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Sorato relembra parceria com Nelsinho Rosa

Fala mansa, capacidade de ensinar e se comunicar, transparência e grande conhecimento sobre o jogo. São essas as características principais do treinador que conduziu o Vasco ao título brasileiro de 1989. Comandante da segunda taça nacional do clube, Nelsinho Rosa faleceu na última terça-feira - quatro dias antes de o Vasco voltar ao Morumbi, palco daquela conquista.

O ge conversou com Sorato, autor do gol da vitória por 1 a 0 sobre o São Paulo na final. O atacante contou como Nelsinho liderou o time, que chegou a ser chamado de “SeleVasco”, rumo ao título.

O corpo de Nelsinho Rosa será velado nesta quinta-feira, das 9h às 14h, na sede do Madureira. Seu sepultamento será no mesmo dia, no Cemitério de Irajá.
 

Nelsinho muda os rumos do time

Enfraquecido pelas saídas de Roberto Dinamite e Romário, o Vasco iniciou mal a temporada de 1989. Depois de dois títulos cariocas seguidos, o time não conseguiu conquistar o tricampeonato estadual no primeiro semestre daquele ano. A história muda no Brasileirão. O clube qualifica o elenco, com a contratação de Bebeto junto ao Flamengo, por exemplo, e muda o comando com a chegada de Nelsinho Rosa pouco tempo antes da estreia na competição.

- Aquele time era muito bom tecnicamente, de alto nível, uma seleção mesmo. E o Nelsinho era o maestro, grande idealizador de tudo que aconteceu. Tinha um jeito muito tranquilo, dificilmente levantava a voz, passava tudo sem se exaltar, com conhecimento de futebol impressionante. Fazia as ideias serem fáceis de assimilar, um mestre com capacidade absurda de ensinar - disse Sorato.

- O time foi melhorando com a condução do trabalho. Era um timaço, com muita qualidade, mas a forma como ele conduziu melhorou tudo. A gente viu o time crescendo, se firmando e atingindo o ápice na reta final. Muita maestria e segurança do Nelsinho - completou o atacante.
 

O trabalho rendeu resultados de cara, com vitória já na estreia, em 7 de setembro, em cima do Cruzeiro, fora de casa. O Vasco somou cinco vitórias e quatro empates na primeira fase, perdendo apenas para o Palmeiras.

A paciência e comunicação de Nelsinho Rosa foram fundamentais para a volta por cima do Vasco. Afinal, aquele time era formado por muitos jovens, entre eles Sorato, Bismarck e William. Mas tinha nomes experientes, casos de Luiz Carlos Winck, Marco Antônio Boiadeiro, Quiñonez e Bebeto.

- Eu era jovem, tinha 20 anos, e ele tinha essa preocupação com os mais novos, de conversar. Ele me procurou algumas vezes para dar toques e fazia isso com outros também - lembrou Sorato.

Atacante vai para o banco

Depois de uma boa primeira fase, o Vasco oscila na segunda parte do campeonato, com dois empates e uma derrota para o rival Flamengo nas três primeiras rodadas. Nelsinho, então, resolve mudar o time e saca aquele que seria o herói do título de 1989. Nada que tenha abalado Sorato.

- Ele conversa comigo que o momento não é bom, fala para eu treinar que ele ficaria me avaliando e eu retornaria quando estivesse bem. Comecei a me dedicar, trabalhar no dia a dia e, na reta final, a oportunidade apareceu - comentou o ex-atacante, que continuou:

- Jogador nunca gosta quando sai, mas quando existe o olho no olho, a conversa franca, e ele era assim com todos. Conduzia tudo com transparência e nos passava muita confiança. Por isso foi um trabalho de muito sucesso.

Antes do gol do título, Sorato já havia sido importante para o Vasco. Marcou em três dos últimos quatro jogos do time: além do São Paulo, o atacante também garantiu a vitória por 1 a 0 sobre o Corinthians, na penúltima partida da segunda fase, e assegurou o empate em 2 a 2 contra o Botafogo, pela 16ª rodada. Resultados que colocaram a equipe na final.

- Ele percebeu minha condição e foi me mantendo no time. Não só o gol da final marcou, mas teve um contexto anterior. Todo trabalho dele, que foi conduzido de maneira magistral para que chegássemos no auge. Treinador e pessoa espetacular, de fácil trato, de caráter, uma pessoa muito boa - afirmou.

O Vasco de Nelsinho terminou o Brasileirão de 89 com nove vitórias, oito empates e duas derrotas. Marcou 27 gols e sofreu 16. O time-base era formado por: Acácio, Luís Carlos Winck, Marco Aurélio, Quiñonez e Mazinho; Zé do Carmo, Boiadeiro, William e Bismarck; Bebeto e Sorato.

Meses depois, ainda badalado pelo título brasileiro, o Vasco teve cinco jogadores convocados para a Copa do Mundo na Itália: Acácio, Mazinho, TIta, Bismarck e Bebeto.

O Morumbi, palco do título de 89, cruzará de novo o caminho do Vasco no próximo sábado, às 18h30, quando o time enfrenta o São Paulo, pela sétima rodada do Campeonato Brasileiro.

Fonte: ge
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