A baixa média de público do Campeonato Estadual assustou o presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro, Rubens Lopes. Preocupado, ele encomendou um estudo na Sensor Pesquisas para descobrir o que está afastando o torcedor dos estádios. “Esse Estadual ficou muito aquém das expectativas”, lamenta o dirigente, que vai discutir com os clubes o melhor caminho a ser tomado.
O DIA: O que o senhor acha da baixa média de público do Campeonato Estadual?
Rubens Lopes: Não foi um fenômeno exclusivo do Rio. Aconteceu também em Minas e Porto Alegre. Contratei uma empresa (Sensor) para fazer uma pesquisa junto ao torcedor. Vamos tentar descobrir por que ele deixou de ir ao estádio ou por que nunca foi.
O senhor tem alguma tese para o que aconteceu?
Pode ter sido a dificuldade de comprar ingresso; a transmissão ao vivo dos jogos; o medo de sair e não conseguir voltar pra casa por causa de alguma enchente, ou a descoberta de que com o dinheiro de duas idas ao Maracanã era possível comprar o pacote do pay-per-view. São inúmeros fatores.
Qual a sua avaliação da média de público?
Foi horrível. Estou falando da Taça Rio. A média da Taça Guanabara ainda foi razoável, pois foi maior do que a de São Paulo. A média do Campeonato Carioca ainda é maior do que a média de público da Copa do Brasil. O que não significar que não houve uma queda absurda. Foi muito ruim.
O presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, sugere que no ano que vem seja dado um abatimento no preço do ingresso a quem comprá-lo com antecedência. A ideia é boa?
Antes do resultado da pesquisa que encomendei, vamos ficar num voo cego. Mas a ideia do Maurício não é ruim. Só não sei se conseguimos viabilizá-la junto à defesa do consumidor. Quem sabe? Existe esse desconto, por exemplo, na compra de passagens aéreas...
A arbitragem das semifinais da Taça Rio também foi um fracasso? O Willians fez pênalti?
Foi um lance polêmico. O árbitro estava encoberto. Qualquer câmera instalada na localização dele não mostraria nada. Mas não foi isso que fez o Vasco perder. Não aceito o clube atribuir o resultado do jogo a um erro de arbitragem. Por que o Vasco não diz que a culpa foi do Philippe Coutinho, que chutou aquela bola na trave? Por que não diz que o zagueiro (na verdade, o lateral Márcio Careca) fez pênalti no Léo Moura? A culpa foi de quem fez o pênalti! Mas todo mundo quer uma muleta...
Mas, presidente, no dia anterior, a arbitragem errou também ao validar um gol do Botafogo que teve participação do Herrera, impedido...
Quem errou não foi o árbitro, mas a assistente. Ela teve tanta convicção que nem deixou o juiz pensar duas vezes. E o goleiro (Rafael), que falhou duas vezes, inclusive naquele lance? E o Fred, que perdeu o pênalti? Mas ninguém está crucificando o Fred. É aquilo que eu disse há pouco: é mais fácil arranjar uma muleta.
O senhor está satisfeito com a fórmula do Campeonato?
Não sou eu que estou satisfeito. É Santa Catarina, que copiou a nossa fórmula. É o Rio Grande do Sul, que também copiou. É São Paulo, que está pensando em fazer o mesmo.
Com tantos clubes, o Campeonato não tem muitos jogos desinteressantes?
A questão é o desnível econômico entre o grande e o pequeno. O Flamengo e o Vasco ganham, pelo contrato da televisão, R$ 400 mil por jogo, para entrar em campo. Tem clube que recebe isso para jogar o Campeonato inteiro. Como essa equipe vai ser competitiva? E a televisão não quer se deslocar para fazer as transmissões. Então, o Flamengo só joga no Maracanã. Quando muito, joga em Volta Redonda.
O senhor não acha que esse foi o pior Estadual de todos os anos, ou , pelo menos, de um tempo recente?
Acho. Não posso dizer que foi o pior dos últimos anos, mas afirmo que foi muito aquém da expectativa. O desnível entre grandes e pequenos tornou-se muito evidente.