Futebol

Thiago Rodrigues: 'Quando botei a camisa do Vasco, falei: Vai dar bom'

No já conhecido imaginário folclórico do torcedor do Vasco, a meta cruzmaltina agora é ocupada por um "super herói". Atuando com um protetor facial desde o ano passado, quando ainda estava no CSA, Thiago Rodrigues ganhou o apelido de "Batman da Colina" dos bem humorados vascaínos nas redes sociais.

O adereço é uma recomendação médica após uma grave lesão que sofreu no rosto pelo clube alagoano. Já completamente adaptado à peça, ela acabou também se tornando uma marca registrada do arqueiro, que vem tendo atuações de destaque neste início de Campeonato Carioca.

Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte na tarde de ontem (8) no CT Moacyr Barbosa, Thiago Rodrigues confessou que tem se divertido com o carinho e as brincadeiras dos torcedores.

"É engraçado [o apelido de Batman]. Aqui no Rio a torcida tem essa particularidade. Tem essa questão muito cultural de criar músicas, personagens também... O pessoal fica falando para o Vasco fazer a máscara e vender, porque vai ter Carnaval depois, quer levar para as crianças [risos]. Eu me divirto porque mexe com essa coisa do herói, as crianças gostam, se sentem identificadas", disse o goleiro.

Thiago Rodrigues garante que o protetor não lhe causa desconforto e nem atrapalha sua visão em campo, muito por conta das fendas nas laterais desenvolvidas em 3D. A reportagem teve a oportunidade de conferir o acessório manualmente e ele é, de fato, bastante leve.

"Foi feito em Belo Horizonte por profissionais muito competentes juntamente com outros de Maceió, São Paulo e Curitiba, mas especificamente foi feita lá em BH pela família Lasmar. Eles são os precursores neste tipo de serviço aqui no Brasil. Esse material é de fibra de carbono, bem mais leve. Você faz um exame em 3D e o protetor se acopla ao seu rosto. Quando você veste, praticamente não sente nada e tem sua visão periférica", explicou (clique aqui e confira uma reportagem especial sobre o protetor facial de Thiago Rodrigues).

Não sentiu receio no pós-lesão: 'Dizem por aí que goleiro tem que ser louco, né?'

Na ocasião da lesão, Thiago Rodrigues fraturou ossos da testa, órbita e nariz. Porém, mesmo com a gravidade da lesão, o goleiro garantiu que não sentiu receio em relação à possíveis choques em seu retorno aos gramados.

"Foi bem tranquilo para mim. Hoje eu a utilizo por observação e orientação médica. Lembro que machuquei e tinha que ficar 45 dias parado. Voltei com 40 dias, a máscara ainda não estava pronta e, mesmo sem a máscara, eu falei: 'Vou para o pau'. Fui treinar sem a máscara, os médicos me viram no campo e falaram: 'sai daí!'. E eu queria já dividir bola, essas coisas (risos). Então, para mim, essa questão é bem tranquila", disse, complementando:

"Dizem por aí que goleiro tem que ser louco, né (risos)? Então acho que tenho um pouco disso. Até pela profissão, acho que exige muito desse ímpeto um pouco mais ousado. Mas, graças a Deus, nunca fiquei muito preso a isso, até porque o risco é sempre iminente, está sempre ali, então quanto mais você tiver essa audácia, melhor".

Fama de pegador de pênaltis: "Gosto de estudar os caras que batem"

Comprovado estatisticamente ser um goleiro regular nas últimas temporadas pelas ferramentas de scout do futebol - fato que foi primordial para sua contratação pelo Vasco - Thiago Rodrigues também tem fama de pegador de pênaltis.

Em 2016, quando estava no Guarani de Palhoça (SC) e depois Figueirense, foi quem mais defendeu na temporada ao lado de Fernando Prass e Weverton. Pelo CSA, foram cinco defesas, sendo duas na final do Campeonato Estadual de 2021 contra o rival CRB, que ajudaram o clube a conquistar o título alagoano.

"Gosto de treinar [pênaltis] e estudar bastante os caras que batem também. Hoje em dia essa parte de estatísticas e análises dos clubes nos trazem bastante conteúdo e eu sou um cara que gosto de estudar antes. Peço para os caras me mandaram um ou dois dias antes pois gosto de estar por dentro de tudo. É que nem você ir para uma guerra, né? É bom ir bem preparado, sabendo quem você vai enfrentar, pois isso facilita bastante", declarou.

Além dos estudos, Thiago Rodrigues também gosta de mexer com o psicológico do batedor, como fez na final do Campeonato Alagoano.

