Estamos no século XXI - maio de 2013. Os sócios do Vasco, Marcelo Paiva e André Pedro, do site WebVasco e Marcus Simonini do blog Incondicionalmente Vasco, comparecem ao programa de rádio Caldeirão Vascaíno e expõem o desejo de que o clube possa fomentar em seu estádio a prática do Rugby.
Agora vejamos o século XX - meados de 1936. Viajamos no tempo dos registros históricos da memória vascaína e voltamos ao passado há exatos 77 anos. Dois sócios, dirigentes do Vasco: Álvaro Loureiro, este como diretor da recém criada sessão de rugby e Cabral de Almeida, preparador da equipe. Ambos se dispõem à empreitada de difundir o \"football rugby\" entre os sócios-atletas do clube.
A criação da Sessão de Rugby
Convocações dos sócios-atletas dispostos à prática do esporte são feitas pelos jornais do então Distrito Federal, que festejam a iniciativa. O treinamento é feito tanto no estádio de São Januário como na histórica praia de Santa Luzia.
O próprio entusiasta do rugby, Álvaro Loureiro, também incentivador da prática do ciclismo, da natação e do water-pólo no Vasco, esclareceu em depoimento à imprensa no início de 1937, o porquê de se treinar na praia:
\"- Desde as vésperas do natal de 36 que eu não reuno os rapazes para treinarem em São Januário. Dei-lhes férias, bem prolongadas... mas é preciso.
- Preciso dizer que não temos ensaiado no gramado, entretanto estamos fazendo uns treinos na praia. Coisa leve, apenas para que os rapazes não percam o gosto pelo Rugby.
- Resolvi esta modalidade de treinamento, visando dois objetivos: o primeiro, para que os Rugby-players tenham mais interesse pelo treino. Você compreende, na praia eles são vistos pelas mocinhas e dahi nascer neles um entusiasmo grande do qual resulta um treino proveitoso. O segundo objetivo é com os ensaios em público conseguir elementos para o quadro e fans para o Rugby\"
Exibições em tardes desportivas, onde a prática de diversas modalidades são realizadas para a família vascaína, então chamado no meio esportivo da época de \"torneios íntimos\", onde o rugby vascaíno também era demonstrado internamente entre duas equipes de \"quinze\" disputando entre si, ou ainda na preliminar do campeonato juvenil de futebol da cidade do Rio de Janeiro, quando estreiou a 9 de agosto de 1936, em São Januário.
A preliminar do Clássico da Paz
Diante de tanto esforço, surgiu uma a grande oportunidade de divulgação do rugby ao público em geral. Em 31 de agosto de 1937 estava desiginado aquele que a imprensa esportiva da época já nomeava como \"Batalha da Paz\" ou \"Clássico da Paz\". Vasco e América iriam disputar a primeira partida entre os clubes de futebol do Rio de Janeiro ligados a LCF - Liga Carioca de Futebol e a FMD - Federação Metropolitana de Desportos, que acabou após a fusão das duas para a criação da Liga de Football do Rio de Janeiro - LFRJ.
A iniciativa vascaína teve repercurssão, era noticiado qe a própria Federação Metropolitana criou a 7 de junho de 1937 o departamento de rugby da entidade. Os jornais da época anunciaram a preliminar com certo destaque.
O resultado da apresentação foi controverso, diante da falta de cultura para o esporte que era estranho para o público. Nem houve preocupação de se divulgar o score do jogo.
O jornal Gazeta de Notícias afirmava no dia seguinte que a \"disputa entre dois \"quinze\" do Vasco da Gama, revestiu-se de grande sensacionalismo, devido a ser a primeira apresentação nas canchas brasileiras. Entretanto, falta muito para constituir uma luta empolgante e cheia de interesse como se dá nos Estados Unidos\".
Já o Diário de Notícias afirmou que o jogo foi disputado com ardor! Fato é que não se teve mais notícia de nova exibição do rugby vascaíno para o público em geral, apesar das notícias do funcionamento da referida sessão até o fim do ano de 1939.
Em 1940 o Conselho Nacional de Desportos passou a reger o esporte nacional e suas modalidades, inclusive o rugby, deixando este de ser praticado no Vasco.
Por fim, a pergunta que fica. Poderá o Vasco voltar a praticar o rugby? Se não nos esquecermos do remo (esporte matter), do basquete, da natação, do futebol de salão, dentre tantas modalidades esportivas em que o Vasco gloriosamente já se sagrou campeão, a resposta é simples: porque não?