No eterno dilema entre priorizar a formação dos jogadores ou os resultados na base, Marcos Valadares acredita que um pode ser consequência do outro. O técnico já conseguiu levar o Vasco à semifinal da Copa São Paulo de Futebol Júnior, melhor desempenho do time na competição em 16 anos. E o melhor de tudo: com atuações de encher os olhos. Nesta terça-feira, às 21h30, contra o Corinthians, na Arena Barueri, tentará a vaga na decisão, contra São Paulo ou Guarani.
Seu trabalho na base do Vasco é relativamente recente - ele foi contratado em março do ano passado. De lá para cá, conseguiu implementar um estilo de jogo ofensivo. Como gosta de dizer, condizente com o clube.
- Quando você trabalha para equipes grandes, precisa formar jogadores de equipes grandes, que saibam jogar tendo a bola no pé, com o controle do jogo. A defesa é uma fase importante, mas precisamos pensar na gente com a bola. Fui contratado para essa mudança de filosofia.
Os números do Vasco na Copinha comprovam isso. O time fez 18 gols em sete jogos e Tiago Reis é o vice-artilheiro da competição, com sete gols. O desempenho da equipe gera um frenesi da torcida nas redes sociais que o treinador tenta aproveitá-lo como uma fonte de confiança para os jogadores. Ao mesmo tempo, ele evita criar expectativas no grupo quanto a um futuro aproveitamento nos profissionais. Valadares sabe que, no fim das contas, esse é o grande objetivo do jogador quando ele chega ao sub-20.
Já está programada uma reunião entre o técnico e a comissão de Alberto Valentim para depois da Copa São Paulo, com o intuito de discutirem o futuro dos garotos que brilham na Copinha. A definição sobre quem subirá não depende apenas do desempenho de cada jogador. É preciso ter demanda por parte do elenco principal. Ainda assim, Marcos Valadares acredita que a conquista de um título em São Paulo poderá fazer a diferença nessa transição.
- O título seria a cereja do bolo, ocasionaria uma valorização maior ainda desse grupo. Seria uma conquista grande para o clube, é fundamental alcançarmos essa conquista.
Teste psicológico
Tão perto do pote de ouro da Copinha, Marcos Valadares enxerga oportunidades de aprendizado e evolução para os jogadores do Vasco mesmo quando se aproxima o momento em que o resultado será o mais importante. A partida contra o Corinthians proporcionará aos jogadores experiência bem próxima daquilo que viverão quando atuarem pelo profissional. Lidar com esse componente psicológico é importante, segundo ele.
A partida na Arena Barueri deverá contar com grande público, na sua maioria de corintianos, e será transmitida pela TV. Por mais que estejam acostumados a disputar clássicos contra Botafogo, Flamengo e Fluminense, Valadares reconhece que a pressão que os vascaínos sofrerão nesta terça-feira será a maior de suas carreiras.
- Essa partida trará para eles um componente legal no sentido da formação, de vivenciarem esse momento. Viemos com uma equipe grande para a Copa São Paulo, tanto que chegamos onde chegamos. Temos uma psicóloga com os jogadores e esse trabalho tem sido importante para a evolução deles - explicou.
No fim das contas, o importante é ganhar a Copinha, mas sem abrir mão daquilo que tem sido ensinado nestes dez meses de trabalho.
- Quando cheguei, a primeira preocupação era buscar o jogo, implementar nossa filosofia no dia a dia e colocá-la em prática nas competições. Essa é a melhor forma de buscar o resultado. Não teria lógica pensar de uma maneira e chegar nas competições se defendendo, jogando para não perder - afirmou.