Foi Écio Pasca quem conseguiu convencer Dener, Sinval e Tico a disputar a Copa São Paulo de Juniores de 1991. O pequeno jogador da Portuguesa já estreara nos profissionais no fim de 1989 e não queria voltar aos juniores.
- Peguei um monte de camisa de uma loja que eu tinha e dei a ele. Mostrei para ele a importância de jogar a competição. Assim consegui convencê-lo - conta Écio Pasca, que se emocionou na chegada ao Canindé, abraçando e beijando um papelão que representa Dener no museu da Portuguesa.
O "Seleção SporTV" desta sexta-feira exibe documentário de 30 min sobre a trajetória do craque, que morreu aos 23 anos em acidente de carro na Lagoa Rodrigo de Freitas. Foi no dia 19 de abril de 1994. Nesta sexta, completam 25 anos da partida da revelação da Portuguesa, que também foi campeão no Grêmio e no Vasco - morreu poucos dias antes do clube de São Januário levantar o caneco do tricampeonato carioca.
Dener Augusto de Souza morreu aos 23 anos. Da trajetória irregular, que envolveu idas e vindas do futebol de salão - foi craque da quadra de cimento com Taquá, ex-jogador da seleção brasileira de futsal, e atuou ao lado de Gilmar, ex-zagueiro do São Paulo, e Dinei, ídolo do Corinthians -, aos episódios de indisciplina, Dener deixou saudade ate nos personagens mais críticos ao seu comportamento fora de campo.
- Parece que estou vendo ele na minha frente agora. Falava com ele, ele abaixava a cabeça e dizia "tá bom, professor, tá bom". Mas não adiantava. No dia seguinte vinha e fazia algo ainda pior - lembrou Leão, técnico da Portuguesa em 1991, quando Dener faz o golaço contra a Inter de Limeira. - Mas eu tenho saudade dele. Tenho saudade.
Além de Écio Pasca, a produção contou com ex-jogadores e outros técnicos de Dener. Amigo e quase irmão de Dener, Tico, ex-ponta direita da Portuguesa e que o conheceu aos 12 anos, contou o que ele escutou ao encontrá-lo em São Paulo, dias depois da estreia pelo Vasco, nos amistosos contra o Newells Old Boys, time de Maradona.
- Ele chegou e falou assim, daquele jeito dele: "Maradona já falou contigo? Maradona já te cumprimentou? Hein, seu prego" - lembrou, para risada de Cristóvão, meia na Lusa no início dos anos 1990, Sinval e Dinei, que também jogaram com Dener no Canindé.
Um grafite com Dener num mural de 2 metros surpreendeu a família na Vila Ede, em São Paulo, local onde Dener nasceu e cresceu. Com representação das camisas que Dener vestiu - incluindo as duas convocações para a Seleção e para o time brasileiro pré-olímpico -, o quadro é uma lembrança de um futebol raro e que encantou muita gente em tão pouco tempo de carreira.
- Ele foi e é amado. Isso que sustenta a gente - disse a tia Vanda Rodrigues, irmã da Dona Vera, mãe de Dener, que sofreu AVC recentemente.
O documentário também reconstitui o golaço de Dener contra o Santos em 1993, mostra os primeiros passos do neto Rafael na Portuguesa e conta histórias inéditas do "Reizinho do Canindé". Como, por exemplo, a guarda do carro de Dener há 25 anos bem ao lado de São Januário. O ex-vice de futebol José Luis Moreira ficou responsável pelo veículo, que está com ele em seu galpão desde 1994.
Dener Augusto de Souza
2/4/1971
Altura: 1,68m - Peso: 60 kg
Primeiro jogo como profissional: Grêmio 2 x 1 Portuguesa - 14/10/1989
Último jogo como profissional: Fluminense 1 x 1 Vasco - 17/4/1994
Pela Portuguesa (1989 a 1993)
86 jogos - 33 gols
Títulos de juniores (jogos e gols não contabilizados):
- campeão paulista 1990;
- campeão da Copinha 1991 (sete gols em 10 jogos).
Pelo Grêmio (1993)
15 jogos - 4 gols
Título: campeão gaúcho 1993
Vice-campeão da Copa do Brasil 1993.
Pelo Vasco (1994)
15 jogos - 5 gols
Título: campeão da Taça Guanabara 1994
Seleção brasileira principal e pré-olímpica
- 2 jogos pela seleção principal (3 x 3 Argentina; 3 x 0 Bulgária)
- 9 jogos seleção pré-olímpica - 1 gol.