Ele virou Reizinho e foi coroado no Rio de Janeiro. Mas antes de conquistar os súditos cariocas e mundo afora, Juninho Pernambucano começou a construir seu título de majestade no Recife, onde nasceu, cresceu se destacando no futsal, e deslanchou de vez no futebol de campo pelo Sport. A história deste início é o tema do terceiro e último episódio da segunda temporada da Série Imortais.
O primeiro time de Juninho foi o Albatroz, equipe de futsal feita, inicialmente, para gerar atividades às crianças de férias no condomínio onde ele morava com a família. Mas a equipe ficou um pouco mais séria ao ganhar um torneio aberto sub-10 contra equipes grandes da capital: Santa Cruz, Náutico e Sport. E ele foi o artilheiro.
"Juninho desde pequeno gostou da bola. Não só de futebol, mas de vôlei, basquete... A bola que você desse a ele, demonstrava muita qualidade", lembra Betinha Reis, uma das irmãs do ex-jogador.
Depois de se destacar em competições juvenis e infanto-juvenis de futsal por Náutico, Banorte e Votorantim, Juninho precisou convencer principalmente o pai a começar na carreira de futebol. Entre os causos contados pelos familiares no episódio, Seu Antônio costumava furar as bolas que tinha em casa para que o jovem focasse nos estudos.
Após quase jogar pelo Santa Cruz, Juninho passou num teste pelo Sport em 1991, onde iria atuar no time que sempre sonhou.
- Perguntei onde morava, onde estudava. Só Classe A. Aí eu digo: "Rapaz, tu galego, branco, do olho claro, viesse fazer o quê?" Acostumado só a receber gente da periferia, pessoal que veio tentar a vida através do futebol. Foi uma grande surpresa receber Juninho - lembra Hugo Benjamin, coordenador de base do Sport.
"No começo era engraçado, porque eu vim de Rio Doce (bairro de Olinda), morava dentro do mangue, e Juninho já tinha até um estilo físico de um playboy", lembra bem-humorado o ex-meia Chiquinho, parceiro na base do Leão.
Tanto Chiquinho como os ex-zagueiros Adriano e Sandro - todos do timaço de 1994 do Sport - também são responsáveis por contar boas histórias do início de Juninho. Sejam elas engraçadas, relacionadas ao medo do ex-jogador de andar de elevador, e outras diretamente relacionadas ao futebol, como os primeiros treinos das mortais cobranças de falta que virariam marca registrada.
Após títulos do Pernambucano e do Nordestão daquela temporada, além de boa campanha no Brasileiro, não demoraria para Juninho deixar a Ilha do Retiro. Foi para o Vasco, onde ganhou estadual, dois Brasileiros e Libertadores. Depois, no Lyon, foram sete títulos do Campeonato Francês. E o ponto alto na seleção brasileira, com gol e titularidade em dois jogos na Copa do Mundo de 2006.