Nada de festança ou churrasco na última segunda-feira. Para comemorar o título, frango com quiabo, iguaria que Serginho sempre pede à mãe para fazer quando quer matar saudade de Minas. Pela primeira vez no Rio, o jogador ainda está conhecendo a cidade. No Vasco, entretanto, não sofreu com adaptação. Tem presença confirmada na estreia no Brasileiro, hoje, às 18h30m, contra o Goiás. Uma titularidade conquistada de cara e que já rendeu uma medalha em sua coleção de títulos estaduais.
— Tenho algumas que conquistei. Esse foi meu quinto Estadual, quatro Mineiros (pelo Atlético-MG) e um Carioca. Cheguei no Rio e já ganhei minha primeira competição. Dá um ânimo. Na minha casa tenho um cantinho em que guardo as medalhas. É para, quem sabe mais à frente, virar para o neto e falar “o vovô ganhou bastante coisa como jogador" — brinca o mineiro.
No Brasileiro, ele terá novo desafio: aprender a conviver com a sombra de Diguinho, apresentado esta semana. O reforço ainda não foi regularizado e, portanto, não tem condições de estrear. Mas os dois devem protagonizar uma disputa acirrada.
— Quando cheguei, em menos de uma semana já joguei. O Doriva optou pela minha entrada e o Sandro (Silva) soube respeitar isso muito bem, como eu respeitei o Sandro e o Lucas. Hoje não é diferente. Está chegando o Diguinho, que é da minha posição. Respeito muito e sempre deixo claro que todos os jogadores que vêm para somar vão ser recebidos de braços abertos. Independentemente de quem vai jogar.
Serginho já possui números para se defender nesta briga. No Estadual, foi um dos líderes do time em quesitos importantes para sua função, como desarmes, viradas de jogo e passes certos. O que não é de se espantar para um jogador que sofre forte cobrança dentro de casa. Com apenas 5 anos, sua filha Clarice faz mais linha dura que o próprio técnico Doriva.
— Ela cobra muito. “Ah, papai. Tem que fazer um gol para mim”. “Eu não gostei que o moço roubou sua bola”. “Papai, você só fica lá atrás roubando a bola. Quero que você vá para a frente fazer gol” — conta Serginho, que não consegue esconder a satisfação ao revelar que a filha nunca quis tirar uma foto com Ronaldinho Gaúcho porque considerava o pai o melhor jogador do Galo.
Acostumar-se ao Vasco não foi tarefa difícil. Assim que chegou, foi acolhido por Marcinho, seu companheiro no Atlético-MG. Nem mesmo trabalhar com o polêmico Eurico Miranda chegou a ser novidade, tendo em vista os anos em que atuou no Galo com Alexandre Kalil no exercício da presidência:
— Os dois têm quase o mesmo estilo, o mesmo jeitão. O Eurico é um pouco mais durão. Não com os jogadores, porque nesse sentido os dois são quase a mesma coisa. Mas com as pessoas de fora, você vê: o Eurico é mais.
O volante, inclusive, já somou pontos com o mandatário. Afinal, foi graças a um pênalti sofrido por ele que o Vasco venceu seu “campeonato à parte” contra o Flamengo nas semifinais do Estadual. Um lance tão polêmico que até hoje repercute.
Em meio ao papo com a reportagem, Serginho foi tietado por dois torcedores. “Você sofreu aquele pênalti contra o meu time”, lembrou um deles, flamenguista, que preferiu se calar quando o volante pediu sua opinião sobre o lance. Ele mesmo admite que se assustou com a repercussão e, confessa, recorreu às imagens da TV para confirmar que fora derrubado.
— É esquisito, né? Todo mundo fala “Foi? Não foi?”. No lance, eu senti o toque. Para mim não tinha dúvidas: foi pênalti. Mas tanto falaram depois que eu: “Peraí. Deixa eu ver também". Sabe? Então, vi algumas vezes sim e foi pênalti.
De uma coisa ele não duvida: está satisfeito no Vasco, onde jogar tem um sabor especial. Quase tão bom quanto galinha com quiabo.