Comentei nesta quarta para o Sportv, ao lado do meu amigo Luiz Felipe Prota, o jogo de volta pela primeira fase da Copa do Brasil sub-17, entre Vasco e Oeste, em São Januário. Na ida, 0 a 0. Na volta, sem gol qualificado, vaga para quem vencesse, pênaltis com empate. E deu a lógica, 5 a 1 para o Vasco, num jogo bem fácil de destrinchar para quem não viu. E que trouxe uma lição e uma experiência importantíssima para a garotada, mesmo com o placar tão folgado: para ganhar, tem que correr, pensar, perseverar. Não dá para achar que se ganha de times mais modestos só com retrospecto, só com história, só com camisa. Na próxima fase, o Cruzmaltino vai encarar o Vitória, que despachou a Ponte Preta.
O Vasco, com mais time, mais experiência, jogando em casa, tomou as rédeas do meio-campo. Mas o torcedor via um copo meio cheio e meio vazio. O lado meio-cheio: o time tinha paciência diante de um Oeste que só se defendia, mas que se defendia bem e mostrava uma garra exemplar, vibrando até quando mandava a bola pela linha lateral. Virava o jogo, não rifava a bola, mantinha a possa. O lado meio-vazio: o Vasco não agredia, não ousava, não tentava um drible, uma tabela. O máximo que o técnico Celso Martins foi liberar o bom volante Bruno para apoiar.
Até que aos 29 minutos o Oeste foi pela primeira vez ao ataque. Léo Tavares entortou Thalles na direita e mandou a bola na cabeça de Tite. Ele só precisou subir e desviar de cabeça para fazer 1 a 0. No último Paulista da categoria, mesmo num time modesto, ele fez 12 gols. É, sem dúvida, o jogador mais promissor dessa geração no Oeste.
O gol aumentou a pegada dos paulistas, e o Vasco não reagia. Deu sorte de conseguir uma falta na meia esquerda aos 48 minutos. O talentoso lateral Riquelme mandou na cabeça de Michael. Luiz Eduardo, que acompanhava o atacante vascaíno, não subiu e o Vasco foi para o intervalo com 1 a 1 no placar.
O gol fez o Vasco voltar mais agudo no segundo tempo. Ainda assim, jogando menos bola do que pode (fez sua melhor campanha na última Taça BH, chegando à semifinal contra o Fluminense e perdendo nos pênaltis; e no Estadual, está na semiginal, joga neste sábado contra o Botafogo). O Oeste continuava lutando, mas quando Léo Tavares foi expulso, o time paulista começou a degringolar. E aos 21, Riquelme voltou a mandar a bola com efeito na área. Alê rebateu, mas deu azar: a bola bateu na cabeça de Davi e caiu à feição para Gabriel encher o pé esquerdo e fazer 2 a 1. Por conta de empurra-empurra na saída de bola, Riquelme foi infantilmente expulso.
Com 10 para cada lado, como se diz na gíria, o campo ficou maior. E aí o Oeste acabou. O time se desorganizou, separou as linhas, fisicamente passou a não aguentar o ritmo, e deu ao Vasco todo o espaço que os cariocas precisavam. Aos 37, Thales ganhou a disputa pelo alto com Raphael, avançou e foi desequilibrado pelo zagueiro. Pênalti batido razoavelmente batido pelo zagueiro Germano: Vasco 3 a 1, classificação no bolso.
Mas tinha mais: aos 45, a zaga do Oeste rebateu para a entrada da área. Bruno, mesmo com o jogo ganho, correu, se antecipou, ganhou o lance e bateu com enorme precisão no canto esquerdo do goleiro: 4 a 1. No último lance do jogo, Alé soltou uma bola centrada e Germano, de novo, só empurrou para o gol.
O Oeste foi valente, mas faltou fôlego e talento. O Vasco tem boas promessas. O goleiro Lucão, que frequenta seleções de base, não foi exigido. Riquelme é um lateral ousado, a dupla de volantes se completa muito bem (o talentoso Bruno e o vigoroso marcador Vitinho), Gabriel é habilidoso mas precisa amadurecer fisicamente, como atleta. E Michael é o centroavante-centroavante, no bom sentido: fez um gol, sofreu um pênalti, se movimentou bem.
Contra o Vitória, na próxima fase, o Vasco vai mostrar se aprendeu ou não a lição que a goleada lhe deu a chance de receber.