Na segunda-feira, os clubes se reuniram para firmar a Liga de 40 clubes para organizar o brasileiro. Na quinta-feira, foram a Brasília para articular em favor da Lei do Mandante para direitos de TV. A avaliação entre os clubes é que a legislação tem um impacto positivo sobre a Liga - há só uma ressalva de um perigo secundário.
Ressalte-se que os dois movimentos correm em paralelo já que o pleito pela Lei do Mandante vem desde o ano passado, e a Liga foi criada em junho. Mas a união dos clubes em uma mesma entidade reforça seus laços na busca por demandas em comum.
Um exemplo é que, na reunião da Liga, houve uma debate sobre a Lei do Mandante. Não se chegou a uma conclusão formal da entidade sobre a legislação. Mas, informalmente, a maioria dos clubes viu bem mais benefícios na aprovação da Lei do Mandante, com alguns perigos secundários. O blog ouviu cinco clubes envolvidos na Liga e no movimento em pro da Lei do Mandante.
Para se ter ideia, na sexta-feira, 55 clubes das Série A, B e C, integrantes da Liga, manifestaram-se em redes sociais em favor da aprovação rápida da Lei do Mandante. O projeto tem como relator o deputado Julio Cesar Ribeiro (Republicanos -DF), com caráter de urgência. Ele fala em votar até o dia 17 de julho.
A aprovação da Lei do Mandante possibilitaria a continuidade da Liga mesmo se houvesse uma desistência de um ou dois clubes, na avaliação de três dirigentes de agremiações que preferiram o anonimato. Como cada time teria direitos sobre seus jogos em casa, ainda poderiam ser vendidos os direitos de 95% dos jogos do Brasileiro em casa de saída de um time.
Pela lei atual, se um clube desistir de participar da Liga, o restante dos clubes teria apenas 90% das partidas para negociar. Mais, perderia todos os jogos daquele time desistente.
Um dirigente de clube reconhece um perigo secundário para a Liga que, com direitos de mandante, um clube poderia se sentir estimulado a vende-los individualmente sem precisar da concordância dos outros.
Esse aspecto é visto como positivo por outro cartola envolvido com a Liga. Na sua visão, a Lei do Mandante em geral aumentar o valor dos direitos de televisão e, portanto, valoriza o principal ativo da Liga. Ao mesmo tempo, o dirigente aponta como direito de um clube decidir negociar sozinho. Essa não é a tendência nas discussões da Liga que sempre falaram em contratos coletivos.
Um terceiro dirigente diz que os dois temas são igualmente importantes para os clubes e há impacto da lei na Liga. Mas ressalta que os desenvolvimentos foram paralelos, tanto que as agremiações iniciaram o movimento em favor da Lei do Mandante no meio do ano passado, período em que não existia discussão de Liga.
Por último, um quarto executivo de clube avalia que a Lei do Mandante aumentar o poder individual de cada agremiação, mas, ao mesmo tempo, desestimula a desunião entre eles. Na visão deste diretor, o poder sai das empresas de mídia (televisões, streamings, etc) para os clubes.
Dirigentes estão bem mais confiantes no projeto de lei do que em reavivar uma MP via governo federal. Houve uma promessa feita aos clubes de celeridade nos trâmites em reunião com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O presidente Jair Bolsonaro esteve reunido com os clubes, mas não houve novas promessas de uma MP como se apostou no início do ano.