Política

Sérgio Frias fala em aumento da arrecadação e revela planos para o Vasco

Sérgio Frias foi o último dos candidatos à presidência do Vasco a se colocar na disputa. O professor de 50 anos postergou até onde pode. Quando viu que nenhum dos nomes que se lançaram anteriormente preenchia os requisitos que havia estabelecido, alguém com experiência prévia do Cruz-maltino e participação nas gestões passadas de Eurico Miranda, resolveu ser o representante de si mesmo.

Ele é o quinto dos cinco candidatos a responder às perguntas de O GLOBO sobre os maiores desafios no horizonte do Cruz-maltino: gerar receitas, reduzir as despesas, crescer estruturalmente, administrar os problemas a curto prazo e, principalmente, voltar a ter um futebol vencedor. Para todos que pretendem ocupar a cadeira mais alta da Colina, mais importante do que saber o que se pretende fazer, é como fazer.

O candidato da chapa "Aqui é Vasco" concorre pela primeira vez à presidência do clube de São Januário e desponta como o nome que mais tenta se aproximar da maneira com que Eurico Miranda, ex-presidente do clube, morto em 2019, pensava e geria a Colina. Apesar da divisão dos antigos eleitores de Eurico pelas chapas concorrentes, conseguiu as 160 assinaturas necessárias para a formação da chapa.

Cabeça do grupo "Casaca", ele terá um ex-dirigente do Vasco na última gestão de Eurico Miranda como vice-presidente geral: Marco Antônio Monteiro, que foi vice de marketing entre 2015 e 2017. Uma parte do "Casaca" rompeu com Sérgio Frias em 2019 e formou o "Fuzarca", grupo que nesta eleição apoia Luiz Roberto Leven Siano.

Como melhorar a arrecadação do clube?

É preciso recriar o círculo virtuoso de melhorar a cota de TV (haverá contratos a serem discutidos), recuperar as certidões negativas, manter a mobilização do sócio-torcedor, mostrando que o dinheiro é aplicado no futebol, e garantir melhores negociações de e com jogadores.

A busca por parceiros, mesmo num quadro internacional adverso, é viável desde que o Vasco mostre estabilidade política.

Como diminuir/administrar a dívida?

O primeiro ponto é brecar o aumento da dívida trabalhista ao não fazer o que as administrações Dinamite e Campello fizeram: demitir mais de uma centena de funcionários sem pagar os direitos e acordos. Isso multiplica o débito por três ou quatro. As demais dívidas devem entrar em renegociação e os acordos devem ser cumpridos. Isso foi feito entre 2015 e setembro de 2017. O Vasco teve certidões negativas, conseguiu recursos públicos e os salários permaneceram em dia. O clube só voltou a ter problemas no fim de 2017, durante o conturbado período eleitoral. Não atrasar acordos, não demitir sem pagar os direitos.

É importante ressaltar que as respostas às duas primeiras perguntas são movimentos simultâneos: aumentar a receita e administrar a dívida.

Quais são seus planos para a infraestrutura (São Januário, cT...) do clube?

Primeiramente, é importante ressaltar que o plano para as sedes náuticas do clube é o de elas se tornarem mais atrativas para o público e ponto de encontro dos associados, como também será a sede principal do Vasco, que possui um complexo poliesportivo invejável e deve ser repleto de crianças, jovens e adultos no dia a dia e não tão somente ser frequentada pela massa em dias de jogos do Vasco.

A ideia nossa é finalizar o CT, aprofundar o uso de Caxias para a base e partir para a reforma de São Januário. Se o quadro econômico do país não permitir a reforma que todos querem, é possível ampliar a capacidade com recursos próprios do clube e ações de marketing que proporcionem mais verbas para tal.

Há um projeto para a construção de uma entrada de visitante pela Rua São Januário com uma arquibancada na curva da ferradura. Isso ampliaria a capacidade e daria segurança até que a reforma total fosse feita. Uma obra simples, que aumenta a capacidade do estádio e traz segurança maior aos torcedores em geral nos jogos, principalmente, contra clubes de massa.

Como melhorar o desempenho do futebol?

A montagem de um plantel demanda cuidados dos mais diversos e deve ser entendida como um trabalho da direção junto à comissão técnica e profissionais do meio assalariados. Uma espinha dorsal, utilização da base e atletas funcionais, criteriosamente escolhidos a partir de pesquisas extensas sobre características e encaixe para o elenco. No meio do futebol os profissionais se falam e é preciso que vejam no Vasco um porto seguro. Os atletas que chegam ao clube devem ter como paradigma o tamanho do Vasco, os que não souberem do tamanho da nossa história que tenham subsídios para absorver isso rapidamente, os profissionais do clube devem ser escudados pela direção e o compromisso com a vitória e as conquistas, não mero discurso, mas preceito. No decorrer da história do Vasco, inúmeros times vencedores foram montados sem muita massificação midiática quanto à sua capacidade e comprovaram com o tempo terem qualidade superior a outros mais badalados. O favoritismo do Vasco num jogo ou competição começa na crença dentro do clube de que o Vasco pode, na crença de sua apaixonada torcida, que o motiva, até chegar ao público em geral. Quem conhece a história do Vasco sabe perfeitamente que títulos conquistados como o de 1923, 1948 (Sul-Americano), 1952, 1956, 1965 (Taça Guanabara), 1966 (Rio-São Paulo), 1970, 1974, 1982, 1988, 1992, 1993, 1997, 1998 (Libertadores), 2011, 2015 e 2016 não se deram com a expectativa inicial de favoritismo. Isso se constroi ao longo da competição.

Qual é a prioridade nos primeiros 100 dias de gestão?

Cem dias é muito pouco frente a três anos, mas eu diria que recuperar a voz política do Vasco e a credibilidade com quem se negocia é fundamental.

Fonte: Agência O Globo
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