Na cabeça de Fabrício, parece não haver mais espaço para nada que não seja desfrutar de seu novo momento no futebol, após o calvário enfrentado no São Paulo, e curtir sua família. Talvez seja pouco para quem já esteve perto do topo e que admite não ter muitos anos de carreira em alto nível pela frente. Mas é o suficiente para deixar o volante do Vasco satisfeito. Arrependido dos erros que cometeu quando era jovem, garante que só quer saber de recolocar o clube carioca na elite e - quem sabe? - levar também a Copa do Brasil.
O motivo do foco é o amadurecimento pleno, a nova chance de trabalhar com Adilson Batista, de quem é fã confesso, e a empolgação de poder voltar em um time grande, que lhe deu apoio e a vaga de titular desde que foi contratado. O camisa 25 casou-se cedo, aos 21, e tem dois filhos. Isso não impediu que seguisse um caminho de excessos fora de campo. Além do apoio em casa, a transferência para o exterior, em 2005, e o atual treinador o ajudaram a mudar o comportamento e evoluir em outros sentidos por seus métodos.
- Não sou desses que esconde e diz que fez tudo certo. Me arrependo de bastante coisa, sim. Infelizmente, tomei um caminho que me fez perder tempo. Mas foi tudo uma vez só, não pode é insistir. O Japão me ajudou muito nisso, cheguei como a maior contração da temporada e para resolver. Estava também longe das amizades, daquele pessoal que atrapalha. Coloquei mais energia no campo e no dia a dia e evoluí. Hoje, graças a Deus sou tranquilo, e financeiramente dá para os estudos dos meus filhos. É o que eu quero.
O encontro com Adilson no Jubilo Iwata foi o início de uma parceria que veio a render frutos quando repetida no Cruzeiro, em 2009, com dois Mineiros e o vice-campeonato na Libertadores. Segundo as palavras de Fabrício, o chefe mexeu com a sua maneira de enxergar o jogo.
- Ele me ajudou demais na parte disciplinar, é um cara que trabalha muito pensando na vitória e pesou esse convite dele para vir para o Vasco. Aprendi a estudar mais o adversário que iríamos enfrentar. É uma coisa dele passar tudo mastigado como os caras jogam, não só em vídeo, mas demonstrando no treino. Assim você vai vivendo a partida três, quatro dias antes - explicou.
Tal admiração e a capacidade de se articular e se expressar, no entanto, não instiga o volante ao fazer planos a longo prazo. Virar técnico, nem pensar - "só se eu ficar louco", diz, "sinto falta da minha família e vou ficar com eles mais tempo possível". E prefere não se antecipar sobre uma possível renovação de contrato com o clube de São Januário.
- Meu foco agora é algo mais palpável, não distante do presente. Estou focado na volta do Vasco à Série B, na Copa do Brasil que vem forte aí e em terminar o ano jogando, na minha melhor forma, o que não acontece há um bom tempo. Aí depois a gente vê o que melhor.