Três sócios do Vasco protocolaram na última segunda-feira uma carta endereçada ao Conselho Fiscal do clube, na qual cobram explicações sobre um gasto mensal de R$ 3,5 milhões. O valor, segundo eles, é referente a multas cobradas pelo não cumprimento de acordos com ex-funcionários, feitos durante a gestão de Alexandre Campello.
Procurado pela reportagem, o Vasco afirmou que 99% dos acordos estão quitados até fevereiro e que houve nova audiência na última segunda-feira para repactuar 40 situações. A diretoria disse ainda que o valor de R$ 3,5 milhões se refere ao total de acordos e não às parcelas em atraso.
De acordo com a carta dos sócios, existem cerca de 100 processos contra o Vasco no Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro. A grande maioria data entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019 e têm incidência de multa moratória mensal em caso de não cumprimento. Somando todas as ações, chega-se aos R$ 3,5 milhões (veja tabela abaixo).
O documento é assinado por Clóvis Munhoz, ex-médico do Vasco, Ricardo Cotta (ambos do grupo político VascoMed, de oposição a Campello) e o conselheiro Eduardo Raia. Eles pedem que o Conselho Fiscal examine as informações dos processos para adotar "medidas dentro de suas atribuições".
Procurado pelo GloboEsporte.com, o Vasco enviou a seguinte explicação:
"Sobre a pesquisa realizada no site do Tribunal Regional do Trabalho, que indicou um total de 66 processos, com valor de R$ 3.500.634,37, prestamos os seguintes esclarecimentos:
•Esse valor se refere ao total dos acordos e não a parcelas em atraso;
•O Clube hoje tem um total de 140 acordos trabalhistas em vigor;
•Desde dia 13 de março o Clube vem realizando o pagamento de todos os acordos vigentes até fevereiro;
•Nos dias 14 e 19 de março o Clube teve suas contas bloqueadas, o que impossibilitou qualquer pagamento;
•No dia 18 de março houve nova audiência no Tribunal Regional do Trabalho, na qual foram repactuados 40 acordos, dos quais 95% já se encontram com suas parcelas pagas até fevereiro;
•Hoje 99% dos acordos se encontram quitados até fevereiro. Aqueles ainda não quitados tratam de pessoas com problemas de bloqueio e limite excedido em suas contas pessoais.
Em atenção específica à possível temeridade citada pelos três sócios, entendemos que temerário, sim, seria o Clube continuar a acumular dívidas superiores a sua arrecadação. Com o controle das despesas seguido à risca por esta gestão, foi possível executar apenas 83,5% dos custos orçados para o exercício de 2018, representando uma economia para os cofres do Clube de R$ 37 milhões e criando maior equilíbrio em suas contas, que se encontravam fragilizadas ao longo dos anos.
O Vasco deixa claro que as despesas diretamente ligadas a pessoal constituem o maior ônus por exercício, e sem um rígido controle sobre elas é impossível a qualquer tempo sanar o problema de geração de caixa do Clube."