Com São Januário assombrado por profunda crise financeira e técnica, o presidente Eurico Miranda deu início a uma operação abafa. Nesta terça, anunciou a contratação de uma auditoria e disparou contra o seu antecessor, Roberto Dinamite, que segundo o dirigente é o culpado pelo caos. Vindas de um personagem que, na década passada, protagonizou uma série de escândalos, as acusações mostram que, independentemente de gestão, negociações mal explicadas são fantasmas dos quais o clube não consegue se livrar.
O mesmo Eurico que, em 2001, foi investigado pela CPI do futebol por desvio de mais de R$ 12 milhões, fruto da parceria com o Nations Bank, para uma conta particular em paraíso fiscal; e que, na mesma época, foi acusado de dar calote de R$ 14 milhões na empresa criada para gerir a imagem do clube (a VGL, Vasco da Gama Licenciamentos), agora atira a pedra. E acusa Dinamite de ser responsável por, em seis anos, elevar a dívida do clube de R$ 354 milhões para R$ 688 milhões (aumento de 94%).
— Não sei como setores da mídia vão ouvir a opinião de Roberto Dinamite. Ele não tem a menor condição de dar qualquer opinião sobre o Vasco. O que ele fez foram crimes — disparou Eurico, que reuniu toda a diretoria para passar a imagem de que não há racha político, mas não deixou ninguém falar.
Dinamite é responsabilizado por 4,5 milhões de euros (R$ 17 milhões) não pagos em contratações, de confessar débitos no último dia do mandato (e, com isso, deixá-los para a atual diretoria), de conduzir mal a negociação com Romário e de entregar o cargo com impostos e salários atrasados. Um rigor infelizmente não visto há dois meses, quando o clube perdoou dívida de R$ 3 milhões do próprio presidente, que usou dinheiro do Vasco para pagar uma indenização particular.
Procurado, Roberto Dinamite não atendeu à reportagem. Enquanto isso, resta ao torcedor se acostumar a uma rotina cada vez mais marcada por acusações do que por vitórias.