Futebol

Talles Magno e Marcos Paulo podem retomar a confiança de ambas torcidas

Talles Magno e Marcos Paulo já despertaram emoções das mais diversas nos torcedores de Vasco e Fluminense: empolgação, esperança e também frustração. Neste domingo, quando os dois times se enfrentam mais uma vez, às 20h30, pode-se dizer que o sentimento mais forte seja a desconfiança. No segundo ano como profissionais, os dois atacantes experimentaram o outro lado da trajetória de uma joia. E, após muitas críticas e oscilações, podem fazer do clássico um ponto de virada.

Eles estrearam no profissional quase ao mesmo tempo. Mais velho, com 19, Marcos Paulo já iniciou 2019 no elenco principal. Chegou badalado por ter formado, ao lado de João Pedro, a dupla que comandou a chamada “geração de ouro” do Flu no sub-17. Mas só passou a ter mais oportunidades a partir de maio.

Talles, hoje com 18, faria sua estreia pelo Vasco duas semanas depois. Logo caiu nas graças do técnico Vanderlei Luxemburgo e, de titular do time sub-20 vice-campeão da Copa São Paulo, virou a sensação da equipe principal cruz-maltina. Mas, assim como Marcos Paulo, caiu de rendimento em 2020.

— Quando o atleta da base sobe, nenhum adversário o conhece, ainda é difícil de identificar seus maneirismos. Mas depois de um tempo, todos passam a conhecer. Deixa de ser novidade e se torna previsível — explica o psicólogo Alberto Filgueiras, da Uerj, com passagem pela base do Flamengo.

— Os mais velhos conseguem antecipar as ações dos adversários. Essa capacidade está associada à experiência anterior, à medida em que vão aprendendo com os erros do passado.

'Timing' da venda perdido?

O talento mostrado na base (eram presenças constantes nas convocações da seleção) e o começo promissor entre os profissionais fizeram as torcidas vislumbrarem na dupla potenciais ídolos. Já as diretorias sonharam com o dinheiro do mercado europeu. O Vasco projetou para 2020 arrecadar R$ 64 milhões com vendas. A principal delas, imaginaram, seria a de Talles. Já o Fluminense previu, no início do ano, R$ 70 milhões com transferências. E o presidente Mário Bittencourt nunca escondeu que considerava Marcos Paulo o principal ativo do clube.

A pandemia foi o maior, mas não o único impeditivo para as vendas. A queda de rendimento foi sentida. E as propostas que chegaram não agradaram. Os dois clubes, agora, trabalham para não ver essas transferências até então promissoras se transformarem em decepções.

Em São Januário, a avaliação é de que as lesões a partir do fim de 2019 prejudicaram a ascensão de Talles Magno. Principalmente no que diz respeito ao aprimoramento de fundamentos em que mostrava deficiência ainda na base, como a finalização.

No Fluminense, a oscilação de Marcos Paulo gerou preocupação, mas é vista como natural. Após a atuação de gala na vitória sobre o Athletico, na última rodada, a expectativa é de que a má fase tenha ficado para trás. Um detalhe pode contar a seu favor: com a saída de Odair Hellmann, ele volta a trabalhar com Marcão. Foi sob seu comando, no fim de 2019, que o atacante teve sua melhor sequência na equipe principal.

— A base dos clubes geralmente tem uma filosofia própria, que costuma estar associada à instituição. Há clubes que priorizam ataque e posse de bola. Há os que prestigiam o vigor físico. E por aí vai. E a tendência é que estes garotos adquiram estilos de jogo que seguem estes aspectos. Mas o profissional adota a filosofia do treinador, não do clube. E isso também gera um problema de adaptação. Quanto mais o estilo do técnico é parecido com o da base, mais fácil fica essa transição. Quanto mais distante, mais difícil — complementa Filgueiras.

A situação dos tricolores é mais dramática do ponto de vista financeiro. Isso porque ainda não houve um acordo com o estafe de Marcos Paulo para a renovação do contrato, que termina no meio de 2021. A partir do mês que vem, ele poderá assinar um pré-contrato com outro clube sem a participação do Fluminense. Assim, deixaria as Laranjeiras de graça.

Com passaporte português, o atacante coleciona interessados. E a ida para a Europa é vista como um passo inevitável. A questão é como ficarão os tricolores.

Fonte: Extra.com
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