"É uma das armas, não a mais importante. A primeira é você se capacitar dentro de campo e estudar também fora com que o pessoal passa de conteúdo. A questão mental é importante e foi usada naquela final", disse, revelando detalhes:

"Me lembro que o primeiro batedor veio na minha direção e eu fui olhando fixamente nos olhos dele, passei a conversar com ele, e aí vou até dar um spoiler e contar um segredo: quando você começa a trocar ali com ele, ele começa a falar contigo, você já está começando a entrar na mente dele e o tira daquela zona de conforto, de concentração. Por isso faz parte, uso muito e naquela final deu muito certo".

"Quando botei a camisa do Vasco, falei: 'Vai dar bom aqui'"

Cada vez mais à vontade no dia a dia do clube e também no entrosamento com os companheiros, Thiago Rodrigues se sente já bastante adaptado ao Vasco. Com boas atuações até aqui, o goleiro revelou uma premonição que teve após vestir a camisa cruzmaltina pela primeira vez:

"Está sendo muito bom [adaptação], 100%. Sabe quando você chega em casa, bota sua roupa e fica à vontade? É mais ou menos isso. Quando botei a camisa do Vasco, falei: 'Vai dar bom aqui'. Tanto pela preparação quanto pelo ambiente que encontrei aqui dentro. Ambiente familiar, de muita cobrança e intimidade, que traz muito conforto para o seu trabalho. Quando vim para cá e vesti essa camisa, tive a sensação de que as coisas dariam certo. Estou muito à vontade".

Outro fator que tem impressionado Thiago Rodrigues em seu início no Vasco é o apoio da torcida vascaína durante as partidas. Após a vitória sobre o Madureira por 3 a 1, na última rodada, por exemplo, o goleiro fez questão de jogar sua camisa para os cruzmaltinos presentes no estádio de Conselheiro Galvão.

"Isso é surreal. A torcida do Vasco é algo incrível. Estava até aqui conversando com o Gregório [assessor de imprensa do clube] e ele me mostrou um vídeo do Maranhão, quando eles foram jogar lá. Tinham três mil pessoas recebendo a equipe do Vasco no saguão do aeroporto. É o que eu digo: são 20 milhões de apaixonados. São Januário já tem aquela característica de você entrar ali naquela rua pequena, pressão, torcida, o caldeirão que se faz em São Januário...", disse para depois justificar seu gesto:

"Aí quando vai para um outro estádio, que não é o nosso, de difícil acesso, e você vê a torcida ali te abraçando, cantando 90 minutos... Não teria como agir diferente do que poder retribuir um pouquinho daquilo que eles fazem para nós de apoio. Quis devolver isso para eles com aquela camisa sendo um gesto de agradecimento pelo que eles têm feito por nós. Eles têm sido muito importantes para essa sequência de ano que vai ser difícil".

'Poxa, Moacyr Barbosa, né cara?'

A entrevista que Thiago Rodrigues concedeu ao Vasco curiosamente ocorreu ao lado da placa que batiza o centro de treinamento com o nome de um dos goleiros mais expressivos da história do futebol nacional e que é ídolo cruzmaltino: Moacyr Barbosa.

Questionado sobre o que significava atuar num clube que teve um arqueiro de tamanha representatividade, Thiago foi só elogios.

"Poxa, Moacyr Barbosa né, cara? Não é à toa que ele tem esse tamanho dentro de um clube gigante. O que ele foi, o legado que ele deixou, pela cor, pela luta de vida, pelo que fez em campo, pelo que trouxe de retorno para o Vasco e, de forma geral, para o futebol nacional. O Vasco é isso, das minorias, do povo guerreiro ali que luta e se dedica muito. O Moacyr foi isso e espero também seguir os passos dele aqui no Vasco com essa hombridade, sempre também honrando a camisa do Vasco", declarou.

A história do Vasco de combate ao racismo desde os seus primórdios também foi algo que tocou Thiago Rodrigues:

"O Vasco tem essa questão das minorias, contra o racismo, essa luta até pela cor. Estou sempre embutido, engajado nessas causas. Quanto mais a população tiver essa conscientização, teremos menos atos de racismo e desigualdade para o povo".

Thiago Rodrigues mais uma vez será titular na partida do Vasco de hoje (9) contra a Portuguesa, às 21h35, em São Januário, pela 5ª rodada do Campeonato Carioca. O Cruzmaltino tem o mesmo número de pontos que o líder Botafogo, mas está na vice-liderança por ter um gol a menos de saldo.

Fonte: UOL Esporte
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