"Está na hora do Vasco parar de se gabar por ter um estádio e pensar em dar conforto e segurança aos torcedores". Esse era o tom das reclamações de centenas de torcedores que compareceram ao Estádio de São Januário para assistir a vitória por 5 a 1 sobre o Corinthians-AL. As queixas têm fundamento. O que se viu na noite desta quarta-feira foi uma vergonha, um verdadeiro desrespeito com o torcedor, com as famílias que deixaram as suas casas para torcer pelo time de coração.
Pelo menos duas mil pessoas ficaram do lado de fora do estádio, muitas delas com ingressos na mão. Em uma das entradas, muita confusão, com crianças e mulheres passando mal. A Polícia Militar e seguranças do clube tentavam, sem sucesso, organizar a bagunça. A prova do despreparo do clube para receber o público veio em seguida, quando funcionários orientavam torcedores a passarem por baixo das roletas. Duas mulheres tiveram que ser levantadas no colo para conseguir entrar.
"Isso aqui é uma bagunça. Todo jogo importante é assim, ninguém faz nada e o clube não se prepara sabendo que terá casa cheia. Isso não é novidade para quem frequenta São Januário. Há muitos anos que isso se repete e nada é feito. É um absurdo apenas três roletas para essa multidão", reclamava a publicitária Cristiane Joyce Leal, uma das que entraram "carregadas".
Na confusão, muita gente que estava sem ingresso acabou entrando. O placar de São Januário divulgou um público pagante de pouco mais de 20 mil pessoas, mas dentro do estádio tinham, seguramente, mais de 25 mil presentes. Na última semana, a diretoria cruzmaltina anunciou que pretende disputar os clássicos contra Fluminense e Botafogo, pelo Campeonato Brasileiro, na Colina, mas o que se viu ontem mostra que o clube não está preparado para receber jogos de grande porte.
"Isso aqui é um caos total. Se o Vasco chegar à final não tem como o jogo ser aqui, o que é uma pena. Está na hora do Eurico (Miranda) para de encher a boca para falar que o Vasco é o único clube do Rio que tem estádio e se preocupar com o bem-estar e segurança dos torcedores. Se continuar assim, infelizmente, vou deixar de vir aqui torcer para o Vascão", reclamou Paulo Costa.
Muitos torcedores reclamavam ainda da violência e despreparo de alguns policiais, que segundo eles, bateram em alguns torcedores que aguardavam amigos e parentes depois da roleta.
"Tomei uma porrada no braço só porque estava esperando meu primo. Preciso apanhar por isso? Esses caras são uns animais" disse um torcedor, que preferiu não se identificar.