Desde que deixou o Vasco, em 2010, Souza nunca escondeu o seu desejo de voltar a São Januário. Neste ano, ele esteve na Colina Histórica se tratando de uma lesão e tentou ser emprestado pelo Al-Ahli, mas não houve o êxito. Com contrato até o meio de 2021, ele garantiu que irá respeitar o compromisso com os árabes, mas já faz planos para o seu retorno ao Rio de Janeiro, com os amigos Alan Kardec, Philippe Coutinho e Alex Teixeira, jogadores que, como ele, começaram a carreira no time cruz-maltino e não escondem o carinho pelo clube.
Souza mantém contato com os três e o assunto sempre é debatido. A partir de 2021, ele acredita que será mais pensar no retorno por questões contratuais. De todos, para ele, Philippe Coutinho é o que tem a situação mais complicada pela vontade de permanecer na Europa até o fim da carreira, embora também alimente o desejo de voltar ao Vasco.
- Eu posso dizer que sim, é verdade. Falo com menos de frequência com o Alex, mas é um cara que eu tenho um carinho muito grande. Eu falo diariamente com o Philippe e com o Kardec. Mas eu lembro também da última vez que falei com o Alex. É um desejo voltamos ao clube que nos revelou. A gente sabe que a realidade do Philippe é um pouco diferente, é um pouco mais complicada. Mas no último final de semana, eu estava na casa dele e falamos muito sobre isso. Sinceramente, ele não tem o desejo de voltar para o Brasil. Mas, se ele tiver essa oportunidade, seria ótimo voltar para o Vasco, como todos juntos, podendo dar alegrias aos torcedores. Isso é real, mas cada jogador está em um clube diferente, com contratos diferentes. Não é tão fácil assim, mas creio que, depois de 2021, todos os jogadores vão estar em término de contrato, ou com contrato já terminado. Aí fica um pouco mais fácil da gente juntar essa galera e voltar para o Vasco.
O volante elogiou o trabalho de Vanderlei Luxemburgo e disse que, seguindo o trabalho de reestruturação, o clube logo voltará a brigar por grandes títulos. Ele lembrou que o Flamengo, líder do Brasileirão, passou pela mesma situação há pouco tempo.
- Todos sabem o carinho que eu tenho pelo Vasco. Eu estive recentemente no clube tratando de uma lesão. Tive ainda mais contato com o clube, com os jogadores e com o pessoal que trabalha desde a minha época. O Vasco passa por uma reformulação, o Vanderlei tem feito um trabalho maravilhoso. O presidente Alexandre Campello tem tentado organizar o clube e sabemos que isso leva um tempo. O nosso maior rival, que é o Flamengo, levou um tempo para ser a potência que é hoje. Então, indo pelo caminho correto, o Vasco voltará a brigar por grandes títulos porque é um grande clube, é um clube de massa. Tem milhões de torcedores espalhados pelo Brasil e pelo Mundo. Não tenho dúvidas que, em breve, voltará a brigar por grandes títulos.
O jogador lembrou da sua passagem por Portugal, quando ele defendia o Porto e o técnico do Benfica era Jorge Jesus, atual comandante do Flamengo. Souza não poupou elogios ao português e o colocou com um dos principais responsáveis pelo grande momento do time rubro-negro.
- Eu tenho um carinho muito grande pelo Jorge Jesus e pelo trabalho que ele sempre fez. Na época que eu joguei pelo Porto, ele era o treinador do Benfica e o Alan Kardec era jogador dele. O Kardec já me falava muito bem dele. Infelizmente, para ele, aquele momento não foi muito feliz porque o Porto venceu tudo, inclusive, venceu o Benfica na casa deles por 5 a 0. Conseguimos vencê-los em tudo naquele ano. Mas eu sempre soube que o trabalho dele era diferenciado. Tive a oportunidade também de enfrentá-lo aqui na Arábia. Ele fez um ótimo trabalho por aqui. Todos sabem da qualidade que ele tem, tem feito um ótimo trabalho no Flamengo. Eu posso dizer que 80% do que o Flamengo está produzindo é por ele. Tem ótimos jogadores, mas eu tenho certeza que, esses mesmos jogadores, na mão de um treinador que não soubesse controlá-los, não dariam certo. O maior mérito é do Jesus. Espero que o futebol brasileiro possa abrir os olhos e olhar com mais carinho para treinadores como ele. Apesar de serem estrangeiros, são treinadores que vão, com certeza, vão acrescentar muito ao nosso futebol.
Confira outros trechos da entrevista:
Como está sendo a sua passagem pelo Al-Ahli?
