Depois de uma passagem pelo futebol árabe e uma reaproximação com o Vasco, o volante Souza optou por defender as cores do Besiktas, da Turquia. Aos 32 anos, e na primeira temporada com a camisa do clube, ele viu que fez a escolha certa, vivendo hoje a melhor fase de sua carreira como um dos principais nomes da equipe, que está muito perto de faturar o Campeonato Turco e a Copa da Turquia.
"Eu achei que o início poderia ser um ponto difícil, pela questão física, a velocidade do jogo. Na Arábia, o jogo é mais lento, pelo calor, pelos campos. Sinceramente eu fiquei até um pouco surpreso com meu início aqui no Besiktas . Sabia como era aqui, a correria, a parte física que conta muito. Mas desde os primeiros treinos me senti muito a vontade e consegui desempenhar um bom futebol", disse Souza em entrevista exclusiva à Goal .
" Não tenho dúvida que vivo o melhor momento da carreira , com confiança, experiencia. No São Paulo também tive uma fase muito boa, fui convocado para a seleção brasileira, mas hoje essa fase agrega à experiência, o que eu aprendi no futebol europeu, na Arábia. Isso me deu uma segurança maior."
Desde que deu os primeiros passos como profissional, Souza foi monitorado pela seleção brasileira. Teve algumas oportunidades, mas não chegou a se firmar. Hoje, mais experiente e jogando em alto nível, ele garante que não ficaria surpreso se recebesse outra chance.
"Sei que hoje é difícil voltar para a seleção, por jogar numa liga de menor visibilidade, mas sei que se voltasse, para mim não seria surpresa nenhuma. Eu acompanho muito o futebol mundial, assisto a todas as ligas e acho que não estou abaixo de ninguém . Se você falar de ligas, 'ah mas a liga turca é abaixo da espanhola', mas também se eu jogasse ao lado de jogadores de extrema qualidade, não tenho dúvida que meu futebol elevaria. Acho que se fosse convocado, não seria surpresa."
Em 2020, ao rescindir com o Al Ahli e antes de assinar com o Besiktas, o Vasco chegou a "namorar" Souza, mas a situação não passou disso. O volante preferiu ir para a Turquia, o que causou certa frustração na torcida.
Vascaíno declarado, ele explica a opção de não voltar ao futebol brasileiro.
"O que mais pesou, no momento, foi que eu saí da Arábia, tinha um contrato muito bom, o maior da minha vida, mas não recebi ele todo . Fiquei dois anos e so recebi um ano e pouquinho. Falei que preferia sair para outro clube, continuar na Europa e poder resolver minhas questões no Brasil", explica o jogador.
"Quando assinei com o Al Ahli fiz planos, decidi fazer uma 'mega' casa no Rio, comprei terreno gigante, a gente tem que pagar os construtores, uma série de coisas. Quando me vi sem receber, não tinha como voltar ao Brasil agora para receber muito menos . Tive que vir para cá, para ter um balanço. Eu sempre deixei claro que preferi estar aqui pelas questões financeiras, depois pela questão da família, que também não queria voltar para o Brasil."
Apesar do retorno não ter acontecido, Souza segue acompanhando e torcendo para o Vasco. O volante diz que sofre em ver a situação atual do Cruzmaltino, rebaixado no último Campeonato Brasileiro .
"Recebi muitas mensagens dos torcedores falando, 'já que você não vai voltar para o Vasco não fala mais do Vasco'. E realmente, eu agora não falo mais que vou voltar, não quero mais criar expectativas e não poder cumprir . Se tiver que voltar um dia, eu volto. Mas torço muito para que o Vasco volte (para a primeira divisão). Eu como vascaíno fico acordado vendo os jogos, eu sofro também. Sou torcedor e sofro vendo o Vasco nessa situação"
"O Vasco é muito grande, a torcida do Vasco é muito grande, é algo sobrenatural e eu sei que o amor não termina por causa de divisão, pelo contrário, parece que o amor aumenta , continuam apoiando o time. É uma torcida diferente e eu faço parte dela, me sinto orgulhoso por isso. Espero que o clube volte o mais rápido possível a sua grandeza que todos conhecem."
Mudança de posicionamento na Turquia
Antes de chegar ao Besiktas, Souza fez um pedido especial, para jogar mais recuado, como um primeiro volante. Ele entende que esta foi mais uma decisão acertada na sua carreira.
"O primeiro pedido que eu fiz para voltar para a Turquia, falei para o meu empresário que independente do clube eu queria jogar de seis, seis aqui é um volante defensivo. Se eu tivesse jogado assim desde o início da minha carreira eu acho que teria tido caminhos diferentes, positivamente . Eu sempre tive qualidade técnica para sair com a bola e isso fez com que todos os treinadores que trabalhei quisessem que eu jogasse como segundo volante."
"Mas eu sempre me senti muito a vontade de ser o cara que rouba a bola e arma o jogo ali de trás. Estou jogando na posição que sempre quis e por isso até estou muito feliz".
Um ex-rival, hoje 'Joker' do Besiktas
"É engraçado, alguns torcedores do Fenerbahce, depois de tudo o que fiz aqui no Besiktas, me mandam mensagens com raiva, dizendo 'por que você não fez dessa forma no Ferne', uns dizem 'a gente te ama tanto por que você fez isso de ter nos trocado' . Eu fico feliz, por sei que fiz um ótimo trabalho quando passei pelo Fener, foram três anos muito bons."
"Eu sabia que o início no Besiktas seria um pouco difícil, mas foi questão de meses para que tudo isso mudasse. Eles viram o caráter que eu tenho, no primeiro jogo contra o Fener, eu dei a vida. Eu conquistei a torcida do Besiktas . Em homenagem a eles, eu tatuei o Joker aqui, como se fosse uma carta, escrito Joker de Souza, é uma forma de homenagear eles por todo esse carinho que eles estão tendo comigo".
As opiniões sobre Grêmio, São Paulo e os 'rivais' Flamengo e Palmeiras
" O problema, sendo bem sincero, é que Flamengo e Palmeiras estão muito à frente . O Flamengo ainda mais a frente que o Palmeiras e por mérito deles, por causa da administração deles. O (Eduardo) Bandeira de Mello fez um trabalho maravilhoso, foi muito criticado no início mas conseguiu entregar um Flamengo para o próximo presidente muito estruturado e hoje você vê a força que é o Flamengo."
" Eu, apesar de vascaíno, tenho que reconhecer que o que eles tem feito é louvável e acho que é um caminho, os clubes brasileiros deveriam olhar para aquilo que dá certo e tentar fazer igual. O Flamengo está muito à frente dos outros".
" O São Paulo quando parecia que tudo ia bem, desmoronou . Quando virou o ano com cinco, sente pontos a frente, eu tinha quase certeza que seria campeão (no Brasileirão 2020) e toda nada veio essa fase catastrófica. E o Grêmio fez uma temporada como faz sempre, no Brasileiro sempre vai brigar pela Libertadores, mas sempre foca nas Copas. Agregando qualidade ao elenco, certeza vai ser um ano bom para os dois."