O Estádio de São Januário amanheceu com mensagens do lado de dentro da casa do Vasco e também na Barreira, comunidade localizada ao lado do estádio. Nas cadeiras sociais, o clube estampou "Resistir" e na marquise do estádio é possível ler "Barreira do Vasco, casa do legítimo clube do povo!"
Ao fundo está a favela da Barreira, comunidade que fica ao lado de São Januário. Em uma das casas também tem uma mensagem de agradecimento ao clube. A interdição do estádio afetou a vida de moradores e comerciantes da comunidade, que sofreram os impactos da ausência de torcedores por ali.
Pouco depois da assinatura do TAC com o Ministério Público, ocorrido na última quarta-feira, Gisele Cabrera, diretora jurídica do Vasco, ressaltou a importância da liberação de público para São Januário muito além do campo e bola, mas sim do entorno.
- O Vasco é a Barreira e a Barreira é o Vasco. A primeira pessoa que eu mandei mensagem quando assinamos o TAC foi a Vaninha (Rodrigues, presidente da Associação de Moradores). Ela tem um trabalho incrível na Barreira do Vasco. O sentimento é de alívio e preocupação. Querendo ou não, danos foram causados à Barreira do Vasco, que passou por esse período de fechamento. O momento é de união e que os torcedores vão para a Barreira do Vasco, aproveitem, consumem e ajudem os moradores a conseguir, ao menos, mitigar os prejuízos causados pela interdição.
Antes da assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), moradores da Barreira pediam ao clube que tomasse providência para acabar com a proibição de público nos jogos em São Januário.
O que é o TAC?
No Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), o clube compromete-se a implementar uma série de medidas de segurança no estádio, que não recebe torcida desde o dia 22 de junho, na derrota do Vasco para o Goiás (11ª rodada) que terminou com arremessos de objetos no campo e confronto com a polícia.
O acordo, agora, será homologado e entregue ao Tribunal de Justiça do Rio para extinguir o processo movido pelo Ministério Público, de onde saiu a liminar em vigor que impede a presença de torcida nos jogos. A expectativa é de que os portões sejam abertos para o jogo do Vasco contra o Coritiba, no dia 21.
A reunião realizada no gabinete da Procutadoria-Geral do MP-RJ, no Centro do Rio, contou com a presença de dirigentes do Vasco e representantes de diversas esferas, como o prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes e o presidente da Federação de Futebol do Rio Rubens Lopes. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros também participaram do encontro.
Quais os compromissos do TAC?
O principal ponto do acordo firmado entre Vasco e Ministério Público é a implementação do sistema de reconhecimento facial nas catracas de acesso a São Januário, que passará a ser o primeiro estádio do Rio de Janeiro a contar com essa tecnologia.
Para o jogo contra o Coritiba, a princípio a biometria não estará funcionando em todas as catracas. Existe a previsão de um evento teste no estádio para verificar a eficácia do sistema.
Além disso, o Vasco compromete-se a aumentar o número de câmeras de vigilância dentro e fora do estádio, algumas com acesso ao vivo por parte do centro de controle da prefeitura do Rio. Um posto do Batalhão Especializado de Policiamento em Estádios da PM também será instalado dentro de São Januário.
O TAC, por fim, estabelece deveres para os órgãos de segurança da cidade e incentiva uma responsabilidade coletiva.
O Vasco volta a campo neste sábado, às 16h (de Brasília), quando enfrenta o Fluminense no Nilton Santos, pela 23ª rodada do Campeonato Brasileiro. O clube é o mandante da partida, mas como ainda não havia definição sobre a possibilidade de ter São Januário à disposição, optou por levar a partida para outro estádio.