Rio - Uma imagem, diz o ditado, vale mais que mil palavras. A foto do pequeno vascaíno Victor Rodrigues aos prantos, com as mãos na boca, estampada na capa do jornal O DIA em 8 de dezembro do ano passado na ocasião do rebaixamento do time à Segunda Divisão resumiu perfeitamente o desespero e a frustração dos torcedores que presenciavam o momento mais triste da centenária história do clube.
Menos de um ano depois, o garoto de 10 anos que dizia com orgulho ser vascaíno aconteça o que acontecer, virou o jogo e, após suportar as provocações dos amigos do colégio, desfruta o gostinho de tirar onda com a turma. A galera duvidava, mas passei o ano inteiro dizendo que, com esse time, o Vascão subiria que nem foguete, festeja Victor Rodrigues, entre os colegas do Centro Educacional Vieirense, em Campo Grande, onde estuda.
Apesar da confiança na equipe, o pequeno torcedor quase não acredita que está comemorando o retorno à Série A depois de tanto sofrimento. Daqui a algumas semanas, Victor espera celebrar o primeiro título de sua vida ele confessa que não lembra do Estadual de 2003, última conquista vascaína: Será o melhor momento da minha vida.
Na escola, garante a tia Lucia Liria, sua professora, Victor é destaque em matemática. Ele leva a sagacidade para as análises dos jogos. O último Vasco x Bahia foi onde o time rendeu melhor, comenta, com a propriedade de um veterano numa mesa-redonda.
Fã de Fernando Prass
É, parece mesmo um sonho, mas trata-se de pura realidade. Depois de vibrar com a volta à Série A, Victor agora pensa em aumentar sua já enorme coleção de itens vascaínos, que reúne um punhado de camisas, pôsteres, bandeiras, toalhas e todos os ingressos dos jogos da campanha deste ano, que contaram com seu pé-quente, sempre junto do pai, Eduardo, também apaixonado pelo clube. Nunca estive pessoalmente com os jogadores, meu sonho é conseguir autógrafos e fotos com eles, principalmente com o Fernando Prass, revela o garoto. Sou tão fã do goleiro do Vasco que, quando jogo pelada, eu gosto é de ficar no gol.
Na volta ao colégio, amanhã, tia Lucia já sabe que terá um dia difícil: Eles gostam de disputar entre si, e sempre que a turma se reencontra depois de um jogo importante não é fácil segurar a atenção.
Depois da tentativa de suicídio, a redenção
No dia 7 de dezembro de 2008, o balconista Luiz Fernando Vilaça assustou o Brasil ao ficar pendurado na marquise de São Januário e ameaçar se suicidar minutos depois do fim da partida contra o Vitória, que decretou o rebaixamento vascaíno. Onze meses depois, Luiz Fernando encara o ano de 2009 como um renascimento pessoal e a redenção da equipe.
O balconista garante que, em seu coração, o sentimento nunca parou. Por isso, no início deste ano, ele apelou para a fé e fez promessas para São Jorge e para o Cristo Redentor. Prometi que iria ao Corcovado vestido com o uniforme completo cruzmaltino levando meu São Jorge se o Vasco voltasse à elite. Fiz isso porque nunca tive a chance de conhecer o Cristo Redentor e achei que a oportunidade era única, porque seria inesquecível marcar essa visita numa ocasião tão especial.
Depois de realizar o sonho de ver o monumento de perto, ele visitou São Januário, onde viveu muitas alegrias, mas também o dia mais triste de sua vida. Não gosto de lembrar daquele momento e nem de olhar a marquise. Fico até com medo de ver de onde eu tentei pular. Jamais faria novamente, diz Nando, explicando os motivos para tal loucura. Estava passando um momento muito difícil na minha vida. A queda do Vasco foi a gota dágua, pois esse clube é a maior paixão da minha vida.