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Sub-20: Paulinho vive a expectativa de um 2024 ainda melhor

Paulinho chegou ao Vasco com 7 anos. Poderia ser esse o marco que mudou a vida do lateral-direito do time sub-20 para sempre. Mas um ano antes a vida da família virou de cabeça para baixo. O jogador perdeu o irmão mais velho, de apenas 8 anos, que morreu após sofrer um choque elétrico. Desde então, ele joga por e para Pedro.

O trauma abalou Paulinho e os pais, que nunca superaram a perda, mas aprenderam a conviver com a ausência de Pedro. Um ano após o ocorrido, a família deixou Manaus, no Amazonas, e se mudou para o Rio de Janeiro em busca de dias melhores.

- Foi muito difícil, meu pai estava jogando futebol, fomos ver ele jogar. Eu estava do lado do meu irmão atrás do gol, mas me afastei e, poucos segundos depois, aconteceu. Foi difícil para a minha família, até hoje a gente sente essa perda, mas Deus sabe de todas as coisas - contou Paulinho ao ge.

- Se hoje eu estou aqui é por causa dele também, ele me ajudou muito. Apesar de novo, era um moleque inteligente, me dava conselhos, era mais quieto e eu mais agitado. A gente sofreu, mas estamos aprendendo a superar. Vou conquistar muitas coisas para ele ainda, porque ele também faz parte disso - completou o lateral-direito.

O futebol era uma atividade de família e continuou sendo. Abençoado por Pedro, Paulinho fez uma peneira para jogar no Tigres. Era o único garoto de 7 anos, os outros tinham 10 ou mais. Mesmo assim, brilhou e encantou Maristela Gomes, treinadora das categorias de base do time de Duque de Caxias. Ela viu tanto potencial no menino que o indicou logo para o Vasco. Ele foi aprovado no clube.

- Sempre tive apoio do clube, estudei aqui, é minha segunda casa. O início foi difícil, questão financeira, morava em Xerém e vinha treinar aqui, muito longe. Minha família e eu sofremos bastante no começo, mas faz parte do processo. Lá eu era meio-campo, aqui eu comecei no futsal, depois o treinador me colocou de lateral, porque eu corria muito - disse Paulinho.

No começo, o pai, Ricardo, precisou dividir o tempo entre o Rio de Janeiro e Manaus, onde tinha um emprego com o qual sustentava a esposa Regilane e o filho. Depois ele se juntou de vez aos dois na capital carioca. Hoje, a família vive a duas ruas de São Januário: "As coisas começaram a melhorar", resumiu a promessa da base do Vasco.

Depois de uma grande temporada no sub-20 em 2023, o jogador de 18 anos vive a expectativa de um 2024 ainda melhor. Com o time profissional do Vasco de olho em seu desenvolvimento, ele se prepara para disputar sua primeira Copinha.

- Foi um ano muito bom, conquistamos cinco títulos, o William Batista é um excelente treinador, uniu a equipe, nos ajuda com conselhos também. A Copinha agora é nosso maior objetivo, seria um título histórico para a gente. A preparação está muito boa, ele pede para a gente manter o foco, porque um passo errado pode desandar tudo. Estou focado no sub-20, em ganhar a Copinha, não posso criar expectativa ainda no profissional - comentou Paulinho.

Foto: Matheus Lima/VascoPaulinho, lateral-direito do Vasco
Paulinho, lateral-direito do Vasco

O jovem pode até não criar expectativa, mas a torcida já faz isso por ele. Os bons números na base o colocam entre as principais joias do Vasco. E o próprio clube prepara o terreno para o crescimento de Paulinho, que neste ano passou um período treinando no time profissional. Inclusive, ele deixou de disputar a Copinha em janeiro de 2023 porque foi chamado pela equipe principal para a pré-temporada nos Estados Unidos. Sinal de reconhecimento.

Na volta ao Brasil, fez sua estreia no time profissional, saindo duas vezes do banco de reservas: contra o Nova Iguaçu, pelo Campeonato Carioca, e diante do Trem-AP, pela Copa do Brasil. No sub-20, foram 23 jogos, dois gols e uma assistência. Paulinho foi campeão da Taça Guanabara, do Carioca, da Recopa Carioca e da Copa Atlântico na base.

- Muito bom ter o carinho da torcida, ser tratado como uma promessa. Espero retribuir bastante, com títulos na base, continuar fazendo meu melhor para que eles continuem gostando de mim. Meu maior sonho é chegar ao profissional do Vasco, conquistar títulos e chegar à seleção brasileira - afirmou.

- Sou um lateral ofensivo, gosto de atacar, mas defendo bem também, cruzo bem. Também jogo em outros posições, atacante, meio-campo. Joguei de ponta e de meio-campo esse ano. Mas prefiro continuar na lateral, que é minha posição de origem, uma posição carente - acrescentou ele.

A flexibilidade de Paulinho é um ponto que agrada no Vasco. O lateral-direito terminou o ano atuando no ataque. Como ponta, ele marcou o gol da vitória vascaína por 1 a 0 sobre o Botafogo, na final da Copa Atlântico Sub-19, em novembro.

Inspirado em Alexander-Arnold, do Liverpool, Paulinho acumula convocações para as seleções brasileiras de base e tem o privilégio de ter dois treinadores. Um é o técnico do sub-20 do Vasco, William Batista. O outro, o pai Ricardo, que como registrado no início da matéria, é jogador de futebol amador e pega muito no pé do filho.

- Tem um campeonato lá bastante conhecido, chama Peladão, ele foi melhor jogador lá, envolve a cidade toda. Ele era meio-campo. Aprendi a jogar bola com ele, ele que me ensinou tudo. Até hoje, quando acaba o jogo ele me liga e pergunta como foi, dá a opinião dele, diz o que preciso melhorar. Fala muito. Antes e depois do jogo. De vez em quando ele ainda tenta fazer uma graça, mas já falei que não dá mais para ele (risos) - brincou Paulinho.

- Meus pais estão sempre comigo, somos muito próximos um do outro - concluiu o jogador do Vasco.

Fonte: ge
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