O último aceno, o derradeiro adeus. Cerca de 400 pessoas enfrentaram o calor de meio-dia para se despedir do Mestre Armando Nogueira, vítima de câncer no cérebro aos 83 anos. Coberto com as bandeiras do Botafogo e do Acre, seu estado natal, o corpo do jornalista saiu do Maracanã onde foi velado na Tribuna de Honra do estádio ainda de manhã, em direção ao Cemitério São João Batista, na Zona Sul do Rio. Lá, reencontros, abraços, lágrimas e muitas lembranças. As palavras de conforto vieram do próprio filho, que agradeceu a presença de amigos famosos e anônimos.
O Brasil não perdeu o Armando Nogueira porque as palavras são eternas emocionou-se o filho único, Armando Augusto Magalhães Nogueira, conhecido como Manduca, que tem 55 anos e também é jornalista. Sabendo da trajetória de meu pai, eu não tinha a menor dúvida que a festa seria bonita. Eu tenho certeza de que o séquito de admiradores dele é enorme.
Exatamente terça-feira fez dois anos que Armando Nogueira visitou o Maracanã pela última vez justamente para inaugurar uma sala na entrada da tribuna de imprensa que leva o seu nome. Já no cemitério, enquanto integrantes do Clube Esportivo de Ultraleve uma de suas paixões era pilotar aeronaves de pequeno porte se exibiam no céu azul, torcedores do Botafogo cantavam o hino do clube.
A explosiva mistura de calor com emoção fez Carlos Heitor Cony passar mal. Ele precisou ser atendido por familiares, que atribuíram à pressão alta o mal-estar do escritor.
Armando Nogueira formou a santíssima trindade da crônica esportiva junto com Mario Filho e Nelson Rodrigues disse Cony, pouco antes de passar mal.
Entre várias personalidades que foram se despedir, Ziraldo discursava sobre a importância de Armando para a imprensa brasileira. Para ele, além de ter sido pioneiro no telejornalismo brasileiro, o amigo tratou as palavras com o merecido respeito e fugiu dos problemas com delicadeza ímpar.
Nos anos 70, ele fazia um jornalismo literário quando ninguém fazia. Em uma época, aliás, que não se recomendava fazer.
O jornalista e escritor Zuenir Ventura complementou:
- O Armando é presente, não é passado.
Homenagens oficiais
O governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes decretaram luto oficial de três dias. A secretária estadual de Esportes e Lazer do Rio, Márcia Lins, disse que vai inaugurar no Maracanã a Academia de Ideias Armando Nogueira, próxima ao hall dos elevadores. Já a CBF determinou um minuto de silêncio nos jogos da Copa do Brasil desta semana.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou nota de pesar pela morte do jornalista:
Foi um dos nomes de maior destaque da história do jornalismo brasileiro, especialmente na televisão e na crônica esportiva. Tinha talento de sobra que lhe permitiu atuar em diferentes mídias, sempre com o mesmo brilho e a mesma preocupação com a qualidade do texto e da informação.