Um herói improvável. Esse roteiro parece ser conhecido do futebol brasileiro, mas foi ele que colocou Serginho na história do Vasco. Foi do camisa 70, o gol que confirmou a permanência da equipe na Série A do Campeonato Brasileiro, na vitória por 2 a 1 sobre o Red Bull Bragantino, na última rodada da competição, em São Januário. E não foi só o gol, ele também foi personagem principal no duelo.
Antes de deixar sua marca, de cabeça, Serginho ainda foi o responsável pela expulsão do zagueiro Léo Realpe, que acordou o Cruz-Maltino para a vitória. Naquele momento, com o empate e os resultados nos outros jogos, o Vasco seria rebaixado pela quinta vez.
Por ser um desconhecido no futebol brasileiro, Serginho chegou com desconfiança da torcida, mesmo com credenciais de destaque pelo futebol europeu. Como não estava nos grandes centros, o camisa 70 foi questionado. A volta por cima veio no momento que o Vasco mais precisava. E como um verdadeiro mineirinho. Bem quietinho, conquistou seu lugar.
O próprio atacante se define como ‘bem mineiro’. Em entrevista exclusiva à Itatiaia, o camisa 70 falou de seu jeito pacato e dos projetos para a próxima temporada.
“Eu sou bem mineiro mesmo, do jeito que todo mundo conhece. Gosto de ficar em casa, não sou muito de festas, essas coisas. Prefiro ficar com minha família, amigos e também gosto de viajar nos momentos possíveis”, explicou, completando sobre o futuro:
“Acredito que 2024 será um grande ano. Cheguei no meio da temporada, emendando com a da Europa, e em um momento em que o Vasco estava muito pressionado e não podíamos errar. Agora é diferente, pois terei uma pré-temporada para trabalhar, então acho que estarei mais preparado e as coisas vão ser melhores em 2024", disse.
Chegada ao Vasco
Se os torcedores não conheciam Serginho, o mundo da bola já sabia das qualidades do atacante. A chegada ao Vasco foi a escolha do atacante, que foi procurado por outras equipes. Entretanto, a opção veio pelo desafio e pelo peso de representar um dos maiores clubes do Brasil.
“Quando faltavam seis meses para terminar meu contrato lá fora, tive proposta de compra de outro clube do Brasil, mas o presidente do clube de lá não me liberou. Quando chegou a proposta do Vasco, eu não pensei duas vezes e quis sair de imediato, pois era um grande desafio pra mim”, contou, se definindo:
“Eu era uma boa oportunidade de mercado, titular, capitão da equipe, acabou atraindo outros olhares daqui”, analisou.
Herói do Vasco
Talvez nem nos melhores sonhos, Serginho se imaginava como o grande salvador do Vasco. Ele esteve em campo em apenas nove jogos, sendo oito com o técnico Ramón Díaz e somente um como titular. Porém, de forma tranquila, ele sabia que o seu momento de trabalho chegaria.
“Acho que tudo isso faz parte de um processo. Eu sempre treinei dando o meu máximo, respeitando todos os meus companheiros e as decisões do Ramon. Me esforcei sempre pelo meu lugar”, afirmou o atacante, que também marcou o gol da vitória diante do Atlético, no Maracanã.
Ou seja, dos 45 pontos que o Vasco conquistou, sendo 36 com Díaz, o atacante foi responsável diretamente por quatro. Tanto contra o Atlético como contra o Bragantino, ele desempatou o jogo. Com quatro pontos a menos que o atacante deu, o Vasco estaria rebaixado.
“O trabalho sempre se paga em algum momento. Ele confiou em mim naquela partida e eu consegui ajudar o Vasco com um gol importante”, celebrou.
Destaque na Turquia e início no Módulo 2 de Minas
De fato, aos 28 anos, natural de Belo Horizonte, Serginho não era um nome conhecido no futebol braileiro. No país, ele atuava profissionalmente apenas pelo Araxá e pelo Democrata de Sete Lagoas. Do Jacaré ele foi para a Europa. Mais precisamente para o Hajvalia, do Kosovo. Ele ainda passou pela Albânia e pela Macedônia do Norte até chegar no Giresunspor-TUR, onde realmente chamou a atenção do Vasco e de outros clubes.
Na Turquia, Serginho atuou por três anos, realizando 93 partidas, com dez gols e 19 assistências. Seu primeiro ano na Turquia, foram dez assistências em apenas 27 jogos. Mas o início na Segunda Divisão de Minas ainda foi o grande divisor de águas.
“Eu saí bem cedo do Brasil. Cheguei a jogar o Módulo 2 do Campeonato Mineiro, mas foi bem difícil pois não tinha muita estrutura. Depois disso, um empresário me viu jogando, apostou em mim e me levou pra Europa, onde fiz toda a minha carreira”, relembrou.
O contrato de Serginho com o Vasco vai até o final de 2025. Ele está nos planos do técnico Ramón Díaz para o início da próxima temporada e deve ganhar mais chances, após ser o grande herói vascaíno.