Pode ser uma questão de afinidade cromática, de solidariedade histórica, de falta de grandes decisões de títulos nacionais entre si, não se sabe. O fato é que se Vasco ou Botafogo ficar feliz com o rebaixamento do rival para a Série B, será menos por causa de uma inimizade secular e mais porque, a essa altura do Brasileiro, a queda do adversário poderá significar a própria permanência na Primeira Divisão.
Neste domingo, a tradicional cordialidade entre as equipes, originada no começo do século XX, quando o Vasco, ainda sem São Januário, mandava suas partidas em General Severiano, terá de ser deixada de lado. As equipes se enfrentam às 20h30, na Colina, pensando, antes de mais nada, numa vitória como colete salva-vidas. Se só houver um desses no barco, o outro que se afunde.
Os números atuais mostram equipes em condições bem diferentes na briga pelo mesmo objetivo, que é se manter na Série A. Fora da zona de rebaixamento e com um jogo a menos, o Vasco de Vanderlei Luxemburgo depende apenas de si e de um aproveitamento não muito extraordinário para seguir na elite. Imaginando que os adversários diretos na tabela mantenham, nas dez últimas rodadas, o aproveitamento de pontos que tiveram nas primeiras 28, o time da Colina só precisa deixar a maré levá-lo para a praia em segurança.
Já o Botafogo tem muito o que remar e, se não começar esta noite, com uma vitória no clássico, pode ficar muito difícil superar a correnteza. Conquistar seis vitórias e um empate em dez jogos não é tarefa fácil nem para quem briga por vaga na Libertadores. Que dirá para o time alvinegro, que está desde a 20ª rodada na zona de rebaixamento.
O melhor dos cenários, para a dupla e para o futebol carioca, seria que ambos conseguissem se manter na elite do futebol brasileiro. Neste caso, o resultado deste domingo, seja ele qual for, seria apenas mais um, sem deixar maiores cicatrizes, daqueles que serão motivo de risadas na mesa do bar depois que a vacina da Covid-19 estiver presente na vida dos cariocas. Num cenário desses, com os adversários mantendo os aproveitamentos de pontos atuais, as duas equipes precisariam chegar aos 43 pontos ao fim da 38ª rodada. Para o Botafogo, isso significaria conquistar 20 pontos de 30 possíveis. Para o time de São Januário, 14 de 33.
Desfalques
A partida deste domingo pode representar o choque de realidade que faltou para Vasco e Botafogo nos confrontos anteriores que protagonizaram na temporada. No primeiro turno do Brasileiro, o Vasco venceu o Botafogo por 3 a 2, resultado que deu a falsa impressão de que o “ramonismo” poderia colocar o time na briga por vaga na Libertadores. Na sequência, as equipes jogaram pela Copa do Brasil e a classificação passou aos alvinegros a ideia de que a má fase na temporada era algo apenas passageiro.
Para o clássico desta noite, o técnico Vanderlei Luxemburgo terá o desfalque de Léo Matos, que recebeu o terceiro amarelo. Além dele, Ricardo Graça está fora, após operar o apêndice.
Já Eduardo Barroca, pelo lado do Botafogo, terá as ausências de três titulares: Marcelo Benevenuto, Caio Alexandre e Matheus Babi. O trio recebeu o terceiro amarelo na derrota para o Athletico, na última rodada, no Nilton Santos.