre foi assim, ainda mais quando estamos falando de um mulato, favelado e com personalidade. Costumo dizer que a Casa Grande não estava pronta pra isso: um cara sair da senzala e ter personalidade. Isso nos confronta com o que há de pior em nós. E gera ódios. Mas o mais reconfortante, foi ter visto algumas pessoas dizendo que não conheciam aquela história, e que venceram alguns preconceitos.

Vale frisar que não mergulhei nisso com esse propósito. Queria contar só a história de um brasileiro. Se acabou se encaminhando assim, que bom. Resta agradecer muito todo mundo que trabalhou comigo nisso, responsáveis pelo trabalho. No mais, aproveito o sucesso do Jogo Aberto, do meu amigo Lédio Carmona, e convido quem quiser conhecer um pouco mais das histórias que eu e alguns amigos contadores de histórias escrevemos a ir no nosso Tribuna da Rua (http://www.tribunadarua.com) onde vários Romários, de várias áreas, estão retratados.