O jogo às 11h não será uma experiência nova apenas para os jogadores. A torcida também terá de se adaptar ao horário diferente, criar novos hábitos para seguir perto do time do coração.
Na família Cardoso, o ritual de todos os domingos não poderá se repetir. O almoço fora, em um restaurante, a volta para casa por volta das 14h, tempo suficiente para descansar até o jogo, tudo isso será trocado pela torcida antes do meio-dia.
- Não dá para ir a uma praia, para passear no parque com a família. Mas não podemos perder o jogo. Vamos almoçar só depois de ver o Vasco - afirmou Fátima Cardoso, dona de casa.
Como a família de Niterói, outras tantas terão de escolher entre assistir ao jogo do Cruz-maltino ou cumprir com a programação tradicionalmente dominical. Há igrejas, por exemplo, nas quais algumas missas ou cultos do dia começam às 10h e que deverão se estender até o início da partida.
Para os Cardoso, a religião é regida pela cruz-de-malta. Casados há 17 anos, Fátima e Paulo Sérgio, de 66 anos, advogado, criaram a filha sem que houvesse outra opção que não fosse ser vascaína. O namorado, ao menos, Alexia Cardoso teve a chance de escolher sem que o time favorito fosse levado em consideração. Lucas Oliveira da Silva, 20 anos, estudante, é torcedor do Flamengo, mas perdeu uma aposta e teve de posar com a camisa do Vasco.
- Eu gosto desse time do Vasco, o Guiñazu joga demais. Mas vários amigos meus vão me zoar por estar parecendo no jornal com essa camisa - admitiu.
Ao menos o jogo será fora de casa. Se fosse em São Januário, a mudança na rotina seria ainda mais radical. A família Cardoso precisa atravessar a Baía de Guanabara para ir a São Januário. Chega ao estádio sempre com duas horas de antecedência, e para isso, sai de casa uma hora antes do horário planejado. Se a partida contra o Figueirense fosse na Colina, Paulo Sérgio teria de sair de casa às 8h para chegar ao estádio às 9h. Aquela horinha a mais na cama iria para o espaço.
- Eu acho que o jogo vai acontecer em um horário impróprio. Mexe com a rotina do elenco - disse.