Treino do Vasco, no último domingo, em São Januário. Na arquibancada, algumas crianças chamam pelos nomes de seus ídolos, como Felipe, Dedé e Fernando Prass. Até aí, nenhuma novidade. Até que Renato Augusto, de apenas seis anos, também mostra sua admiração por um jogador especial, que, convenhamos, passa longe dos holofotes: Enrico.
Nem mesmo o pai de Renato Augusto consegue entender uma idolatria. Tudo começou quando Enrico entrou em campo, durante o Brasileiro da Série B, em 2009, com a camisa 17 do Vasco, número preferido do garoto, que nasceu em 17 de abril de 2004. A partir daí, a admiração só aumentou. O pai Alex lembra que o filho até pediu a titularidade do jogador para o ex-técnico Dorival Junior.
- Acho que o Enrico só tem dois ídolos: o pai dele e o meu filhos (risos). No dia das crianças, em 2009, o pessoal abriu o treino para a garotada. Todo mundo foi abraçar o Carlos Alberto, mas ele foi no Enrico. Até pediu para o Dorival escalá-lo na vaga do Carlos Alberto. Surpreso, o treinador morreu de rir- lembrou.
A idolatria ultrapassa a barreira da paixão pelo clube. No ano passado, por exemplo, os pais de Renato tiveram de ir a São Januário para que Renato assistisse o jogo entre Coritiba e Duque de Caxias, pois Enrico estava emprestado ao Coxa.
- Tive de mudar meu horário no trabalho para ir a um jogo do Coritiba. Só ele mesmo - brincou Fátima, mãe de Renato Augusto.
Com apenas seis anos, Renato ainda não acompanho momentos gloriosos do Vasco. Mas, na última rodada da Taça Guanabara, vibrou e até chorou, como se tivesse conquistado um título. O motivo? Enrico entrou em campo e fez dois gols diante do América. Sem querer dar explicações, o garoto simplificou sua idolatria pelo jogador:
- Ele é bom, rápido e toca bem a bola. Tem que ser titular. É melhor do que o Ronaldinho - disse o menino.
Não achamos a camisa 17
Toda vez que Alex e Fátima vão comprar uma camisa do Vasco para Renato é a mesma dor de cabeça: nenhuma loja vendo o número 17, usado por Enrico. O pai do garoto diz que os vendedores acham até graça e alguns nem sabem quem é o jogador.
- Poxa, nas lojas só vende a 6, do Felipe, e a 19, que era do Carlos Alberto, ou a 10, que é padrão. Alguns torcedores nem sabem quem é o camisa 17 (risos). Já rodamos mas não encontramos - explicou Alex.
Mas o problema em breve. No encontro com Renato Augusto, Enrico prometeu que vai dar a camisa de seu próximo jogo de presente para o fã mirim.
A palavra do Pai Alex
\"No começo, parecia só uma simpatia por causa do número que Enrico usava, pois 17 é o dia em que meu filho nasceu. Mas, depois, vimos que era mais do que isso. Ele é fã mesmo do cara. Eu e minha esposa somos vascaínos. Até não acho que o Enrico seja um jogador ruim, mas longe de ser ídolo. Todo mundo fica surpreso com isso tudo. Renato nem sequer costuma assistir os jogos do Vasco. Fica na rua jogando bola com os amigos. Mas, quando o Enrico entra, ele não sai mais da frente da TV. Quando ele vai na Colina, fica ali, sozinho gritando o nome do Enrico. A torcida até acha graça.\"
(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal Lance)