Somente nas primeiras rodadas do Brasileirão deste ano já foram aplicados mais cartões vermelhos para técnicos do que em todo o campeonato passado, de acordo com o Espião Estatístico do ge. Em 2020, quatro técnicos já receberam cartão vermelho direto (Tiago Nunes, Guto Ferreira, Enderson Moreira e Mano Menezes), contra 3 em toda a temporada de 2019 (Fernando Diniz, Fábio Carille e Vanderlei Luxemburgo). Se contarmos até a 18ª rodada do ano passado, apenas Diniz havia sido expulso.
Uma das razões para o aumento das advertências aos técnicas pode ser a ausência do som da torcida que, em geral, abafa os excessos cometidos pelos treinadores durante os jogos, é o que sugere a comentarista de arbitragem Nadine Bastos.
- O fato de não ter a torcida se reflete em campo. Jogadores e comissão técnica estão reclamando cada vez mais sobre as decisões da arbitragem, que agora escuta tudo e precisa tomar uma atitude. Isso contribuiu para que esse número aumentasse, tanto na advertência como nas expulsões por reclamação, se comparado com a temporada passada - analisou.
Em menor proporção, o número de cartões amarelos também aumentou. Na última quarta, Vasco e Corinthians abriram a 18ª rodada deste Brasileiro. Estreante da noite, o técnico vascaíno, Ricardo Sá Pinto, foi advertido com um amarelo, o 26º entre técnicos em 2020. No ano passado, ao todo, foram apontados 54 cartões amarelos. Até a 18ª rodada, 22.
Para o comentarista e ex-jogador Roger Flores a exposição das reclamações na TV também pressiona a arbitragem.
- Dá para perceber muito mais os técnicos participando de uma forma menos educada. Com a exposição de um treinador ou outro na televisão cada vez mais a comissão vai cobrando, a tendência é aumentar mesmo o número de cartões - avaliou.
Cartões para técnicos Brasileirão 2020 (até início da rodada #18)
Cartões para técnicos Brasileirão 2019 (até rodada #18 completa)
Cartões para técnicos Brasileirão 2019 (completo)
A Comissão da arbitragem acompanha a situação
A Comissão de Arbitragem da CBF identificou o aumento da aplicação de cartões. Para tentar diminuir os atos de indisciplina, a comissão passou a orientar os árbitros reservas a evitarem conversas com treinadores e que deixem o controle disciplinar da partida é responsabilidade do árbitro central. De acordo com Leonardo Gaciba, chefe da comissão, esta foi a principal medida tomada para evitar conflitos.
- Creio que a ausência de torcida realmente seja o principal fator. Sem os torcedores fica mais claro quando há excessos que devam ser coibidos. Sim, realizamos um webinar precedendo o campeonato brasileiro sobre a linha de conduta da arbitragem. O tema foi abordado. Enviamos a todos os clubes que disputam as competições coordenadas pela CBF links com o conteúdo deste evento - contou Gaciba.