Reacesa após a vitória sobre a Ponte Preta, a esperança vascaína tem nova prova hoje, às 16h, contra o Atlético Paranaense, no Maracanã. Uma pitada de sorte com conselhos de quem, um dia, foi a salvação contra o rebaixamento não custa nada. Técnicos-bombeiros, com experiência, títulos e honra de não cair, dão dicas ao Cruz-Maltino que — àqueles que acreditam na matemática — tem 98% de risco de cair e precisa vencer 10 dos 14 jogos até o final do Campeonato Brasileiro.
— Você não pode separar jogador, torcida e dirigente neste momento. Isso é o mais importante. Agora é algo que tem que correr junto. Não era para chegar a esse ponto, de brigar para não cair, mas chegou. Se cada um cobrar um do outro, o time não vai chegar a lugar nenhum — ensina Joel Santana, com origem no Vasco e o milagre feito no Flamengo, em 2005, com seis vitórias e três empates nos últimos nove jogos.
Sem a história de Joel no futebol carioca, Estevam Soares não é santo de casa, mas tem seu milagre a contar. Em 2009, como treinador do Botafogo saiu do fundo do poço para se manter na Série A do Brasileiro. E reza a cartilha da união.
— É o momento de união, de todos os segmentos do clube. Nas entrevistas, você precisa mostrar que todos estão juntos. Essa fala é fundamental. Quando chega num ponto desse, se o técnico se perder, o diretor se omite, o torcedor pode virar inimigo. Então, é preciso ter cuidado — aconselha.
Nem sempre é fácil. A teoria até parece. Em São Januário, antes do triunfo após 52 dias sobre a Macaca, torcedores tentaram invadir a sede e agrediram o zagueiro Rodrigo na chegada ao hotel. Capitão do tricampeonato mundial, com a salvação do Flamengo em 2001 no currículo, Carlos Alberto Torres diz que, no atual estágio, a tradição secular do Vasco não intimida mais os rivais. É momento de impor a força nas quatro linhas. Com o Rubro-negro, ele conseguiu duas vitórias e um empate nos três jogos restantes.
— Nesse momento, camisa não adianta. Não é a tradição que define. Se fosse, clube grande não caía. O Vasco está numa situação pior do que os demais da zona de rebaixamento até pela desvantagem de pontos. O que conta agora é o jogador entrar com disposição e vontade. É o espírito de luta — diz o Capita que, contra o Internacional, em Juiz de Fora, consultou o ex-goleiro Clemer para colocar o garoto — que virou herói — Felipe Melo em campo.
Torres percebeu, na Gávea, que precisava erguer a confiança com a força que levantou a taça Jules Rimet em 1970. E usou da esperteza para tocar os jogadores.
— Cheguei lá, todos estavam cabisbaixos. Percebi que todo mundo olhava para o chão, ninguém encarava ninguém. Senti que tinha que levantar o astral. Dali, viajaríamos. Então, eu disse: “Vamos para casa. O melhor é ficar com a família”. Quando acabei de dizer isso, todo mundo ergueu a cabeça.
A união faz a força e o Vasco não quer ficar com a família. Mas com a Série A.