Não há dinheiro que pague a devoção de um colecionador a seu objeto de paixão. É com esta premissa que o carioca Pedro Igor Moreira ergueu um acervo de mais de 800 minicraques, aquelas miniaturas de jogadores de futebol populares em todo o mundo. O torcedor fã de Edmundo diz ter já ter perdido a conta de quanto gastou no passatempo, que inclui um processo de transformação único, intermediado por escultores de Ásia e Europa.
\"Tenho principalmente Edmundo, são nove. Tenho sete \"Robertos\" e quero ter todos os \"Romários\", de todas as fases da carreira. Tenho bastante Ronaldos também, que são mais fáceis de achar\", afirma Pedro Igor, que trabalha em um restaurante no bairro de Vila Isabel.
O carioca conta com um modus operandi bem particular e conseguiu identificar profissionais especializados na Ásia e Europa para personalizar suas miniaturas. Uma artista na Alemanha trabalha em repinturas de uniformes, enquanto que um escultor na Indonésia faz adaptações de rosto, cabelos e corpo, conforme as demandas específicas do brasileiro.
Geralmente o colecionador compra os bonecos em um site de compra e venda na internet, em miniaturas feitas por uma fábrica que já faliu na Inglaterra, ou então com origem de uma nova produtora da China. Todo o processo pode chegar ao preço de 20 euros por unidade.
\"O processo todo demora bastante. Primeiro eu tenho que achar o boneco na internet. Aí mando para eles, Demora uns quatro meses para o boneco chegar na minha mão\", afirma.
\"Troco bastante e-mails com eles (escultores). Eles mandam as fotos de como estão os bonecos, eu corrijo, aumento o nariz, sou bem chato mesmo\", acrescenta.
Nestes moldes, há transformações das mais improváveis. Por exemplo, o ex-jogador uruguaio Gustavo Poyet costuma virar Roberto Dinamite. Já o campeão do mundo Gérson foi criado para a coleção a partir de um boneco do búlgaro Letchkov, destaque da Copa de 1994.
Pedro Igor afirma que conta com o apoio da esposa no investimento nos bonecos e diz que nunca pensou em tentar lucrar com a coleção, seja vendendo modelos ou mesmo exibindo seu acervo.
\"Não vendo por nada, tem o valor sentimental. Muita gente escreve pedido para comprar bonecos, mas eu não vendo. Mas eu recomendo. Não importo em dizer como é que se faz, onde achar\", afirma. \"Mas não tenho interesse em mostrar. Daria muito trabalho, eu tenho meu emprego\", emenda.
Mesmo assim, boa parte do acervo do colecionador de minicraques está disponível para o público em geral virtualmente, através de um blog mantido pelo vascaíno.