As palavras rebaixamento e desmanche costumam andar de mãos dadas nas viradas de ano de clubes que têm a Série B como parte do calendário para temporada seguinte. No Vasco, era assim. Não é mais. Encarando a terceira queda em oito anos, o Cruz-maltino parece ter aprendido com os erros do passado e reduziu drasticamente os efeitos no elenco. As chegadas de Yago Pikachu e Marcelo Mattos contrastam com os 19 reforços contratados para primeira experiência na Segundona, em 2009.
Se a boa campanha na reta final do Brasileirão não impediu a queda, ao menos evitou que se criasse um clima de terra arrasada em São Januário. Em reunião logo na semana seguinte ao rebaixamento, Jorginho, Zinho e Eurico Miranda definiram que a manutenção da base experiente seria o principal "reforço" para 2016 e, dos titulares na última partida, contra o Coritiba, apenas Serginho - que tinha contrato terminando em dezembro - seguiu outro rumo e foi para o Sport.
No total, 15 jogadores deixaram o clube, mas a maioria por estar em fim de contrato. Guiñazu, Leandrão e Herrera foram as exceções. Ainda assim, o número é menor do que as 22 dispensas após o rebaixamento de 2008 e 18 em 2013. Quando o assunto é a chegada de reforços, a diferença é abissal. Enquanto apenas dois jogadores foram contratados para temporada que se inicia domingo, diante do Madureira, pela primeira rodada do Carioca, em 2009 e 2014 a marca atingiu quase duas e uma dezena, respectivamente.
Com Dorival Júnior no comando, o Vasco investiu em nomes como Fernando Prass, Fagner, Carlos Alberto, Nilton e Ramon para campanha que culminou no título da Série B e ainda deu início a parte do time campeão da Copa do Brasil, em 2011, e que chegou às quartas de final da Libertadores em 2012. Apostas como Paulo Sérgio, Léo Lima, Leonardo, Gian Mariano, Benítez e Pedro Vera, no entanto, não deram tão certo.
Ao todo, 19 jogadores chegaram, sem contar promessas que subiram da base, caso de Philippe Coutinho. Trupe que chegou para o lugar de medalhões rebaixados, como os ídolos Edmundo Pedrinho e Odvan. Cinco anos depois, as investidas no mercado diminuíram bem mais do que as dispensas: chegaram nove, saíram 18.
Martín Silva e Rodrigo, líderes do elenco atual, foram os tiros mais certeiros da diretoria, que apostou ainda em Aranda, André Rocha, Marlon, Everton Costa, Diego Renan, Douglas e Douglas Silva para temporada que terminou com o acesso na modesta terceira colocação. André, Marlone, Tenório e os goleiros Alessandro e Michel Alves foram algumas das vítimas do ano anterior.
O cenário apresentado neste início de 2016 e a comparação com os outros rebaixamentos reforçam o discurso de Jorginho de valorização do elenco que terminou o ano passado. Seguro das peças que tem em mãos, o treinador ressalta a preocupação em montar um time com variação tática e não de jogadores.
- Eu falei para diretoria da importância de manter a base. Perdemos, do time que terminou como titular (no último jogo), apenas o Serginho. O Rafael Silva saiu, mas nesse jogo com o Coritiba estava no banco. Isso é importante. Qualquer jogador incorporado no elenco sabe que há uma estrutura. Temos que ter um padrão tático e também buscar algumas possibilidades. É o que vamos desenvolver - disse Jorginho.
Além dos reforços de Pikachu e Marcelo Mattos, o Vasco iniciou 2016 com nove caras novas vindas das categorias de base. Mateus Pet, Matheus Índio, Gabriel Félix e Kadu, integrados definitivamente aos profissionais, e o quinteto Alan Cardoso, Andrey, Evander, Renato Kayser e Caio Monteiro, que vem sendo observado por Jorginho.