- Está sendo boa. A minha adaptação foi bem melhor do que esperava. Fazemos um bom campeonato, estando a três pontos do líder. Estamos lutando pelo título. Eu cheguei na temporada passada e fui muito bem nos seis primeiros meses. Nos outros seis, eu tive que parar por conta de uma cirurgia no púbis. Por isso, eu não joguei o segundo semestre. Mas, nesta temporada, eu já comecei muito bem e espero terminá-la da mesma forma, coroando com o título. A experiência tem sido muito boa. Graças a Deus, eu e a minha família estamos muito bem adaptados ao país.
Como é o nível do futebol árabe, comparado com o futebol brasileiro?
- Eu acho que o futebol árabe tem um bom nível. Eu achava que fosse inferior, mas aumentou o número de estrangeiros por equipe para sete. Então, todas as equipes são bem fortes, o nível é alto. Quatro equipes daqui são consideradas grandes. O Al-Hilal, Al-Nassr, Al-Ahli e o Al-Ittihad sempre vão brigar por títulos, mas as outras equipes também têm muito potencial porque todas elas podem colocar até sete estrangeiros em campo. Acho que o nível, comparado ao Campeonato Brasileiro, ainda é inferior, mas não está muito longe hoje em dia.
Você se arrepende de ter ficado tão pouco tempo o Porto?
- Eu não posso dizer que eu me arrependo porque, depois de sair do Porto, eu consegui jogar no Grêmio, em alto nível, e fui para o São Paulo, onde cheguei a defender a Seleção Brasileira. Eu não posso dizer que é um arrependimento, mas é óbvio que eu queria muito ter brilhado no Porto. Todos sabemos que jogadores que brilham no Porto despertam a atenção dos grandes centros do futebol europeu, como Itália, Espanha e Inglaterra. Era um desejo que eu tinha, mas no futebol as coisas nem sempre acontecem como desejamos. Mas posso dizer que fui muito feliz ao voltar para o Brasil e alcancei os meus objetivos.
Você teve sucesso no Vasco, Grêmio, São Paulo, Fenerbahçe, mas não conseguiu ter uma grande sequência na Seleção. Aos 30 anos, você ainda sonha voltar a defender o Brasil?
- Graças a Deus, em todos os clubes consegui ter sucesso, exceto no Porto, onde fui muito novo, com 20 anos. Em todos os clubes fui titular incontestável e, para mim, isso já é um grande troféu. É muito importante saber que, por onde passei, as torcidas gostam mim e querem a minha volta. Isso para mim é um prêmio. Em relação à Seleção, eu tive duas oportunidades de ser convocado. Infelizmente, na minha segunda convocação, no jogo contra o Chile, não fui muito bem, quando tive a oportunidade de ser titular. Reconheço que não fui muito bem e acabei não voltando mais. Mas é óbvio que eu queria ter continuado e dado sequência. Mas a Seleção Brasileira é assim, é oportunidade. Se você não agarra a primeira, é difícil voltar porque existem muitos jogadores de qualidade. Sempre sonhamos, mas precisamos ser realistas que o sonho está um pouco mais distante pelo país que eu jogo e pela idade que eu tenho. Sei que é um pouco mais difícil.
O torcedor do Fenerbahçe te idolatra. Como foi a sua passagem pela Turquia. Você pensa em voltar ao clube ainda, mesmo que não seja como jogador?
- É incrível o carinho que a torcida do Fenerbahçe tem por mim. Como eu falei, eu sou muito grato porque eu passei por grandes clubes no Brasil e também na Europa e todos têm um carinho muito grande por mim, em especial o Fenerbahçe. Eu acabei, em três anos na Turquia, não vencendo o título que eu queria vencer. Mesmo assim, eu vejo o carinho e a torcida que eles têm por mim porque sempre dei o meu melhor. Eles gostam disso e isso que marcou a minha passagem pela Turquia. Pretendo um dia poder voltar ao Fenerbahçe, de repente como jogador, ou em outra função para ajudar o clube de alguma forma. É um clube que eu tenho um carinho muito grande. Vivi três anos nesse clube e espero um dia poder voltar.
Você tentou voltar ao Vasco em 2019. O que faltou para dar certo?
- Eu tentei ficar no clube. De alguma forma, jogar pelo menos três meses no clube, até o início da outra temporada. Mas era difícil eu permanecer. Os árabes pagaram muito dinheiro para que eu viesse jogar aqui. Então, eles decidiram não colocar o atleta deles em risco e eu tive que respeitar porque, como eu falei, respeito muito o clube que me valoriza. Eu aceitei a opção deles de não emprestar ao Vasco. Eu sigo trabalhando aqui, pretendo cumprir o meu contrato. Depois disso, eu posso pensar com carinho em uma volta para o Brasil.