Animado com o fato de o Vasco dar tempo para que seus treinadores trabalhem e com o bom desempenho no comando cruzmaltino, Celso Roth completará cinco meses no Clube da Colina, neste domingo, justamente no dia em que o time cruzmaltino enfrenta o arqui-rival Flamengo.
E, pelo visto, a união entre técnico e clube não tem previsão para terminar. Renato Gaúcho ficou no Vasco nada menos que um ano e nove meses. Será que Roth espera uma seqüência dessas?
- O Vasco tem a tradição de manter o técnico. Está sendo muito bom trabalhar aqui. Todos questionavam o time, mas estamos nos mantendo na parte de cima da tabela e ganhamos confiança – diz Roth.
Planos para o futuro
O Vasco não conquista um título desde 2003, quando foi campeão carioca. Para o técnico, um novo triunfo não está longe.
- Para dar fim ao jejum de quatro anos, o time tem que manter esse trabalho. Se não for nesse ano, será no ano que vem, caso mantenha a seqüência – arrisca o técnico.
Se seguirá no Vasco em 2008 ou não, é um mistério. Mas o fato é que Roth parece adaptado ao clube, em harmonia com a diretoria e vivendo uma nova fase. O caso Romário mostra que ele realmente está em sintonia com os dirigentes. O técnico apoiou integralmente o projeto do gol mil e trata com paciência do assunto.
- Sempre digo que Romário é uma situação paralela. Infelizmente, tive pouco tempo de trabalho com ele. Espero que ele volte a se sentir bem o mais rápido possível (Romário operou o tornozelo direito no dia 23 de agosto). E será sempre bem-vindo ao time, pois engrandece o nosso trabalho – garante Roth.
Retranqueiro e linha dura?
O momento é tão bom que Roth até faz piada da fama de retranqueiro, que o persegue mesmo com o bom desempenho do setor ofensivo do Vasco. O Gigante da Colina tem o terceiro melhor ataque do Campeonato Brasileiro, com 41 gols em 24 jogos.
- Dizem que houve uma evolução da defesa depois que cheguei. Mas essa é a obrigação do retranqueiro – diz, aos risos. – Sempre lembram que o Vasco é defensivo, mas esse rótulo cairia se observassem os números da equipe. Isso chateia.
Conhecido por seu estilo linha dura, Roth já avisou como lida com os jogadores indisciplinados. Até agora, no entanto, não houve problemas extra-campo.
- Temos regras básicas sobre isso. Eles são jovens, mas devem ser responsáveis. Eles vivem do corpo e precisam disso. Os jogadores sofrerão as conseqüências se abusarem. A fila anda no futebol também. O treinador orienta, mas tem outro para entrar no lugar se o atleta não aprender.
Mas será que ele concorda com a fama?
- Gosto de disciplina, organização e exijo respeito. Se isso for ser linha dura, eu sou. Essa imagem surgiu em 1997, quando fui para o Internacional. Na ocasião, cometi um erro básico. Em vez de controlar a situação com a imprensa, eu quis rebater. E sofri muito com isso – conta ao SporTV.
Erros do passado
Quando chegou ao Vasco, em abril, o GLOBOESPORTE.COM listou os erros do passado que Roth não poderia cometer novamente. Teria, por exemplo, que acostumar-se a brincos, cordões & Cia., aturar perguntas inconvenientes dos jornalistas e entender que broncas desmedidas têm efeito devastador nos jogadores.
De fato, ao que tudo indica, os ares de São Januário e a boa fase do time no Brasileirão e na Sul-Americana acalmaram o treinador. Sem abrir mão das longas conversas e dos puxões de orelha nos treinamentos, Roth parece ter o grupo nas mãos. Não se vê o técnico criticando os jogadores em público e tampouco arrumando um culpado por uma eventual derrota. A roupa suja tem sido lavada em casa, e toda vem em que um atleta vascaíno erra em campo, Roth prefere falar em falhas coletivas.
- Esse é um grupo muito dedicado e que vem trabalhando com base em regras estabelecidas. Os jogadores se destacam pela obediência tática e física – explica o comandante cruzmaltino, que também tem mantido boa relação com a imprensa desde que chegou a São Januário.
Perdigão, um dos homens de confiança de Roth, é só elogios ao falar do técnico.
- Ele vem de uma escola gaúcha, mas está tranqüilo aqui. Roth reúne bem o grupo, deixa todos à vontade e tira o melhor de cada jogador.